Comissão terá como finalidade acompanhar conflitos internos e promover institucionalmente ações de prevenção e combate a qualquer forma de opressão de sexualidade, gênero, etnia, religiosa, entre outras ações
Estudantes realizaram um 'saiaço' contra o preconceito, exigindo políticas públicas no Campus da universidade no início do mês
Mas para os militantes, a data não é de comemoração, mas sim de denúncia. Somente em Minas Gerais, em 2015, a Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac) contabilizou 1.987 denúncias de violações ocorridas em razão de o cidadão pertencer a população LGBT e 26 mortes motivadas pela LGBTfobia.
No Brasil, de acordo com o relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia, 319 pessoas assassinadas em 2015 por esse mesmo motivo.
Diante desse quadro, será realizada nesta quarta-feira, 25, uma roda de conversa com a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Lavras (UFLA) com o objetivo de debater a promoção de ações de combate a essas opressões no âmbito da instituição e, também, discutir sobre a criação da Comissão de Direitos Humanos da universidade.
A Comissão terá como finalidade acompanhar conflitos internos e promover institucionalmente ações de prevenção e combate a qualquer forma de opressão de sexualidade, gênero, etnia, religiosa, entre outras ações.
O evento ocorrerá às 15h30, na Sala de Reuniões do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e contará com a contribuição da professora Cláudia Maria Ribeiro do Departamento de Educação (DED) da universidade, do Coletivo de Negritude Dandara-Zumbi, do Grupo de Estudos FESEX, do Setor de Diversidade do Levante Popular da Juventude e do Coletivo Mulheres da UFLA.
Homofobia
No dia 4 de maio, um ato praticado pelos vigilantes terceirizados da Universidade Federal de Lavras (UFLA) provocou uma grande mobilização de estudantes durante quase todo o dia de ontem, quinta-feira, 5.
Na quarta-feira, um estudante que estava de saia foi barrado pelos vigilantes e impedido de entrar no Campus. De acordo com o universitário, ele chegou a ser abordado também por policiais militares, que acharam que era um trote.
Após tomarem conhecimento do ato preconceituoso sofrido pelo colega, a reação foi imediata. Ainda na quarta-feira, estudantes da UFLA marcaram um ato denominada "Saiato" nas redes sociais e na manhã do dia 5, fizeram uma manifestação e ocuparam a Portaria da instituição.
Contra o preconceito, vestindo saias e com cartazes, eles pararam o trânsito na entrada da universidade e questionaram a ação dos vigilantes que barraram o aluno e também da PM.
Em seguida os manifestantes se deslocaram para o Campus Universitário e na parte da tarde, seguiram para a Reitoria da universidade, onde ocuparam pacificamente o hall de entrada e exigiram que os dirigentes da instituição viessem se reunir com o grupo.
Em entrevista a EPTV Sul de Minas, no dia da manifestação, o reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo disse que a universidade iria trabalhar para que as pessoas que tenham como opção se vestir desta forma pudessem ser cadastradas.
"Vamos trabalhar um cadastro para que as pessoas que têm essa opção, elas se cadastrem e os vigilantes vão saber então que essas pessoas têm essa forma de se vestir como opção. Aí nós vamos conseguir cumprir a nossa norma do conselho universitário de proteger os estudantes, as famílias, quanto ao trote e ao mesmo tempo respeitar as diversidades que existem dentro da nossa instituição", disse o reitor a equipe de televisão.
O dirigente da instituição ainda falou sobre a conduta do vigilante. "A pessoa veio fora de um padrão considerado por ele razoável observando as normas e portanto ele de uma forma extremamente cortês considerou que aquilo ali não era uma vestimenta adequada", disse o reitor José Roberto Scolforo.
O anúncio da criação de um cadastro e fala do reitor gerou uma grande polêmica e revoltou os manifestantes e as lideranças sociais.
Para os estudantes e funcionários da instituição, criar um banco de dados com as roupas dos estudantes poderia despertar ainda mais preconceito.
Diante da repercussão nacional do fato, a Universidade Federal de Lavras divulgou uma nota na última sexta-feira, 6, por meio de nota afirmando que o cadastro sugerido pelo reitor José Roberto Scolforo para evitar casos como o do aluno que foi barrado ao entrar de saia na universidade, não vai mais acontecer.
O Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativos (SindUFLA) também se posicionou sobre o anúncio feito pelo reitor e destacou que a universidade tem que incentivar o respeito às diferenças. O reitor negou que o fato ocorrido com o estudante fosse um caso de homofobia.
17 de maio
Em 17 de maio de 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID).
Até aquele momento, a homossexualidade era considerada pelo organismo internacional “distúrbio mental, vício, doença, patologia” e classificada pelo termo “homossexualismo”.
Por isso, em todo o mundo a data passou a ser um marco na luta pelos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis. No entanto, a conquista está incompleta, pois a transexualidade ainda é tida pela OMS como “disforia, transtorno mental, distúrbio de gênero” na CID.
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