A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) divulgou no último dia 20, reportagem sobre a instalação de um detector de neutrinos projetado para monitorar em tempo real o nível de atividade do reator nuclear da Usina Angra 2, em Angra dos Reis, no interior do Rio de Janeiro.
O projeto conta com a participação do pesquisador da área de Física da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), professor Gustavo do Amaral Valdiviesso, do Instituto de Ciência e Tecnologia, campus Poços de Caldas, no Sul de Minas, e também de estudantes da universidade.
Em conversa com a Assessoria de Comunicação Social da universidade, o pesquisador afirma que a física dos neutrinos passou por uma grande reforma e nem todos os aspectos do seu comportamento já são conhecidos.
“Aprendemos muito e chegamos ao ponto em que os neutrinos são finalmente incorporados em nossas tecnologias: é o início da física aplicada de neutrinos”, esclarece.
Explicando todo o desenrolar do experimento que conta com a contribuição da UNIFAL-MG, Prof. Gustavo diz que a primeira das aplicações que estão por vir, está a chamada “salvaguarda nuclear”.
“No combustível nuclear as mesmas reações que produzem energia (térmica, que depois é convertida em elétrica), também produzem neutrinos. Se você trabalha em algum dos prédios entre os reatores Angra 1 e Angra 2, por exemplo, pode chegar a ter 100 bilhões de neutrinos atravessando cada centímetro quadrado de seu corpo”, destaca.
“Felizmente, graças a sua baixíssima interação com a matéria, eles não produzem nenhum efeito biológico. De fato, reatores nucleares são a fonte de neutrinos mais intensa que temos à disposição e isto abre a possibilidade de utilizar tais neutrinos como indicadores, possibilitando acompanhar remotamente o que acontece dentro do combustível nuclear”, conclui.
O professor explica que quando levamos em consideração a radiação comum presente no ambiente, proveniente tanto das rochas quando da atmosfera, detectar um neutrino é como encontrar ‘a proverbial agulha num palheiro’.
O pesquisador observa também que no Brasil isto fica fora de contexto, uma vez que a Eletronuclear, operadora de Angra 1 e Angra 2, é uma estatal.
“No exterior é comum que usinas nucleares sejam privadas e a regulação de sua operação se dá através da fiscalização por parte de agências reguladoras. Um sistema como o nosso adicionaria uma ferramenta importante nesta relação, permitindo que as agências reguladoras possam obter informações diretamente do combustível nuclear de forma não invasiva”, comenta.
Participação da UNIFAL-MG
Segundo o pesquisador, na UNIFAL-MG é desenvolvido parte das simulações que nortearam a construção do experimento, bem como o desenvolvimento das técnicas de análise dos dados.
Mas o professor afirma que não é apenas nas simulações que os pesquisadores da universidade querem ficar: dois projetos de pesquisa, um Universal CNPq e outro da FAPEMIG vêm ajudando a construir o primeiro laboratório de instrumentação para física de partículas da UNIFAL-MG.
com Ana Carolina Araújo - da assessoria
com Ana Carolina Araújo - da assessoria
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