terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

PARCERIA ENTRE UFLA E UNIVERSIDADES DESENVOLVE SETE PATENTES DE TESTE DA COVID-19

Da esq. para dir: secretário adjunto de Estado de Saúde Marcelo Cabral Tavares; professora Joziana Muniz de Paiva Barçante e o reitor da UFLA professor João Chrysostomo de Resende Júnior

Até o momento, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) já apresentou sete patentes para enfrentar a pandemia de Covid-19. Com as duas primeiras tecnologias, pesquisadores desenvolveram um teste rápido para detecção de anticorpos contra o Sars-CoV-2, que já foram depositadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e serão doadas para o Sistema Único de Saúde (SUS). 

Agora, outras cinco estão em fase de documentação para registro e aprovação: são testes com o objetivo de identificar anticorpos neutralizantes em pessoas vacinadas para avaliar a eficácia da resposta imunológica causada pelas vacinas.

Dois laboratórios já negociam a produção dos dois primeiros testes rápidos, que têm o baixo preço como uma das vantagens em relação aos outros que estão disponíveis no mercado. Enquanto o teste desenvolvido, a partir da parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sai a R$ 5 por paciente, o preço médio dos testes atuais é de R$ 100. 

A professora do Departamento de Ciências da Saúde (DSA) e coordenadora do LabCovid, Joziana Muniz de Paiva Barçante, explica que esses dois testes verificam a presença de anticorpos, tanto em paciente que está infectado quanto em quem já teve Covid-19. 

“Os dois testes conseguem fazer essa diferenciação importante, utilizando frações do vírus sintéticas para detectar anticorpos e funcionam como antígeno para verificar a resposta sorológica do indivíduo”, esclarece. 


A expectativa é que os testes sejam produzidos em breve e encaminhados para o SUS. O desenvolvimento do projeto começou com uma pesquisa do professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG Rodolfo Giunchetti [foto], em parceria com o professor Alexsandro Galdino da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), quando surgiram os primeiros casos de infecção por coronavírus no Brasil e faltavam testes no mercado por causa da alta demanda mundial por eles. 

Na época, a UFLA adquiriu diversos importados essenciais na produção dos testes rápidos. Atualmente, resultados imprecisos continuam sendo o grande problema na testagem de sintomáticos e assintomáticos do coronavírus. Um problema que os testes rápidos da UFLA procuram superar.

Anticorpos neutralizantes
A vacinação contra o Sars-CoV-2 no Brasil trouxe esperança para muita gente. Porém, pesquisadores acenderam um sinal de alerta sobre a resposta imune induzida a partir do antígeno inoculado com a vacina – o vírus morto que, ao ser introduzido no corpo humano, faz com que o sistema imune produza anticorpos.

“Nem todo tipo de anticorpo é protetor. O que se espera da vacina é que a pessoa passe por conversão sorológica, quando estimula a produção de anticorpos. Contudo, ainda assim, o indivíduo vacinado pode não ter o anticorpo protetor capaz de bloquear a ação do vírus no organismo, como é chamado o anticorpo neutralizante”, informa a professora do Departamento de Ciências da Saúde da UFLA e coordenadora do LabCovid, Joziana Muniz de Paiva Barçante.

A fim de identificar se a pessoa vacinada está realmente protegida, pesquisadores da UFLA investem esforços na busca de novos testes que detectem anticorpos neutralizantes. “Entramos na fase de melhorar os testes com a seleção de frações do vírus sintéticas mais indicadas para identificar o indivíduo que respondeu à vacina e quem não respondeu e está infectado”, informa. A chave para isso pode estar em cinco fragmentos de diferentes vírus, com capacidade de permitir avaliar a mudança do perfil sorológico do paciente.


Com as patentes dos novos testes aprovados, pesquisadores do Núcleo de Estudos em Pesquisas Clínicas (NUPEC|UFLA), coordenado pelo médico José Cherem [foto], coletarão o sangue de profissionais da saúde vacinados no município de Lavras, depois da segunda dose da vacina. A intenção é testar a amostragem com esses novos peptídeos selecionados para avaliar a produção de anticorpos neutralizantes contra o coronavírus. 

“Também conseguiremos analisar a duração deles, porque ainda não sabemos se a vacina garante resposta protetora prolongada. Estudos recentes e ainda primários na UFLA, com professores e servidores que tiveram Covid-19, apontaram que pessoas que se infectaram há mais tempo e tiveram infecção leve não têm resposta imune muito duradoura depois de seis meses”, pontua Joziana Muniz de Paiva Barçante.

O professor do DSA Thales Augusto Barçante alerta para a possibilidade da vacinação anual do coronavírus, a exemplo da vacina para a gripe. Também já foram identificadas, no mundo todo, várias novas variantes do coronavírus em circulação, o que impõe a necessidade de reformulação das vacinas para ampliar a resposta imunológica. Outra frente de trabalho da UFLA é com o mapeamento de, pelo menos, 48 variantes genéticos diferentes do coronavírus.

*Reportagem: Pollyanna Dias, jornalista - bolsista da Comunicação UFLA

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