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Política se aprende em casa. Pelo menos para os Andradas é assim. Há praticamente dois séculos o clã participa ativamente da vida pública brasileira. Quem começou a linhagem política da dinastia foi José Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”, assim conhecido por sua participação ativa nas negociações para a emancipação política do país. Depois dele, muitos Andradas se seguiram. No Congresso Nacional, há120 anos seguidos, a família tem representantes. Mas a continuidade do recorde está em risco. Na eleição do ano passado, o mineiro Bonifácio Andrada (PSDB), membro da sexta geração da família, ficou apenas como segundo suplente para a Câmara dos Deputados.
Outra tradicional liderança beneficiada com o afastamento dos titulares para ocupar postos no Governo de Minas é o deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB), que está na Câmara desde 1979, mas não conseguiu se reeleger no ano passado. Ele entra na vaga aberta com a saída do deputado Nárcio Rodrigues (PSDB), que assumiu a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia. A permanência de Andrada na Câmara era considerada certa desde a oficialização dos resultados, dada a força da família na política mineira. Nos bastidores, o comentário era de que o deputado não ficaria sem o cargo. Mesmo que a Justiça decida que a convocação dos suplentes seja feita pelo critério partidário, Andrada continua no cargo já que é o segundo suplente da coligação.
Bonifácio de Andrada não é o único da família a protagonizar a vida política. O deputado estadual Lafayette de Andrada (PSDB), reeleito para Assembleia Legislativa, assumiu a Secretaria de Estado de Defesa Social, e Antônio Carlos de Andrada foi eleito presidente do Tribunal de Contas do Estado. Ambos são filhos de Bonifácio de Andrada. Martim Andrada (PSDB), ex-prefeito de Barbacena também será mantido no cargo de presidente da Prominas. A tradição dos Andradas na política remonta ao período colonial. Bonifácio de Andrada pertence à mesma família de José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o patriarca da independência, pelo papel desempenhado na emancipação política do Brasil, como tutor de D. Pedro I. De lá para cá, a presença da família no parlamento e em outros cargos públicos já se estende por cinco gerações.
Tradição que se renova
Entre vereadores, prefeitos, deputados, ministros, senadores e governadores, os Andradas já tiveram 21 políticos na família. O clã acompanhou as mudanças partidárias. No Império, eram liberais. Na República Velha, republicanos. Após a Revolução de 1930, foram UDN. Na ditadura, Arena. Hoje, são tucanos. Durante todo esse período, uma regra se manteve: sair da vida e entrar para os livros de história do Brasil.
A família é recheada de grandes nomes. O Bonifácio que hoje corre o risco de ficar sem cargo é sobrinho-neto de Antônio Carlos, ex-governador de Minas. Em 1930, Antônio Carlos rompeu com a política do Café com Leite, que revezava mineiros e paulistas na Presidência do país, e foi peça-chave na ascensão de Getúlio Vargas. Antônio Carlos era neto de Martim Francisco, presidente da Câmara dos Deputados e ministro da Fazenda no Império. Martim era filho de José Bonifácio, o Patriarca da Independência.
Filho do deputado Bonifácio de Andrada, Lafayette Andrada é deputado estadual em Minas e deverá ser o próximo integrante do clã a tentar vaga no Congresso. “Quando eu era criança, em Barbacena, meu pai era deputado, meu tio era prefeito. Quando me dei conta, não tinha mais volta”, diz. Ele não parece preocupado com a situação do pai e acredita em um jeitinho. “Eles gostam muito dele por lá. É muita tradição”, diz, aos risos.
com Revista Época e Jornal Estado de Minas
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