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CERCA DE 35 ANOS DEPOIS, CASARÃO DA PRAÇA DA CATEDRAL GANHA NOVO ABRAÇO

Casa de capitão, grupo escolar, convento e museu histórico. O sobrado mais antigo de Divinópolis, no Centro-Oeste do Estado, construído na primeira metade do século XIX e que já abrigou estas instituições, é símbolo de luta, cultura e memória da cidade. 

Localizado na praça Dom Cristiano, conhecida como praça da Catedral, no Centro de Divinópolis, o casarão está interditado há cerca de um ano pela Defesa Civil.


No início da década de 1980, parte da estrutura do casarão foi demolida. Na época, alguns grupos da cidade se mobilizaram em prol do tombamento do imóvel e do seu uso como casa da cultura. Para isso, realizaram-se vigílias em favor da sua conservação. Um momento significante dessa ação foi o abraço ao prédio. 

De mãos dadas, os populares criaram um cordão humano em volta do imóvel, abraçando o sobrado em sinal de cuidado, sensibilização e apreço pela sua história. Em 1986, o casarão passou a abrigar o Museu Histórico de Divinópolis. 

Dois anos depois, o prédio se tornou o primeiro patrimônio tombado da cidade. Depois dele, outras construções também foram tombadas.


Cerca de 35 anos depois, a população voltou a abraçar o casarão, durante a atividade “Nosso sobrado, nosso passado”, realizada na manhã do último dia 20 de maio. 

O evento integrou a programação da 16ª Semana de Museus, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e realizada pelo Centro de Memória Professora Batistina Corgozinho (Cemud), da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Unidade Divinópolis, e pelo EmRedes – Portal da Memória do Centro-Oeste Mineiro. 

Durante a atividade, os presentes na região da praça foram convidados a participarem de uma roda de conversa sobre a memória e a importância do casarão para a história de Divinópolis.


“A Semana de Museus é um momento importante de ação cultural, de movimentação cultural. É um momento educativo, com exposições e oficinas, de mobilização da sociedade para alguns temas. E, enquanto Centro de Memória, e enquanto cidadãos também, nós acreditamos na importância da preservação da memória e da história. Pra gente não ver esse sobrado abandonado, passando novamente por uma situação tão complexa de fechamento, de risco de desabamento, nós pensamos em retomar essa mobilização e, enquanto Universidade, enquanto Centro de Memória, mobilizar e chamar a atenção da população, da sociedade e do poder público para a preservação do sobrado”, comentou a coordenadora do Cemud, professora Flávia Lemos.

Durante a roda de conversa, populares, artistas e algumas pessoas que participaram da mobilização nos anos 1980 debateram sobre as lutas representadas pelo sobrado, tanto por ser o primeiro patrimônio tombado da cidade e, por isso, despertar o interesse de tombamento de outros bens materiais, quanto por ser o prédio mais antigo da cidade. 

O historiador Welber Skaull, ex-diretor do Museu Histórico de Divinópolis, também participou da conversa e falou um pouco sobre a atividade: “Essa iniciativa é maravilhosa. Dá uma energia para os artistas e para cidade tomarem frente, abraçar o casarão e não deixá-lo cair”.


Ao final da roda de conversa, os participantes deram as mãos, e, aos poucos, o sobrado foi novamente abraçado, como forma de expressar a estima pela memória e história da construção. 

“Eu acho que esse é um momento histórico para Divinópolis. Mais uma vez, como a gente aprendeu, a história está se repetindo, e, mais uma vez também, a gente vê uma Universidade como a UEMG, preocupada com a questão do museu, e a gente também fica frustrado de ver uma praça com algumas dezenas de pessoas e poucas mobilizadas para essa situação tão séria que Divinópolis está vivendo, de preservação de seu patrimônio material”, finalizou a jornalista Ana Paula da Silva.

Em nota, a Diretoria de Comunicação da Prefeitura de Divinópolis explicou que a interdição do casarão aconteceu após análise detalhada por parte de engenheiros e técnicos da própria Prefeitura, que indicou problemas na estrutura do local. Ainda segundo a nota, a Prefeitura de Divinópolis está realizando um projeto para custo básico da restauração do sobrado. 

O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) concedeu ao município dois anos para o início das obras de restauração, contando a partir de 2018. 

Por fim, a Diretoria informou que o Museu Histórico, com todo o acervo, está aberto à visitação pela população de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h30, na avenida 7 de Setembro, 1.148, Centro.

da assessoria da UEMG

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