Pular para o conteúdo principal

JUSTIÇA NEGA ATÉ PEDIDO DE ÁGUA POTÁVEL PARA COMUNIDADE ATINGIDA POR MINERAÇÃO NO VALE DO JEQUITINHONHA

Manifestação judicial não acolhe pedido liminar com demandas de preservação à vida de ribeirinhos; problemas de saúde estão se agravando

A Justiça de Minas Gerais indeferiu todos os pedidos de tutela de urgência apresentados por ribeirinhos de Poço Dantas, em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha, contra a Sigma Mineração S.A., incluindo o fornecimento semanal de água potável para a comunidade.

O despacho, proferido pela 1ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Criminais de Araçuaí, afirma que medidas como água, plano emergencial de controle de poeira e ruído, monitoramento do ar e realocação provisória “demandam dilação probatória e perícia técnica”. A comunidade vai recorrer.

Em paralelo, a comunidade indígena Pankararu/Pataxó ajuizou ação própria pedindo R$ 36 milhões por danos morais e materiais, enquanto seguem protestos e ocupação pacífica na região para denunciar os impactos do projeto de lítio Grota do Cirilo e aguarda uma posição da Justiça mineira. O caso ganha relevo às vésperas da COP30 e da Climate Week NYC 2025.

“Negar água potável em caráter emergencial para uma comunidade ribeirinha impactada é um contrassenso humanitário e jurídico. Tempo é crucial em questões de saúde. A decisão agrava um cenário de adoecimento e insegurança hídrica. Vamos insistir nas provas periciais e na proteção de direitos fundamentais,” ressalta a advogada Luizamara Ribeiro, que representa as famílias atingidas e é conselheira da OAB/MG.

O que decidiu a Justiça
O juízo negou a liminar pedida pelos ribeirinhos (água potável, auxílio emergencial, suspensão de movimentação de pilhas de estéril sem contenção, plano anti-poeira/ruídos, monitoramento do ar, atendimento médico e eventual realocação), alegando ausência de prova técnica inequívoca nesta fase inicial e necessidade de perícia ambiental e toxicológica.

Ao mesmo tempo, determinou a inversão do ônus da prova em favor dos autores e ordenou a realização de perícia às expensas da mineradora, com designação de perito, prazos para honorários e audiência de conciliação no CEJUSC por videoconferência. O despacho também ressalta que documentos em língua estrangeira precisam de tradução juramentada para produzir efeitos.

Impactos relatados na comunidade
As petições narram um quadro de explosões diárias, rachaduras em casas, poeira fina constante, agravamento de doenças respiratórias, escassez e má qualidade da água, além de desequilíbrio ambiental (inclusive relatos de infestação de morcegos). A empresa teria orientado moradores a não consumirem a água do Rio Piauí, oferecendo caixas d’água reabastecidas de forma insuficiente — quadro que, segundo a comunidade, não garante o mínimo existencial enquanto o processo se arrasta.

“Não há transição energética possível às custas de povos tradicionais sem acesso à água e ao ar limpos. Levaremos essa denúncia à ONU e à Climate Week: decisões que relativizam a vida precisam ser revistas à luz da justiça climática e dos direitos humanos” garante a advogada Rizzia Froes, presidente do Instituto Por Elas.

Nova ação indígena e mobilização no território
Além da ação dos ribeirinhos, a comunidade Pankararu/Pataxó ingressou com processo próprio pleiteando R$ 36 milhões por danos morais e materiais, reforçando a denúncia de racismo ambiental e violação à Consulta Prévia, Livre e Informada. Lideranças mantêm ocupação pacífica e atos na Fazenda Cristal, vizinha ao empreendimento, para barrar a expansão minerária sobre território tradicional.

Próximos passos
O processo ribeirinho segue para perícia ambiental e toxicológica (custos a cargo da Sigma Mineração), formulação de quesitos, designação de audiência de conciliação e posterior manifestação das partes. As comunidades e suas defensorias avaliam medidas adicionais para salvaguardar saúde pública, abastecimento de água e integridade das moradias enquanto perdura a instrução.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

VIGILÂNCIA SANITÁRIA INTENSIFICA FISCALIZAÇÕES PARA PREVENIR O COMÉRCIO DE BEBIDAS IRREGULARES

A Vigilância Sanitária de Varginha está realizando uma ação intensiva de fiscalização em distribuidoras e mercados da cidade para prevenir a comercialização de bebidas adulteradas e irregulares. Até o momento, foram apreendidas bebidas com prazo de validade vencido e sem procedência, mas nenhum caso de bebida falsificada ou adulterada foi identificado no município. Cinco equipes da VISA estão vistoriando 40 estabelecimentos, com foco em bebidas destiladas como cachaças, vodcas, whiskies e gins. A ação faz parte do trabalho preventivo da Secretaria Municipal de Saúde para proteger o consumidor e garantir produtos seguros. Dica importante: Antes de comprar, verifique o lacre e o rótulo, desconfie de preços muito baixos e, em caso de dúvida, entre em contato com o fabricante pelo SAC informado na embalagem. 📞 Denuncie bebidas suspeitas! Vigilância Sanitária de Varginha Telefone: (35) 3690-2204 Site: visavarginha.com.br/index.php/denuncias/

PROJETO CRIA RECEBE PRÊMIO DO ESPORTE MINEIRO 2017

O assessor do reitor para Assuntos de Parcerias, professor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, esteve na solenidade para receber o Prêmio O Projeto Cria (Centro Regional de Iniciação ao Atletismo), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), idealizado e coordenado pelo professor de Educação Física Fernando de Oliveira, recebeu nesta semana o “Prêmio do Esporte Mineiro 2017”, concedido pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Esportes (Seesp).  A solenidade de premiação ocorreu no auditório da Escola Estadual Governador Milton Campos, em Belo Horizonte, e contou com a participação de distintos atletas e autoridades.   Além de esportistas, o evento também premiou membros da sociedade civil, gestores municipais e entidades que se destacaram nos programas esportivos do Governo de Minas Gerais no decorrer de 2017 e/ou que contribuíram com o fomento do esporte no estado. Para o professor Fernando é uma satisfação obter essa homenage...

COM APOIO DO GOVERNO DE MINAS, GRUPO CANADENSE ANUNCIA INVESTIMENTO DE R$ 1,8 BILHÃO EM ARAXÁ

McCain, líder global na produção de batatas pré-fritas congeladas, vai se expandir com maior aporte da história da empresa na região A cidade de Araxá, no Alto Paranaíba, vai receber um novo impulso econômico com o anúncio de expansão da unidade da McCain, indústria canadense especializada na produção de batatas pré-fritas congeladas, cujo investimento será de R$ 1,8 bilhão. Este aporte, inteiramente privado, será voltado para a ampliação da capacidade produtiva da empresa entre 2025 e 2027. O projeto foi anunciado em cerimônia realizada nesta segunda-feira (8/12). Ele inclui novas linhas de produção, aumento das áreas de armazenagem e estima-se que mais de 350 empregos sejam criados, além da participação de mais de mil profissionais no setor agrícola. “Fico muito feliz com mais esse investimento atraído para Minas Gerais, que hoje é o estado que mais produz batatas pré-fritas no país. É uma ação que vai gerar empregos e movimentar a cadeia produtiva no estado”, disse o governador Rome...