Quem nunca se irritou ao procurar um vídeo na internet e receber de volta uma enxurrada de resultados que não têm nada a ver com o objetivo da pesquisa? Pois foi pensando nisso que um cientista da computação desenvolveu em Minas Gerais uma ferramenta que permite ao internauta identificar o autor de uma mensagem indesejada. Com o nome provisório de Método para Identificar Spammers em Sistema de Compartilhamento de Vídeos, o projeto já teve uma patente provisória de tecnologia analisada e aprovada nos Estados Unidos. A ferramenta é um algoritmo que possibilita a identificação dos spammers - os usuários responsáveis pela veiculação de conteúdos comerciais ou inúteis. O autor da ideia é Fabrício Benevenuto, que a apresentou como um dos temas de sua tese de doutorado no departamento de Ciência da Computação da UFMG.
Benevenuto partiu da análise das diferentes interações em mídias sociais e percebeu diversas estratégias que os usuários oportunistas utilizavam tanto para veicular o conteúdo inútil quanto para fazer com que esse fosse acessado continuamente pelos internautas. "Isso acontece muito na ferramenta de vídeos-respostas, que são comentários em forma de vídeo a respeito de determinado conteúdo. Quando o internauta clica no documento esperando ver a manifestação de alguém acaba se deparando com uma propaganda", afirma. Mas esse é só um caso, lembra Benevenuto, para quem a criatividade dos spammers é infinita e o conteúdo inútil pode ser acessado de inusitadas formas. "Outro exemplo é o fã-clube de uma cantora que vinculou o acesso ao seu site à abertura imediata de determinado vídeo", diz.
Para chegar à ferramenta que detecta o spammers, o cientista, juntamente com um grupo de estudo, analisou 829 usuários do site de compartilhamento de imagens YouTube. A partir disso, ele levantou 60 padrões de comportamento relacionados aos spammers e aos usuários considerados legítimos. "Estabelecemos algumas características que definem o usuário como spammer ou não. Entre os pontos analisados estão quantidade de vídeos postados, existência de amigos e de inter-relação entre esses amigos", explica Benevenuto. De posse desses padrões, os estudiosos desenvolveram um algoritmo, que é uma espécie de comando matemático capaz de fazer a distinção dos usuários. A ferramenta se mostrou eficaz, uma vez que identificou corretamente 94% dos usuários legítimos. Dentre os produtores de conteúdo inútil, o mecanismo conseguiu destacar 57% dos usuários que utilizam a estratégia da falsa descrição do vídeo e 96% dos que manipulam o programa para colocar seus conteúdos no topo da listas dos mais vistos.
Intrusos. A notícia da nova ferramenta agradou ao analista de sistemas André Paulovich, que conta que sempre se depara com conteúdos que chama de "intrusos" ao buscar vídeos. "Os usuários ficam frustrados por ficarem dez ou 20 minutos procurando algo sem sucesso ou, pior, encontrando conteúdos como pornografia", destaca o internauta. Por dever de ofício, Paulovich conta que acabou aprendendo estratégias para achar a "agulha no palheiro". Mas acredita que isso não é privilégio da maioria. Pelo menos até o algoritmo de Benevenuto chegar ao mercado, o que, infelizmente, ainda não tem data marcada. "Estamos desenvolvendo o produto. O próximo passo é aplicá-lo ao Twitter e outras mídias sociais", diz o cientista.
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