
A tricordiana Adelaide Castro ainda é um rosto desconhecido do público. Na verdade, a mocinha de 18 anos era mais uma anônima em busca de um lugar no mundo até três meses atrás, quando desbancou quase três mil candidatos para atuar em “Clandestinos”. A peça foi escrita e dirigida por João Falcão, que revelou nomes como Lázaro Ramos e Wagner Moura. Em vez da Bahia, Adelaide saiu de Três Corações, no interior de Minas. O teatro entrou há cinco anos na vida da jovem através do Pedalarte, um projeto de erradicação do trabalho infantil. "Eu catava latinha para ajudar no sustento dos meus oito irmãos", conta ela, que faturava apenas R$ 10 por fim de semana. No projeto, coordenado pelo produtor cultural Braz Chediak, Adelaide se apaixonou pelos palcos e pelo saxofone, que tocava até em enterros na cidade.
Adelaide ainda não se acostumou ao caos urbano do Rio de Janeiro. Até agora, não conseguiu conhecer os pontos turísticos e só saiu da Tijuca, onde está morando, para raros passeios ou trabalhos. Numa figuração acabou conhecendo o Piscinão de Ramos: "Também já vi o Cristo assim de longe", diz a estreante. Em Três Corações, a rotina de Adelaide consistia em sair de casa cedo para cursar o terceiro ano do segundo grau, freqüentar o curso de teatro e praticar o sax. Sobrava algum tempo para namorar também. Mas ela ainda não sabe se o romance irá sobreviver. "É difícil assim tão longe, né? A gente se fala pela internet, pelo telefone, mas a distãncia pega", justifica.
Na produção de "Clandestinos", em que vive uma adolescente que chega ao Rio atrás do amor de sua vida, Adelaide já recebeu o apelido de "mascote". E arranca elogios de todos. Inclusive do próprio João Falcão, que a escolheu entre 3000 candidatos para fazer a oficina que originou o espetáculo. "A Adelaide é de uma elegância difícil de encontrar e tem um dos olhares mais expressivos que já vi", diz o diretor.
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