Em ritmo acelerado de crescimento, falta de estrutura para atendimentos emergenciais no campus da UFLA preocupa estudantes. Instituição depende do SAMU ou Corpo de Bombeiros da cidade
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Instituição conta apenas com um ambulatório para atendimentos 'simples'. Com cursos noturnos, atendimento clínico termina antes das 21h |
O campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA) chama atenção pela sua beleza, calçadas bem formuladas, pista de ciclismo, opções e espaços de lazer, aliados a uma extensa área verde bem preservada.
Com uma comunidade acadêmica de mais de 13 mil pessoas, diariamente o campus recebe também visitantes que se utilizam dos espaços para a prática de esportes e atividades físicas.
Mas e se acontecer um caso em que uma pessoa necessite de atendimento de urgência e emergência no campus da UFLA?
Em novembro de 2012, um triste fato marcou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URFGS): um estudante de Engenharia Química assistia a uma aula no Campus do Vale, no bairro Agronomia, quando teve um mal súbito, e após 40 minutos de espera pelo socorro, faleceu.
Em outra situação semelhante, nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) de São Paulo, em 24 de agosto do mesmo ano, uma estudante do curso de Ciências Contábeis faleceu na sala de aula, no campus Itaim Bibi.
Estes casos como outros, são fatalidades que levantam o questionamento quanto à necessidade de haver ambulatórios preparados nos campus universitários.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC) não há uma legislação vigente que obrigue a implantação de postos de atendimento nas instituições. A existência ou não de ambulatórios fica no âmbito da autonomia universitária, obedecendo às regras de cada município.
Já para o Ministério da Saúde (MS), qualquer instituição de ensino é obrigada a chamar socorro profissional o mais depressa possível quando um estudante se encontra em situações graves.
Contudo, a identificação da gravidade de um caso pode ser complicada, mesmo que existam pessoas treinadas em técnicas de primeiros socorros. O mais indicado então, seria chamar uma ambulância.
No campus da Universidade Federal de Lavras até existe um ambulatório, localizado ao lado do Restaurante Universitário, mas em casos de urgência e emergência, a vítima depende de socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou do Corpo de Bombeiros.
Entretanto, o deslocamento das ambulâncias, cuja responsabilidade é por atender a toda a população dentro do espaço do município de Lavras (cuja população residente ultrapassa os 100 mil habitantes), pode ser determinante quando uma vida está em jogo. A falta de estrutura para atender emergências, em meio ao crescimento acelerado da universidade, preocupa os estudantes.
O Ambulatório da UFLA somente atende o que eles chamam de "urgências mais simples", como dor aguda, febre, mal estar, ferimentos leves ou náuseas, sendo o paciente atendido no ambulatório por enfermeira, que atua das 7:00 às 11:00 e das 13:00 às 17:00.
A unidade conta com um clínico geral, que somente atua de 2ª a 6ª feira, das 7h15 às 11h45 e das 14h15 às 20h45, sendo que a instituição possui muitos cursos noturnos.
A situação é mais grave ainda para os moradores do Alojamento Estudantil, o popular "Brejão", localizado na parte de baixo do campus da UFLA.
Até pouco tempo, quando um morador necessitava se deslocar até um hospital para atendimento em casos fora de urgência e emergência, contava com um servidor do serviço de vigilância patrimonial que fazia voluntariamente o transporte do estudante.
Recentemente, os vigilantes foram proibidos de fazer esse transporte. De acordo com um morador do alojamento que pediu para não ser identificado, mesmo em casos que não são de urgência e emergência, mas necessitam de atendimento, eles acabam sendo prejudicados.
"Se a pessoa estiver passando mal aqui no Brejão, precisa contar com ajuda de outras pessoas. O ambulatório fica localizado na parte de cima do campus, não tem como ir a pé e os hospitais da cidade são distantes. Fora que o ambulatório fecha antes das 21 horas e as aulas acabam tarde. De madrugada então, ficamos desamparados aqui", destaca.
Ao ser questionada sobre a não realização mais deste transporte, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec) foi enfática ao dizer que em casos de emergências deve ser acionado o SAMU e o Corpo de Bombeiros. O pronunciamento causou uma grande polêmica e revolta por parte da comunidade acadêmica.
Para especialistas, em locais de grande concentração de pessoas, como universidades, ter um posto fixo de atendimento, com profissionais treinados para prestar cuidados pré-hospitalares, é mais prudente do que depender apenas dos veículos de emergências médicas.
No câmpus Barigui da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) é a equipe do Departamento de Segurança do Trabalho que faz os atendimentos emergenciais em horário comercial.
“Quando me chamam, a primeira coisa que faço é pedir para o segurança chamar a ambulância. Assim, enquanto presto o primeiro atendimento, a equipe médica já está a caminho”, diz a enfermeira Nilza Lourencia, em recente entrevista ao jornal Gazeta do Povo.
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