Imagine um aparelho ligado à internet que permite ao usuário monitorar o seu consumo de energia e água. Agora imagine um outro sistema, que reaproveita uma energia que diariamente é desperdiçada. Pois então pare de imaginar, pois ambas as situações estão a um passo de se tornarem realidade, graças ao trabalho da empresa S.O. ESCO, de Itajubá, no Sul de Minas.
Nascida na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (Incit), com apoio da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), a S.O. ESCO desenvolve soluções em conservação de energia e água. Em ambos os projetos, a empresa contou com a chancela do programa Sebraetec.
O monitoramento dos gastos de água ou energia ocorre através de um soft que permite retirar dados dos medidores e jogá-los na internet. Dessa forma, o consumidor poderá acompanhar, passo a passo, o seu consumo e estabelecer metas. “Numa fábrica de calçados, por exemplo, será possível medir o quanto se gasta em cada par e, desse modo, definir indicadores que permitam melhorar a gestão do uso de energia e água”, explica o engenheiro eletricista Renato Swerts, um dos sócios-proprietários da S.O. Esco.
Configurado como uma plataforma que faz a ligação entre a concessionária e o usuário, o produto é fruto de estudos e pesquisas de Swerts e sua equipe desde o final do ano passado. Trata-se de um projeto pioneiro que deverá ser lançado ainda neste ano, mas que já funciona por meio de um protótipo no próprio prédio da Incit. Entre outras vantagens, como a indicação das curvas de consumo, o sistema também pode evitar multas no caso de consumo em excesso.
E mais: podem ser instalados vários pontos nas instalações da clientela, que pode ser uma indústria, hospital, shopping, residência ou prédios públicos. Swerts calcula que, hoje, o preço seria de R$600 por ponto. “A tendência,contudo, é de que esse valor vá diminuindo à medida que a tecnologia for se aprimorando”, ressalta.
O outro projeto prestes a sair do forno de ideias da S.O. Esco explora uma questão aparentemente simples, mas nunca antes tentada: a reutilização de energia em sistema de abastecimento de água. “Aqui em Minas, por exemplo, a rede da Copasa carrega um potencial hidrelétrico que não é utilizado. Então, o que fizemos? Mapeamos o potencial desta rede e aplicamos um grupo gerador de energia de baixo custo para recuperar o que é desperdiçado”, informa o engenheiro. Grosso modo, pode-se dizer que a S.O. Esco cria micro hidrelétricas, movidas por geradores não convencionais.
A tecnologia para geração hidrelétrica de baixo custo é objeto de estudo do professor Augusto Nelson Viana, da Unifei, que utiliza bombas que funcionam como turbina e motores operando como geradores. Atualmente existem duas microcentrais hidrelétricas em operação com tal tecnologia - em uma fazenda no município mineiro de Delfim Moreira e outra na Ilha Anchieta, em Ubatuba, no interior de São Paulo, locais onde não há energia elétrica.
Este novo projeto da empresa de Itajubá foi tema da dissertação de mestrado de Gustavo Meirelles, outro sócio, que acabou premiado com o primeiro lugar no “Prêmio Jovem Cientista” (do CNPq em parceria com a Fundação Roberto Marinho, Gerdau e GE).
“A inovação deste projeto se destaca na aplicação pioneira em redes de distribuição de água e também na tecnologia utilizada”, revela. “Assinamos um convênio de cooperação técnica com a Copasa para avaliar alguns potenciais e esperamos que, em breve, implantemos um projeto piloto”, completa Swerts. O projeto vai de encontro à Resolução 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que “estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração distribuída aos sistemas de distribuição” e regulamenta autoprodução de energia de pequeno porte.
por William Monteiro - da Agência Sebrae de Notícias
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