
Cem anos após o seu nascimento, o ex-presidente Tancredo Neves é ainda hoje um símbolo nacional de liberdade. Primeiro presidente civil eleito depois do golpe que deu origem a ditadura militar (1964 -1985), ele não chegou a assumir a Presidência. Na véspera, foi internado no Hospital de Base, em Brasília, com fortes dores abdominais. Faleceu, depois de ter sido submetido a sete cirurgias, dando mais uma vez, um exemplo de luta e de fidelidade ao povo que tanto defendeu. Sua carreira política, no entanto, sempre foi permeada pela defesa dos princípios fundamentais de liberdade. Advogado, ele atuou também como repórter e revisor do Estado de Minas. Filiou-se ao Partido Progressista em 1933, foi vereador, presidiu a Câmara de São João del Rei. Foi primeiro ministro do presidente João Goulart, o Jango. Foi deputado Federal pelo MDB. Fundou o PP, mas voltou ao PMDB, o maior partido da oposição.
A luta pela volta da democracia foi marcada pelo esforço de Tancredo Neves que participou de todos os movimentos oposicionistas. Do lado de nomes como o de Ulisses Guimarães, o ex-presidente foi um dos principais articuladores do Movimento Diretas-Já que levou milhares de brasileiros às ruas e garantiu o retorno da democracia, culminando com o fim das eleições indiretas. Amante das tradições mineiras, Tancredo é visto, em todo o país, como o exemplo do político que tem como sua principal característica a vocação pelo bom-senso, diálogo e pela conciliação. Seus ideais podem ser resumidos por frases que se tornaram marca, não só de suas ações, mas dos ideais de todos que viveram 21 anos sob o julgo de um tempo que ficou conhecido como "anos de chumbo".
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