Ciclo de debates é aberto com dados alarmantes do mapa da violência, que revelam situação ainda pior entre as negras
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Deputadas e demais participantes ressaltaram a campanha #NãoSeCale, adotada em 2016 para convocar todos a lutarem pelo fim da violência contra a mulher |
Se Minas Gerais fosse um país, ocuparia o sétimo lugar no mundo no ranking de homicídios de mulheres.
Em 2013, o Estado registrou 4,2 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres, índice pouco menor que a média nacional, de 4,8, que coloca o Brasil no 5º lugar na escala mundial.
Dados alarmantes sobre essa realidade foram apresentados nesta quarta-feira, 2, na abertura do Ciclo de Debates “Dia Internacional da Mulher – Mulheres contra a violência: autonomia, reconhecimento e participação”, realizado no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O Mapa da Violência 2015, com as estatísticas dos homicídios de mulheres no Brasil, foi apresentado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
O documento é amplo, usa informações oficiais de várias fontes e revela, segundo o professor, uma “carnificina”, com dados inaceitáveis. “A epidemia de dengue não mata um décimo do que mata a violência. Mas não há a mesma mobilização e nem orçamento para conter isso”, comparou.
De acordo com o levantamento, Minas Gerais também reagiu de forma diferente à de muitos estados após a sanção da Lei 11.340, de 2006, a Lei Maria da Penha.
No Sudeste, por exemplo, todas as demais unidades da federação registraram quedas maiores de 10% nas taxas de homicídio, enquanto em Minas, a taxa subiu quase 6% entre 2006 e 2013.
Na série histórica ampliada, porém, Minas deixa a 15ª posição, em 2003, para ocupar a 22ª em 2013 no ranking da violência, mesmo com crescimento do índice de homicídios. “Outros estados tiveram altas ainda maiores”, observa Julio Waiselfisz.
Belo Horizonte registrou, em 2013, taxa de homicídios maior que a média do Estado. Mas o professor observa que os índices na capital vêm caindo na série histórica – como em todo o Sudeste –, revelando uma interiorização da violência.
Entre os municípios mineiros, há um destaque negativo para Buritizeiro, no Norte do Estado, que aparece entre os dez com maior taxa de homicídios no Brasil.
Foram considerados municípios com mais de 10 mil mulheres. O ranking de Minas tem, na sequência, Conceição das Alagoas e São Joaquim de Bicas.
Violência é maior entre mulheres negras
O Mapa da Violência 2015 traz também informações detalhadas por raça e revele uma violência ainda maior contra as negras.
Em todo o País, a taxa de homicídios contra brancas caiu 11,9% entre 2003 e 2013, mas o mesmo índice para negras aumentou 19,5%. Em Minas, a situação se repete, com queda de 2,1% para homicídios de mulheres brancas e elevação de 9,6% para negras.
“A polícia está nos bairros abastados, predominantemente brancos, que também têm segurança privada”, observa o pesquisador Julio Waiselfisz.
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