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MARCAS DE SANGUE NAS CURVAS DA SERRA DA PIEDADE


Reportagem Especial – Produção e Texto: Sebastião Filho

O dia começa cedo na casa da família Andrade. Dona Ana Maria prepara o café. Os três filhos, Carlos, de 15 anos; Luís, de 20 e André, de 25, residem com a mãe em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Uma família humilde e que carrega uma grande perda em suas vidas. Dona Ana, de olhar parado, mulher de fibra, perdeu o marido a 2 anos em um grave acidente na BR-381, próximo ao trevo de Caeté. Os dois filhos mais velhos trabalham e estudam na capital. Passam pela "rodovia da morte" todos os dias. Após o café da manha, Luís e André se despedem da mãe e percorrem a rua de sua casa até chegarem ao ponto de ônibus. Vai começar mais um dia na rotina da família.


Ana Maria, aflita, pega o terço e ajoelha aos pés de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais e que cuja serra, na Grande BH, leva seu nome. Nossa equipe segue o trajeto dos irmãos Andrade. André, o mais velho, entre os sacolejos e a pressa do coletivo metropolitano, tenta ler um livro, hoje é dia de apresentar trabalho na faculdade de Direito. Luís aproveita o canto do banco para recuperar uma parte do sono perdido.

Saímos de Caeté. Estamos na Rodovia BR-381. O movimento é intenso. Logo vemos a Serra da Piedade, imponente, poderosa, sombria. As marcas dos acidentes vão aparecendo conforme passam os quilômetros. Cruzes com os nomes das vítimas afixadas nos barrancos. No asfalto as marcas de derrapagens. Sinais de tragédia. Sob uma Serra, de nome Piedade, "somente pedindo a interseção da santa", indaga uma passageira. Logo apanho conversa com ela. Marília, de 56 anos, com um filho ainda de colo, é esposa de caminhoneiro. Reside em Santa Luzia, na RMBH, e foi visitar a irmã que mora na Zona Rural de Caeté. O traçado apertado, de curvas sinuosas em meio a uma exuberante natureza. Do alto enxergamos imponente a Grande Belo Horizonte. Já aproximamos do trevo de Sabará. Um capotamento deixa o trânsito lento. Aparentemente não existem feridos. Após 50 minutos de viagem e preocupação, chegamos a Belo Horizonte.

Relatos
Luciana Aparecida da Silva viveu momentos de apreensão em meados do ano passado. Quando voltava de Ipatinga, no Vale do Aço, para a capital, teve o carro fechado por uma carreta em alta velocidade próximo ao trevo de Nova União. "Eu vi morte de perto. Felizmente joguei o veículo contra o barranco. Levei cinco pontos na testa", conta a funcionária pública.

Situação crítica em Nova União

O trânsito constante e pesado no trecho da BR-381 em Nova União revolta os moradores que reivindicam um redutor de velocidade em um ponto da rodovia no perímetro urbano da cidade. O prefeito da cidade, durante reuniu da Comissão de Transportes da Assembleia de Minas (ALMG), na tarde de terça, 31, ameaçou, ate sob risco de prisão, construir um quebra-molas caso não seja colocado o redutor no local.


O prefeito também falou da situação crítica que vem enfrentando devido a grande demanda de socorro a pessoas acidentadas na rodovia e que são deslocadas até o Hospital Municipal. De acordo com o chefe do Executivo, a cidade não possui guarnição do Corpo de Bombeiros e o hospital da cidade não possui estrutura para atender a grande demanda, agravada com o atendimento as vítimas de acidentes na rodovia.

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