segunda-feira, 28 de setembro de 2015

FERNANDO PIMENTEL ANUNCIA DESAPROPRIAÇÃO DE FAZENDAS PARA REFORMA AGRÁRIA

Ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, governador destaca “conquista histórica” para Minas Gerais com investimento de R$ 43 milhões




O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, atendeu na última sexta-feira, 25, em Belo Horizonte uma demanda histórica dos movimentos sociais do Estado. 

Ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, durante o lançamento de um conjunto de ações visando o fortalecimento da agricultura familiar e o combate à pobreza rural em Minas, Pimentel assinou os decretos de desapropriação das fazendas Nova Alegria, em Felisburgo, Córrego Fundo/Gravatá, em Novo Cruzeiro, e Ariadnópolis, em Campo do Meio.

A ação se insere no esforço e no compromisso do governo de Minas Gerais de colocar fim a conflitos agrários históricos, que geram violência há mais de uma década no Estado. A desapropriação beneficiará 352 famílias de trabalhadores rurais sem terra, muitos deles presentes ao evento desta sexta-feira, no Auditório JK, na Cidade Administrativa. 

Os recursos orçamentários e financeiros necessários para a execução do projeto de desapropriação somam R$ 43,1 milhões, segundo o Ministério de Desenvolvimento Agrário.

Em pronunciamento, o governador ressaltou a alegria em poder anunciar as conquistas históricas dos movimentos sociais com a presença de centenas de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Estado. 

“Vocês não podem imaginar a alegria que temos hoje de ver esse auditório colorido de vermelho e branco – e na condição de personagens desse momento. Valeu a pena chegar até aqui para fazer o que nós fizemos na manhã de hoje”, afirmou, emocionado.

O ministro Patrus Ananias classificou a desapropriação das fazendas como um “momento histórico para Minas Gerais”. “Neste momento histórico, Pimentel está resgatando a Minas libertária, repondo no cenário nacional a Minas comprometida com os pobres, com a justiça social”, disse. 

O ministro enfatizou a conquista dos trabalhadores sem terra da Fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, que, no passado, chegaram a enfrentar chacinas. “Estamos vivendo um momento histórico, especialmente em Felisburgo, que ficou marcado na história devido as vidas que foram ceifadas”, disse.

O coordenador do MST, Sílvio Neto, elogiou a iniciativa do governo de Minas Gerais.

 “Não é só uma conquista do MST, do povo camponês. É de toda a classe trabalhadora de Minas Gerais. Sintam-se contemplados com essas fazendas que ficaram marcadas pela injustiça. Nós o cumprimentamos, governador, porque esse povo organizado sofreu, marchou e morreu para chegar no dia de hoje”, finalizou.

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Além da assinatura dos três decretos de desapropriação das fazendas, outras nove ações em parceria com diferentes secretarias e órgãos do Estado e com o governo federal foram anunciadas. 

Em parceira com Secretaria de Desenvolvimento Agrário (Seda) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), serão executadas ações de educação sanitária, com foco na rede pública de ensino, nas escolas das famílias agrícolas e estabelecimentos agroindustriais da agricultura familiar mineira.

Foi assinado convênio com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) para cadastramento de famílias dentro do programa estadual de regularização fundiária rural. Com o cadastro, cerca de 20 mil famílias passarão a ter acesso a linhas de crédito e de financiamento para o plantio.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Seda assinaram termo de cooperação para fomentar a produção sustentável, o aumento de renda dos agricultores familiares assentados pela reforma agrária e famílias atingidas por grandes empreendimentos.

Um protocolo de intenções também foi assinado entre o governo de Minas Gerais e a Fundação Banco do Brasil visando a integração de esforços para a execução de programas e projetos executados por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

Outro protocolo foi assinado entre os governos federal e estadual e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para a implantação e recuperação de infraestrutura básica, regularização fundiária e industrialização em projetos de assentamento. Outra ação visa a construção de galpões para agroindústria da cana de açúcar em Minas para auxílio da agricultura familiar.

Durante o evento, ainda foram entregues simbolicamente 26 kits feiras compostos por barracas, jalecos e caixas plásticas, com o objetivo de modernizar e ampliar a estruturas das feiras livres, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional. Ao todo, neste ano, cerca de 1.000 famílias de agricultores familiares serão contempladas com o kit. 

Também participaram da solenidade os secretários de Estado Glênio Martins (Desenvolvimento Agrário), João Cruz (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Helvécio Magalhães (Planejamento e Gestão), Odair Cunha (Governo), Nilmário Miranda (Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania), André Quintão (Trabalho e Desenvolvimento Social), Paulo Guedes (Desenvolvimento do Norte e Nordeste), a presidente nacional do Incra, Maria Lúcia Falcón, deputados federais e estaduais, vereadores, lideranças políticas e sociais.

Realizações
Durante apresentação do balanço dos primeiros meses de trabalho à frente da recém-criada Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), Glênio Martins destacou a retomada dos processos de regularização fundiária que estavam paralisados. Ele também ressaltou o momento histórico da agricultura familiar mineira, com a desapropriação das fazendas para a reforma agrária. 

De acordo com o secretário, Minas tem a segunda população rural do país. “Temos 240 municípios em Minas com menos de cinco mil habitantes e a força da agricultura familiar corresponde a 79% dos 550 mil estabelecimentos agropecuários no Estado”. Atualmente, existem cerca de 420 mil propriedades da agricultura familiar. Elas ocupam 60% da mão de obra do meio rural e respondem por 32% da produção de café, 44% do arroz, 47% do milho e 84% da mandioca no Estado.

De 2014 para 2015, houve um aumento de 9% na oferta do crédito rural. Ao todo, R$ 2,8 bilhões foram movimentos em Minas. Um total de 209 mil famílias de agricultores e agricultoras foram atendidas por recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Em janeiro deste ano, foi regulamentada a Política Estadual de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAAFamiliar), dois anos após ter sido sancionada. Ela estabelece que os órgãos e entidades da administração pública do Estado de Minas Gerais apliquem, no mínimo, 30% de seus recursos voltados à compra de alimentos em produtos da agricultura familiar.

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