As exigências que sufocaram 30 anos de educação: quase R$8 mil de aluguel mensal, descontinuidade da educação infantil e o total controle administrativo e político pelo reitor
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo." Com esta frase, Nelson Mandela descreve a importância do ensino como mola propulsora de uma sociedade bem desenvolvida.
E quando o assunto é educação infantil, a importância é maior ainda. É na escola que os pequenos aprendem conceitos como a convivência com outros colegas, das mais diversas características. Da escola surgem os primeiros colegas, aprendem as primeiras palavras, brincam e se encantam com jogos, se jogam em artes, desenhos.
30 anos de história. 30 anos influenciando e marcando vidas. 30 anos educando e sobretudo, ajudando a lançar cidadãos para fazer o futuro do mundo. Lágrimas, surpresa, tristeza, comoção e incertezas tomaram conta da vida de dezenas de famílias nesta semana.
Em meio uma situação complicada, adultos que um dia viveram o momento ímpar de serem crianças, tiveram que transmitir para seus filhos, muitos ainda bem pequenos, que vai chegar um dia em que não farão aquele caminho diário. Dificilmente vão encontrar, em outro local, todos aqueles locais. Não terão suas professorinhas, com aquelas recreadoras que tornam a rotina e a diversão momentos de carinho, dedicação, mas também de correção.
"Eu chorei escondido, tive que juntar forças para contar para a minha filha que ela não vai ter mais a escolinha. Nós choramos juntas". Este relato é de uma mãe que possui uma aluna na escola e que, assim como dezenas de famílias, estão mesclando a tristeza, incerteza e uma busca que angustia por uma solução imediata.
Como se encerra uma escola?
O motivo: após 30 anos, o Centro Educacional da Universidade Federal de Lavras (CEUFLA) terá que fechar às portas. A escola é mantida e dirigida pela Associação dos Usuários do Núcleo de Desenvolvimento Educacional (AUNDE).
Nos últimos meses, medidas impostas pela Reitoria da Universidade Federal de Lavras a direção do centro educacional colocaram a escola em uma situação difícil. Isso acabou estrangulando a sua continuidade, culminando com o anúncio do encerramento de suas atividades.
A Reitoria exigiu a descontinuidade do ensino infantil, atividade está que representa nada menos que 50% da receita do centro. Além disso, exigiu um aluguel mensal de R$7.604,48, cujo valor proposto teria sido avaliado por imobiliárias.
A direção e o controle político do local também foi uma das pautas. Teria que ser feita alteração da estrutura administrativa da associação para fazer constar que o seu diretor seja indicado pelo reitor José Roberto Soares Scolforo, ou que a escolha passasse pela aprovação do dirigente. Esta medida seria uma forma do alto comando da instituição manter o controle da escola. O atual diretor do educandário foi opositor do atual reitor nas eleições internas de 2015.
As exigências feitas ao CEUFLA passam pelo controle absoluto do local pela estrutura de poder da Reitoria da UFLA. As melhorias de infraestrutura que porventura viessem a ser realizadas deveriam ser autorizadas previamente pela UFLA, mas seu custeio séria exclusivamente pela AUNDE.
Todas estas medidas contribuíram para o sufocamento de 30 anos de história da educação. Não somente as crianças estão perdendo, em pleno período letivo, o seu território, mas também 50 trabalhadores estão perdendo seus empregos, em um momento pelo qual o País registra números recordes de perda de postos de trabalho, alta inflação e endividamento das famílias.
Diante da repercussão extremamente negativa gerada pelas exigências administrativas e políticas da Reitoria, a universidade divulgou em seu site institucional uma nota, na manhã de ontem, quinta-feira, 10.
Com um texto frio, a Reitoria dirige à AUNDE as responsabilidades. Diz que não recebeu oficialmente a decisão da associação acerca do encerramento das atividades educacionais para o ano de 2017, que a decisão pelo fechamento é exclusiva da mesma e que a "UFLA não tem qualquer poder de ingerência sobre qualquer outra entidade ou instituição."
"Muito triste. Enquanto se constrói presídios, a violência aumenta, a corrupção se alastra pelo País, estão fechando escolas. São sonhos desfeitos de forma tão fria, colegas que serão separados, pessoas desempregadas", desabafa o pai de um garoto que estuda na escola.
Ele destaca ainda a situação difícil que tem passado após o anúncio do fechamento. "Estou correndo todos os dias, procurando escolas, indo até pessoalmente nos lugares e não acho vagas, Toda uma história desfeita na decisão de um gabinete insensível", destaca.
Um história de compromisso com a educação
Localizado no Campus Histórico da Universidade Federal de Lavras, o Centro Educacional foi inaugurado no dia 1º de agosto de 1987 com recursos do Ministério da Educação (MEC) e, vinculado diretamente à Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), hoje Universidade Federal de Lavras.
A iniciativa tinha por objetivo dar atendimento aos filhos de servidores da instituição. O nome de origem dado, inicialmente, a instituição foi Creche Escola Semente do Amanhã.
Até março de 1994, os recursos para manutenção da Creche Semente do Amanhã, vinham diretamente da universidade. Entretanto, a partir desse período, foram repassadas verbas mensais, diretamente aos servidores, para a manutenção de seus filhos no educandário em forma de assistência pré-escolar.
Atualmente, o Centro Educacional UFLA é aberto a toda comunidade lavrense. Encerra-se, de forma abrupta, três décadas de serviços prestados a educação.
Comentários
Enquanto fecha uma escola e acaba com a educacao .
Por falta de dinheiros ...
Ai alguns chefez dentro dessa ufla tem do bem e do melhor ...
Se procurarem saberem melhor os gastos q estao fazendo
Para se proprio poderiam apricar na escola..
Obrigado.
Essa frase resume tudo e as classes "mais letradas" agem com uma IGNORÂNCIA GIGANTE.