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PESQUISA ANALISA EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO CONTRA COVID-19


As vacinas contra a COVID-19 desempenham um papel essencial no controle da pandemia. No entanto, a incidência e as características dos Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV) ainda são pouco compreendidas no Brasil. Para contribuir com essa análise, pesquisadores da UNIFAL-MG investigaram os casos notificados nos sistemas e-SUS Notifica e Vacivida em 2021, referentes às vacinas AstraZeneca, Coronavac, Pfizer e Janssen. Os resultados foram publicados no artigo Events supposedly attributable to vaccination or immunization of COVID‑19 vaccines in Brazil: a cross‑sectional study, na edição de janeiro da revista Discover Public Health.

O estudo foi conduzido por Poliana do Carmo Pimenta, discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCB), pelos estudantes da Faculdade de Medicina (FAMED) Vitoria Gabriele Souza Geraldine, Thais Cristina de Aquino Lima e Fillipe Silva Tourinho, pelo doutorando em Epidemiologia em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/FIOCRUZ, Denis de Oliveira Rodrigues, sob orientação dos professores Lívia Máris Ribeiro Paranaíba Dias (Instituto de Ciências Biomédicas) e Murilo César do Nascimento (Escola de Enfermagem).

Os pesquisadores observaram que a maioria dos eventos relatados foi leve, mas identificaram uma associação entre vacinas de vetor adenoviral e mortalidade. Contudo, como o número absoluto de óbitos foi pequeno (n=29), os autores ressaltam que essa associação deve ser interpretada com cautela.


Análise dos dados

A pesquisa analisou notificações ocorridas entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021. Inicialmente, havia 238.400 notificações, mas após a exclusão de registros que não atendiam a certos critérios (como vacinas não relacionadas à COVID-19, idades fora do intervalo de 18 a 120 anos e duplicatas), restaram 109.424 casos para análise. Os eventos adversos considerados incluíram qualquer efeito indesejado após a imunização, independentemente da confirmação de causalidade com a vacina.
Principais achados

As incidências foram de 30,82 ESAVI e 83,08 sintomas por 100.000 doses aplicadas. Os sintomas mais relatados foram dor de cabeça, febre, mialgia, dor, vermelhidão e inchaço no local da injeção, mal-estar e fadiga.

A vacina AstraZeneca esteve associada ao maior número de notificações (56,79% dos casos), seguida pela Coronavac (26,35%), Pfizer (15,08%) e Janssen (1,48%). A grande maioria das ocorrências foi considerada não grave (95,03%). A incidência de eventos adversos foi maior em mulheres e na faixa etária de 30 a 39 anos, sendo a região Sul a que mais registrou notificações. Os pesquisadores destacam que esse padrão pode estar relacionado tanto à maior procura das mulheres pelos serviços de saúde quanto a fatores biológicos e imunológicos que influenciam a resposta à vacina.

Para a análise dos eventos adversos, os pesquisadores utilizaram dados demográficos, tipo de notificação, tipo de vacina, gravidade do evento adverso, evolução do caso e classificação de causalidade. Os EAPV foram classificados conforme um sistema padronizado e os dados geográficos foram obtidos do IBGE. Dois modelos de regressão foram aplicados para analisar eventos graves e óbitos, mas devido à baixa incidência de mortes, um teste específico foi utilizado para essa avaliação.
Importância do monitoramento

Segundo a acadêmica Vitoria Geraldine, os resultados confirmam que a maioria dos eventos adversos pós-vacinação contra a COVID-19 no Brasil foi leve, reforçando a segurança das vacinas. O estudo também destaca a necessidade de uma vigilância ativa sobre os eventos adversos e do aprimoramento das estratégias de vacinação. As informações obtidas podem subsidiar políticas públicas mais eficazes, incluindo uma maior atenção às regiões com incidência mais elevada de EAPV.

Para os pesquisadores, divulgar os resultados permite aumentar a compreensão sobre os eventos adversos e embasar futuras estratégias de imunização. “A partir dos resultados dessa pesquisa, espera-se ampliar a compreensão sobre a segurança das vacinas contra a COVID-19 no Brasil. Além disso, a expectativa é de que a implementação de estratégias de vigilância ativa e imunização adaptadas às particularidades sociodemográficas, biológicas e de saúde pública do país seja incentivada, com base em evidências científicas”, reforça a acadêmica Vitoria Geraldine.

O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Para uma leitura completa, acesse a pesquisa na íntegra.

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