Pular para o conteúdo principal

PARA 75% DOS BRASILEIROS, UNIVERSIDADES FORMAM CIDADÃOS MAIS CONSCIENTES

A vice-reitora da UFJF, professora Girlene Alves, acredita que o sistema de cotas mudou para melhor a dinâmica das universidades públicas brasileiras

“As universidades públicas brasileiras (federais, estaduais ou municipais) servem para a formação de cidadãos mais conscientes”. É nisso que 75% dos brasileiros acredita, segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Ideia Big Data, com 2.168 pessoas, dentro de uma amostra para representar o perfil da população total. 

A pesquisa de opinião pública sobre as universidades públicas apresentou um questionário com perguntas abertas e fechadas a mulheres e homens de todo o país, entre 26 de abril e 1º de maio deste ano.

A investigação também mostrou que apenas 8% dos brasileiros têm ou já tiveram vínculo direto com uma universidade pública, sendo como aluno, professor ou usuário de algum serviço prestado por ela. Segundo a vice-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Girlene Alves da Silva, o dado reflete a desigualdade histórica experimentada pelo país, e o insucesso do Estado na tentativa de horizontalização do ensino público.

“Isso mostra a desigualdade neste país, quando se focaliza a educação como um direito do cidadão, e também que o Estado brasileiro não foi capaz – com sua política educacional – de instituir um processo que garantisse a formação, que possibilitasse ao cidadão entrar na universidade pública. Se o cidadão não faz toda a sua cadeia de formação, ele não vai chegar no ensino superior e a universidade pública não garante vaga para todo mundo. Isso nos obriga – a quem milita no campo da educação pública – a continuar na defesa intransigente da educação superior pública neste país.”

Universidades não são apenas para os ricos
Por outro lado, a pesquisa indica que não há uma percepção geral de que a educação superior pública é acessível somente aos mais ricos. Das pessoas entrevistadas, 61,6% discordam da afirmação de que “o acesso às universidades públicas continua restrito aos ricos”. 

Ainda sobre a questão de entrada, 90% percebe que “o acesso às universidades públicas deveria ter ampliação do número de vagas”.

Para Girlene, alguns instrumentos governamentais, como o programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), contribuíram para essa mudança de paradigma na conceituação das universidades públicas como espaços de inserção das classes financeiramente menos favorecidas. 

“Na última década, dobramos o número de vagas nas universidades. Hoje, temos mais de um milhão e duzentos mil alunos nas instituições públicas. Outro dado é muito significativo: dois terços dos nossos estudantes vivem com renda per capta de um salário mínimo e meio. Precisamos avançar, porque temos o desafio de não só ampliar, mas de manter uma Universidade com qualidade, assegurando ao estudante a permanência, fazendo seu curso com a qualidade que ele desejou e sonhou”, argumenta.

Acesso e cotas
O sistema de cotas e a utilidade do diploma também foram temas da pesquisa. Quando questionados, 65% dos participantes concordaram que o acesso às universidades foi ampliado com a política de cotas e 70% entende que esse sistema não prejudica a qualidade de ensino. Em relação a afirmação de que “com a crise econômica atual, o diploma universitário não faz mais diferença”, apenas 28,1% dos entrevistados concordaram. 

A vice-reitora da UFJF acredita que o sistema de cotas mudou para melhor a dinâmica das universidades públicas brasileiras. 

“Mudar no sentido de diminuir inequidades, de reduzir desigualdades. Isso está claro, mas a gente precisa pensar uma política de cotas articulada com o financiamento, que possibilite a permanência do estudante na instituição. Não adianta você só pensar uma política de cotas, mas que não tem infraestrutura, material, espaço físico e de custeio para que nosso aluno permaneça.”

Ambiente plural
Sobre a afirmação de que as universidades públicas são ambientes plurais que permitem a manifestação e o diálogo de diferentes grupos e ideologias, 45% concorda parcialmente, 30% concorda totalmente e 13% discorda; os outros 12% não sabem ou são indiferentes. 

