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Ândria Valéria Andries Pinto é quem comanda a penitenciária em Juiz de Fora e apostou nos detentos |
O cenário é inusitado. Agulhas em punho, novelo de lã ao lado e tem início uma produção de peças de tricô e crochê atípica: os artesãos, além de serem todos homens, são detentos da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, localizada em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira. O trabalho dá tão certo, que as peças já ganharam o mundo e são vendidas no showroom em São Paulo, feiras em Paris e Tóquio e 70 lojas multimarcas no Brasil. Além disso, a cantora Daniela Mercury vai usar uma peça no Carnaval de Salvador e, recentemente, a apresentadora da TV Globo, Angélica, apareceu em um programa com um dos modelos.
Os detentos, normalmente 12, se dedicam oito horas por dia à produção. Em alguns períodos, o número de artesãos pode chegar a 35. A marca, Doisélles, foi criada pela empresária mineira Raquell Guimarães, que teve a ideia de buscar mão de obra na prisão, já que não conseguia no mercado. “Normalmente, quem realiza esse tipo de trabalho são pessoas mais idosas, senhoras, que não conseguiam se dedicar como precisávamos. Então pensei nessa parceria, mas imaginei mulheres. Quem sugeriu que fossem os homens foi a diretora do presídio”, conta a empresária.
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As peças são vendidas no showroom em São Paulo, feiras em Paris e Tóquio e 70 lojas pelo Brasil |
Ândria Valéria Andries Pinto é quem comanda a penitenciária e apostou nos detentos. “Falei com ela que em dez dias a gente ia conseguir provar que eram capazes. E deu tão certo que eles até já criaram um modelo”, revela. Os detentos realizam o trabalho desde 2009, quando foram capacitados e aprenderam o ofício. Célio Tavares de Souza foi um deles. Hoje no regime semi-aberto, ele foi contratado pela Doisélles. Trabalha na sede da empresa como auxiliar de produção e acredita que a oportunidade dada dentro da penitenciária foi fundamental. “Levantou minha auto-estima saber que a gente pode ser capaz de se reintegrar à sociedade. Essa é uma oportunidade muito importante para os recuperandos da unidade”, afirma.
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Daniela Mercury vai usar uma peça no Carnaval de Salvador e, recentemente, a apresentadora da TV Globo, Angélica, apareceu em um programa com um dos modelos. |
Daniela Mercury
A cantora baiana Daniela Mercury vai usar no Carnaval em Salvador, na Bahia, um modelo produzido pelos detentos. Ela é embaixadora da Unicef e procurou o projeto após ficar sabendo do trabalho. Segundo a diretora-geral da penitenciária, Ândria Valéria Andries, “uma empresária da Daniela veio aqui e buscou uma roupa para ela ver. A cantora gostou muito e abraçou a causa”.
A cantora baiana Daniela Mercury vai usar no Carnaval em Salvador, na Bahia, um modelo produzido pelos detentos. Ela é embaixadora da Unicef e procurou o projeto após ficar sabendo do trabalho. Segundo a diretora-geral da penitenciária, Ândria Valéria Andries, “uma empresária da Daniela veio aqui e buscou uma roupa para ela ver. A cantora gostou muito e abraçou a causa”.
Para o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada (PSDB), oportunidades como essa reforçam o compromisso do Estado com a ressocialização dos presos. “O trabalho e o estudo são pilares importantes na busca por reinserir os detentos na sociedade, por isso o Governo de Minas tem investido bastante nessa área. Interessante destacar que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, os presos podem fazer trabalhos bastante qualificados, como este que vem sendo desenvolvido em Juiz de Fora”, ressalta.
Trabalho
Além dos 12 presos que confeccionam as roupas, outros 370 detentos da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires também trabalham enquanto cumprem pena. O número representa cerca de 80% dos presos da unidade empregados em alguma atividade.
com assessoria
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