Não vai ser desta vez que os usuários da BR-265, no trecho de 86 km que liga São João del-Rei a Lavras, vão ficar livres do péssimo estado de conservação da rodovia, do traçado antigo e perigoso, bem como de seus trevos e acessos pessimamente sinalizados. O projeto de restauração da estrada acaba de perder 71,4% de sua dotação orçamentária, fruto de um brutal corte de recursos realizado pelo Governo Federal. O total aprovado anteriormente no valor de R$56 milhões caiu para cerca de R$16 milhões. Esses dados foram levantados pela liderança do PSDB na Câmara dos Deputados, com base em informações do Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). Ainda de acordo com o estudo, só de Minas Gerais foram subtraídos R$283,6 milhões dos R$ 653,2 milhões aprovados pelos deputados federais no orçamento de 2009, prejudicando, além das obras da BR-265, vários outros setores.
De acordo com Sílvio Duarte Melo, supervisor do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), em Oliveira, e responsável pelo trecho da BR-265, essa redução irá prejudicar o andamento das obras, mas disse que ainda está sendo feito um levantamento para saber o que deixará de ser executado com a redução. "Tivemos uma primeira etapa de melhoria da rodovia que a empresa já está trabalhando. Foram R$ 17 milhões investidos nessa primeira fase". O corte no orçamento deverá comprometer justamente a segunda fase das obras, quando estavam previstos a revitalização total da pista, obras de acostamento, sinalização, projeto de reestruturação e melhorias nos trevos e nas curvas com traçado ruim. "Vamos aguardar as providências que o Governo Federal vai tomar", concluiu o supervisor do DNIT.
De acordo com Paulo Fernandes Lasmar, engenheiro aposentado que liderou manifestação contra as péssimas qualidades da rodovia no início do ano, as melhorias foram apenas paliativas e são esperadas mais obras. "Foi feita uma operação tapa-buraco que não adiantou nada. No começo prometeram tapar os buracos em 60 dias e taparam. Mas com o período das chuvas eles voltarão logo. Vamos ver agora que esta acabando o prazo para começar a segunda fase, o que vai ser feito". Segundo Lasmar, ainda existem vários trechos perigosos. "O km 283 (trevo Nazareno) e perto de Lavras e Itumirim tem duas crateras perigosas que continuam até hoje. A ponte do Rio Grande, por exemplo, sem proteção, guarda corpo, sem sinalização. Já aconteceram quatro ou cinco acidentes. Você paga para fazer e depois para desmanchar; o interessante era fazer tudo de uma vez. Claro que agora vai ser mais difícil, já que há menos recursos", disse.
Gazeta de São João Del Rei
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