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MULHERES NA UFLA: A HISTÓRIA DE UMA EVOLUÇÃO

Dos 26 cursos de graduação presenciais da UFLA, a maior parte (14) registrou maior percentual de mulheres entre os aprovados para ingresso em 2015


Hoje, os esforços de mais de oito mil mulheres contribuem para a construção diária da Universidade Federal de Lavras (UFLA). 

Considerando servidoras, funcionárias terceirizadas e estudantes, o público feminino na instituição equivale a 51% da comunidade acadêmica. 

Seja em atividades técnicas e administrativas, seja nas ações ligadas diretamente ao ensino, pesquisa e extensão, as mulheres estão presentes em números crescentes na história, colaborando de forma ativa para os reconhecimentos de qualidade que a UFLA vem alcançando ao longo de seus 107 anos.

Em 2011, pela primeira vez, o número de mulheres ingressantes na graduação ultrapassou o de homens.

De 1908 a 1947, a Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) recebeu 399 alunos em seu curso de graduação da época (Agronomia). 

Eram todos homens. Apenas em 1948, ou seja, quarenta anos depois, houve o ingresso da primeira estudante. 

A participação permaneceu semelhante – tímida – até o final da década de 1960. Nos anos de 1970, a presença das graduandas passou a 10% do total de alunos; a partir de então, seguiu em crescimento contínuo, alcançando, nos processos seletivos de ingresso de 2011 um momento histórico: 54,6% dos novos alunos da época eram mulheres.

Depois de 2011, quando a inversão de predominância foi efetivamente registrada, o quadro não se alterou muito. Nos três anos posteriores, notam-se apenas pequenas variações percentuais. 

Em 2015, no entanto, a variação foi mais expressiva e o número de ingressantes mulheres foi de 49%. A expectativa é de que homens e mulheres permaneçam se revezando de forma equitativa nesses resultados, seguindo a predominância estatística dos gêneros na população.

Confira no gráfico os percentuais consolidados em décadas*:

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*A década de 1900 engloba dados de apenas dois anos (1908 e 1909). A década de 2010 agrupa dados de ingresso que vão de 2010 a 2015. Os números são relativos a cursos presenciais.

Dos 26 cursos de graduação presenciais da UFLA, a maior parte (14) registrou maior percentual de mulheres entre os aprovados para ingresso em 2015. É o caso de Zootecnia (60%), Medicina Veterinária (71%), Administração (52%), Administração Pública (51%), Ciências Biológicas (59%), Engenharia de Alimentos (65%), Engenharia Ambiental e Sanitária (53%), Nutrição (78%), Letras (68%), Pedagogia (88%), Direito (60%), Química (58%), Filosofia (59%) e Medicina (55%). 

Resgatando os registros de cursos mais antigos, afloram as curiosidades: na Zootecnia, logo na primeira turma, quatro mulheres já haviam ingressado no curso. 

Isso ocorreu em 1975, quando a turma tinha 22 homens. Já a primeira turma do curso de Medicina Veterinária foi formada em 1993 e metade dos ingressantes eram mulheres (7 mulheres e 14 homens). Hoje, em ambos os cursos, as mulheres já constituem a maioria dos ingressantes.

O total de mulheres atualmente cursando graduação (presencial e a distância) na UFLA é de 5.746, 53% do total.

Mulheres em maior número na pós-graduação
No último período letivo de 2016 da pós-graduação na UFLA, dos 2.517 estudantes matriculados, 1.361 são mulheres e 1.149 homens. 

O número superior de mulheres foi registrado pela primeira vez no ano 1994. Quando foi criado o primeiro curso de pós-graduação da UFLA, em 1975 – Agronomia Fitotecnia – foram matriculados 14 homens e cinco mulheres.

O número de homens ingressantes em programas de pós-graduação da UFLA foi maior nas décadas de 70, 80 e 90, quando a ordem começou a alterar. 

Na década de 90, em dois períodos as mulheres foram maioria e, a partir de 2000, essa relação passou a ser mais frequente. Na última década, a partir de 2006, em todos os anos e períodos as mulheres foram maioria.

E isso não quer dizer que se trata de uma luta de gênero, nem ao menos uma disputa para ver quantas mulheres e homens permanecem na carreira acadêmica e se destacam no meio universitário. Os dados revelam uma constatação importante: as mulheres têm feito suas próprias escolhas e conseguido avançar profissionalmente tanto quanto os homens, como sempre foi desejado.

Os números revelam que as mulheres são em maior número em diferentes modalidades de pós-graduação. No Mestrado, dos 857 estudantes matriculados, 459 são mulheres, ou seja, 53,55%. 

No doutorado, essa variação semelhante – 53,17% para a participação feminina, na maioria dos programas. No pós-doutoramento, a relação é ainda mais discrepante – 63,15% das pesquisas são conduzidas por mulheres. Na Residência em medicina Veterinária, dos 51 matriculados, 34 são mulheres (66,66%).

Em alguns cursos, os dados confirmam a predominância constatada na graduação e no mercado de trabalho, como é o caso do curso de Ciências dos Alimentos, com a participação de 44 mulheres e nove homens e, na Ciência da Computação, vê-se o inverso, 31 homens e apenas três mulheres. 

Em outras áreas, os dados podem ser surpreendentes – Engenharia de Biomateriais, as mulheres estão em larga vantagem, 25 mulheres e seis homens.

Nas últimas seis décadas, presença de mulheres servidoras passou de 4% para 39%

Dos 1244 servidores (professores e técnicos administrativos) que formam hoje o quadro da UFLA, 481 são mulheres. O cenário é bem diferente do encontrado em 1963, quando eram 21 homens e apenas uma mulher.

Entre os funcionários terceirizados são 315 homens e 216 mulheres (participação feminina de 41%).

Histórico de lutas
A ascensão da mulher no meio acadêmico é um dado para ser celebrado, sobretudo, pela rigidez dos sistemas de seleção que colocam as mulheres em nível de igualdade. 

Seja como estudante ou servidora, as mulheres conquistaram lugar de destaque, como almejado em lutas passadas. No entanto, estar em maior número não reduz os desafios enfrentados por “elas”. 

É preciso debater os mecanismos para se evitar os abusos, diferentes formas de assédio e outros preconceitos enfrentados na sociedade, incluindo o ambiente universitário.
por Ana Eliza Alvim, Cibele Aguiar e Camila Caetano - da assessoria UFLA

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