Nessa direção, 59% entende que “as universidades públicas devem permanecer gratuitas, laicas e garantindo a liberdade de pensamento”. 

“Também é preciso avançar em questões como gênero e pensar formas de combater o preconceito e os diversos tipos de discriminação”, finaliza a vice-reitora.

Os dados completos da pesquisa foram apresentados no Seminário da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e podem ser acessados aqui.

com assessoria da UFJF

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RECURSOS DE ACORDO FIRMADO ENTRE MP E A GERDAU IRÃO GARANTIR RESTAURAÇÃO DA ROTUNDA

Em cumprimento a Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Gerdau realizou a transferência de R$ 2.948.500,00 para a restauração da rotunda ferroviária de Ribeirão Vermelho, importante patrimônio histórico tombado pelo Estado. A iniciativa, projeto "Preservar para conhecer, conhecer para preservar - narrar, restaurar e recriar a Rotunda Ferroviária de Ribeirão Vermelho", visa à restauração da rotunda ferroviária e a promoção de atividades de engajamento comunitário e educação patrimonial em Ribeirão Vermelho. Será executada pela Associação Arquitetas Sem Fronteiras (ASF Brasil), e as obras começam em 15 de setembro, com previsão de conclusão em 14 meses. Patrimônio centenário A rotunda ferroviária é uma edificação circular de 75 metros de diâmetro, construída entre 1895 e 1897. Com materiais nobres importados da Escócia e da França, serviu como principal instalação de manutenção da Estrada Férrea Oeste de Minas, e continu...

PREFEITOS DO SUL DE MINAS ASSINAM ACORDO INÉDITO PARA CRIAÇÃO DE SISTEMA REGIONAL DE INOVAÇÃO

Encontro promovido pelo Sebrae Minas e Governo do Estado reúne seis municípios e cerca de 150 lideranças regionais para formalizar a cooperação intermunicipal e instituir comitê integrado de inovação Com o apoio do Sebrae Minas e do Governo do Estado, os prefeitos de Varginha, Lavras, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Poços de Caldas e Pouso Alegre assinam, no dia 4 de setembro, em Pouso Alegre, o acordo de cooperação intermunicipal para a criação do Sistema Regional de Inovação (SRI) do Sul de Minas. Inédita no estado, a iniciativa inaugura uma agenda conjunta entre os municípios para o fomento à inovação e o fortalecimento do desenvolvimento econômico sustentável na região. O SRI é resultado de uma articulação iniciada em 2024 pelo Sebrae Minas e pelo Governo do Estado, com o propósito de integrar representantes do poder público, setor privado, instituições de Ensino Superior e sociedade civil. Além da assinatura do acordo, o encontro marcará a constituição do primeiro comitê govername...

REGIÃO SUL DE MINAS REGISTROU 14.315 ADMISSÕES EM JULHO, SEGUNDO DADOS DO CAGED

No período, Brasil registrou 2,2 milhões de admissões, sendo 82,6 mil contratações temporárias A região do Sul de Minas registrou 14.315 admissões no mês de julho, de acordo com os dados divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O número de demissões foi de 14.794 no período. Do total de contratados, 56,02% eram homens e 43,98% eram mulheres. Sobre a escolaridade, os dados mostram que 66,34% dos admitidos tinham ensino médio completo, 8,77% ensino médio incompleto e 7,64% superior completo Em relação à faixa etária, o Caged aponta que 27,75% do total de pessoas tinham idades entre 18 e 24 anos, 24,41% entre 30 e 39 anos e 17,32% entre 40 e 49 anos. No período, o setor que mais contratou na região foi Serviços (41,01%), seguido pelo Comércio (26,81%) e Indústria (20,82%). Em todo o Brasil, foram 2.251.440 admissões, 2.121.665 desligamentos e saldo positivo de 129.775 empregos formais. O setor que mais contrato...