Evento antecede a realização do Festival Mundial de Artes Negras, que será realizado no Brasil
Minas Gerais já se prepara para receber o Festival Mundial de Artes Negras. Nesta quinta-feira, 9, teve início o Seminário Mundial de Artes e Culturas Negras, evento que antecipa a vinda do Festival para solo brasileiro.
Realizado em Belo Horizonte, o Seminário conta a participação de cerca de 200 pessoas, entre educadores, artistas, pesquisadores, representantes de movimentos sociais e sociedade civil.
Até hoje, sexta-feira, 10, serão realizadas quatro mesas de debates que contarão com a presença de palestrantes da Costa Rica, Congo, Angola, Venezuela, Haiti, Nigéria, EUA, além de brasileiros que debatem temas referentes aos movimentos sociais negros, economia e sustentabilidade.
O seminário tem por objetivo identificar desafios e possibilidades para estabelecer espaços de diálogo e de intercâmbio de experiências entre povos, movimentos sociais na Diáspora e na África e, assim, tecer redes de solidariedade efetiva entre a África, Brasil, América Latina, o Caribe, Europa, Ásia e os Estados Unidos.
Durante a abertura do seminário, a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, pontuou o papel e a importância dos participantes para a realização efetiva do Festival Mundial de Artes Negras.
“Esse evento nos compromete a pensar e a agir para que façamos de fato o Festival no estado de Minas Gerais. É pausa para respirar e apurar nossos conceitos e ganharmos energia para a luta que teremos que empreender para que ele se faça verdadeiro”.
O Cônsul Honorário da Nigéria em Minas Gerais e Coordenador do Instituto de Arte e Cultura Yorubá, Michael Olsegun Akinruli, destacou que “os governos africanos sempre procuram meios alternativos para resolver seus problemas internos e esse meio alternativo é a diáspora. Vários governos africanos têm procurado formas de fortalecer a participação da diáspora dentro dos seus países. Esse seminário veio realmente para provocar e mostrar para o governo africano que a diáspora está pronta para fazer essa interação”.
Diáspora Africana é a denominação dada a um fenômeno sociocultural e histórico ocorrido nos países africanos, caracterizado pela imigração forçada da população africana a países que adotavam a mão de obra escrava.
Já o integrante do Comitê Curador do Seminário Mundial das Artes e Cultura Negra e da Coordenação Nacional das Entidades Negras - Brasil (CONEN), Marcos Cardoso, ressaltou o que espera que seja o legado do Festival que será realizado em 2017.
“Que o Festival Mundial de Artes Negras, no âmbito da década dos povos afrodescendentes, possa fazer emergir diretrizes para a produção e a difusão de uma contemporânea história dos povos africanos em todo mundo. É preciso construir uma rede de instituições de ensino e pesquisa com foco na divulgação do conhecimento de modo a possibilitar um sistema permanentemente de intercâmbio”.
A escolha do Brasil para sediar o Seminário se baliza por números expressivos: o país tem a maior população afrodescendente fora do continente africano. Inspirada em festivais semelhantes realizados anteriormente no Senegal, em 1966 e 2010, e na Nigéria, em 1977, essa proposta busca trazer para o ambiente das artes, da cultura e da ciência os grandes temas atuais dos africanos e dos afrodescendentes, os quais, consequentemente, foram disseminados para todos os povos.
Conferência Magna
A conferência magna do Seminário foi proferida pela ex-ministra–chefe de Estado de Ministério das Mulheres da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes, que afirmou que o Festival será um importante momento para compartilhar experiências.
“Será um grande momento para que a gente possa compartilhar e conhecer o que ao longo deste tempo todos temos produzido sobre arte e culturas negras. Além disso, iremos dar visibilidade a tudo que temos construído não somente para nós, mas para o Brasil e para os diferentes países que participarão deste Festival”, concluiu.
Também participou da conferência professora doutora pela Universidade Eduardo Mondlane, Sandra Manuel.
O evento é organizado pelo Governo de Minas, por meio das Secretarias de Educação, de Cultura, e de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, e da Assessoria de Relações Internacionais, em parceria com o Comitê Curador do Seminário Mundial das Artes e Cultura Negra.
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