A Comissão da Verdade de Juiz de Fora (CMV-JF), da qual a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) é parceira, e a Auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar (4ª CJM) promoveram nesta segunda-feira, dia 17, no plenário da sede da Auditoria, evento para devolução de documentos pessoais retidos no período da ditadura que não haviam sido resgatados pelas pessoas que responderam inquérito ou processo no local no período de 1964 a 1985. No evento, documentos de nove pessoas foram entregues a elas próprias ou a seus representantes.
Entre esses documentos, se encontram fotos, carteiras de identidade e de trabalho, títulos eleitorais e passaportes, entre outros. A presidente da República Dilma Rousseff e o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, figuram entre as 32 pessoas que tiveram a documentação retida, mas não estiveram presentes neste ato.
Representando a Comissão Estadual da Verdade, Jurandir Persichini Cunha relembrou seus próprios tempos como preso político em Juiz de Fora, e considerou a solenidade um exemplo a ser seguido pelas demais comissões. Preso nos primeiros dias após o golpe, o fundador da União Nacional dos Servidores Públicos Civis de Minas Gerais, Henrique Roberti Sobrinho, foi o encarregado para ser o porta-voz dos ex-presos, e durante seu discurso emocionou-se com o “inusitado regresso ao lugar em que foi espezinhado e julgado” e considerou o evento como um marco no processo de “resgate das lutas sociais”.
Os documentos devolvidos na solenidade são referentes a Ângelo Pezzuti da Silva, Afonso Celso Lana Leite (representados no ato por Ângela Pezzuti), Conceição Imaculada de Oliveira (foto), Henrique Roberti Sobrinho, Marco Antônio Victoria Barros, Maria José Nahas, Jorge Nahas (marido de Maria e representado por ela), Rouberdário Diniz Valério e Ana Lúcia Batista.
Projeto Memórias Possíveis
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) é parceira da Comissão, através do projeto “Memórias Possíveis”, em que professores e pesquisadores da instituição contribuem com os trabalhos desenvolvidos pela CMV. Além disso, são garantidas 20 bolsas para estudantes de cinco cursos (Artes e Design, Ciências Sociais, Comunicação Social, Direito e História), que participam das atividades de pesquisa e extensão, atuando na gravação e transcrição de depoimentos, digitalização e análise de documentos, busca em acervos e divulgação das atividades da Comissão, entre outras. A proposta é que, após o término dos trabalhos, todo o conteúdo da pesquisa seja disponibilizado para parceiros e para a população em geral, uma vez que trata-se de documentos de domínio público.
Mais informações em http://comissaodaverdadejf.blogspot.com.br/
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