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PESQUISA EMPLACA QUINTO ARTIGO EM UMA DAS MAIS CONCEITUADAS REVISTAS CIENTÍFICAS DO MUNDO


A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se faz presente no debate internacional sobre os efeitos da mudança na temperatura climática global. 

O pesquisador Fábio Roland, inspirado em novos métodos para compreender e controlar os impactos sofridos pelo planeta, desenvolveu um estudo para entender a emissão de gás carbônico em ambientes aquáticos. 

Este mês, o artigo baseado em sua pesquisa foi divulgado por uma das publicações científicas de maior impacto mundial, a revista Nature. É a quinta vez em cinco anos que frutos do trabalho do pesquisador ganham as páginas da revista.

As consequências de uma modificação climática de impacto global têm sido uma das grandes preocupações de lideranças mundiais. Exemplo disso é a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), nos dias 7 e 8 de dezembro, em Paris. 

O evento contará com a presença confirmada de presidentes, chefes de estados e especialistas de 196 países, demonstrando crescente importância de se debater novos meios de redução na emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera.

Pesquisa aborda ângulo inédito

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Os ambientes aquáticos podem ser entendidos como uma máquina. Todo o ecossistema é um processador da matéria e da energia que são trazidas até ele. Esse mosaico de sistemas moldam o funcionamento da natureza. 

Roland explica que os lagos apresentam carbono na forma orgânica – dividido em partículas e dissolvido – e inorgânica, especialmente na forma dissolvida. O carbono orgânico vem da respiração e das matérias mortas decompostas, enquanto o inorgânico tem a terra como sua principal fonte.

Essas fontes de carbono têm três caminhos distintos no ambiente aquático: parte dele permanece no lago, enquanto outras partes são emitidas e sedimentadas. 

O estudo publicado conclui que as mudanças no clima e na utilização da terra que aumentam o carbono inorgânico dissolvido pode causar níveis de emissão em lagos boreais se aproximar dos níveis de lagos em regiões mais aquecidas. 

Uma vez que essa emissão acontece de forma natural, o interesse da pesquisa é entender o processo: “já que esse gás é um dos mais relevantes ao se pensar no aquecimento global, compreender quais variáveis ambientais, como o desmatamento na bacia e adição de componentes como o fósforo, podem influenciar no aumento (da emissão) é importante para que possamos controlá-lo”, afirma.

Melhor compreensão das mudanças climáticas

Pesquisador Fabio Roland lidera pesquisa que gerou publicação de um artigo por ano, nos últimos cinco anos, na revista científica Nature

Segundo Roland, muito tem sido dito sobre mudanças climáticas, no entanto, é necessário entendê-las como parte de mudanças ambientais, pois o clima é só um dos fatores que formam o ambiente. 

“Por exemplo, se a concentração de fósforo total no ambiente aumenta, ele é levado para a água, onde não estava em grande quantidade, fazendo com que organismos e comunidades que até então não existiam naquele local passem a crescer. Isso aumenta a biomassa e faz com que a respiração, a decomposição e a emissão aconteçam mais constantemente. Tudo está encadeado”, explica.

“Nessa pesquisa, descobrimos que uma parte considerável da emissão vem do carbono inorgânico proveniente dos solos, que era algo que não estávamos prevendo. Isso é importante, pois nos dá mais indícios e nos permite compreender melhor o processo”, completa.

Outros resultados
Ao estudar os fatores que contribuem para o aumento das emissões de gás carbônico, o professor já identificou algumas variáveis importantes no processo. 

Uma delas está relacionada à idade e à latitude de reservatórios; quanto mais velho, menor será a emissão: “quando é feita a barragem, é como se todo o material orgânico fosse jogado em um liquidificador e se liberasse aos poucos. Eventualmente, esse material vai acabando e, dessa forma, a emissão diminui”. 

No caso da Amazônia, que também foi objeto de estudo de Roland, essa emissão se mantém alta com o passar dos anos, porque é muito material que continua chegando no ambiente aquático.

As emissões de gás carbônico na Amazônia acontecem de forma diferente dos lagos boreais e são abastecidas pela região marginal do rio, que é um local de alagamento. 

Quando o rio está em cheia, ele submerge parte da floresta e é desse material alagado que sai o carbono. “A área alagável traz nutrientes que causam o aumento da produção, material orgânico que vai se decompor, solo e carbono inorgânico e tudo isso favorece a emissão de gases”, aponta. Além disso, ele também desenvolveu estudos para entender o processo de sedimentação nesses ambientes.

“É importante perceber que a história não acaba por aqui. Tem vários capítulos, porque sempre tem outras coisas para entender, outros mecanismos que influenciam a emissão. Compreender essa engrenagem é uma forma de ajudar, e muito, a diminuir as condições de mudanças climáticas”, finaliza.
com assessoria

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