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POPULAÇÃO PROTESTA E DIOCESE MANTÉM PADRE

Manifestantes fizeram passeata do Matosinhos ao Largo São Francisco protestando contra a saída de Padre Clécio de duas paróquias
Passeatas, protestos, gritos de “Queremos Padre Clécio”, movimentação em redes sociais. O final da semana passada foi de tensão entre paroquianos de comunidades próximas a São João del-Rei e a Diocese. No último dia 25 de maio, depois de manifestações menores na cidade-sede da cúria local, mais de 200 pessoas percorreram trajeto entre o Bairro Matosinhos e o Largo São Francisco, no Centro Histórico, em um apitaço. O motivo: a saída de um religioso da zona rural para outra região.

O caso do padre Clécio Alencar, sacerdote à frente das paróquias de São Miguel Arcanjo (Cajuru) e São Francisco de Assis (Emboabas) teve, além da reação apaixonada de seus seguidores, a marca de boatos ainda não esclarecidos e de impasses que terminaram na manhã da última segunda-feira, 27, quando a Diocese de São João del-Rei decidiu manter Alencar nas comunidades em que atua desde 2011 e onde fez fama como “padre cowboy” em celebrações alternativas ao som de berrantes e substituição da batina, em algumas aparições, por trajes caipiras.

A nota que confirmou a permanência do pároco, publicada no site da Diocese, foi o único posicionamento do bispado sobre o caso. Mas Padre Clécio falou com a reportagem da Gazeta.

“Muita coisa foi interpretada de forma errada, no calor do momento. Hoje só agradeço pelo fato de poder ficar aqui e de ter sido acolhido novamente pela pessoa que mais admiro. Recebi um abraço caloroso dele quando confirmaram a minha volta. Não há problemas entre nós. Ele é meu pastor, um verdadeiro pai para mim”, disse em referência ao bispo diocesano, Dom Célio de Oliveira Goulart.

Em texto publicado em uma rede social ainda na segunda-feira, Padre Clécio pediu desculpas a Dom Célio “por alguma coisa que possa ter entristecido o senhor” e encerrou a postagem com um “Pelo bem de todos, eu fico”.

Repercussão
A polêmica começou na quinta-feira, 23, quando paroquianos das áreas administradas por Alencar receberam a notícia de que o religioso seria “expulso da Diocese”. “Foi o que chegou até nós. Não falaram em transferir Padre Clécio de uma paróquia para outra, mas de praticamente bani-lo. Para ser sincero, até agora ninguém explicou o porquê disso tudo contra um homem que só faz o bem a todas as pessoas”, comentou o estudante Diogo Oliveira.

O próprio Padre Clécio, porém, trata o assunto de forma mais amena. “Infelizmente as coisas se tornaram grandes demais e, quando percebemos, os boatos já haviam tomado conta de muita gente. A verdade é que eu iria apenas migrar de uma região para a outra. Não foi nada drástico”, atestou.

Panos quentes
Em meio a tudo isso, comentários sobre má conduta e até sobre possíveis desentendimentos entre os sacerdotes começaram a se espalhar. “As pessoas têm ciúmes dele porque é carismático, se veste como cowboy, canta como caipira, chega ao coração da gente. Há muito tradicionalismo quando na verdade deveriam olhar tudo o que fez por nós”, comentou uma moradora de Cajuru que pediu para não ser identificada.

Padre Clécio preferiu manter a cautela. “Não quero alimentar nada. Só quero continuar meu trabalho da forma que eu sou, perdoando e fazendo o que alguns religiosos não fazem: acolhendo”, pontuou.

“Essa é a maior marca dele. As comunidades em que ele está mudaram completamente com a chegada do Padre Clécio. Se houve ânimos exaltados, pedimos desculpas. Agora queremos apenas celebrar a resposta positiva da Diocese”, explicou Diogo Oliveira. E foi o que aconteceu. Ainda na segunda-feira, 27, uma missa especial e um churrasco comunitário foram realizados em São Miguel Arcanjo.

Comentários

Anônimo disse…
Meu total apoio a D. Célio. A missa não é do padre, nem do povo. A missa é de Deus. Quem quer ser católico tem que seguir certas regras. Lugar de berrante é no curral, não na igreja.

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