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UFLA SEDIA, COM SUCESSO, UM DOS MAIORES EVENTOS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO PAÍS

“Precisamos acompanhar a mudança no cenário brasileiro", destacou o presidente do 32º CNMS, professor Renzo Garcia


Com uma organização bem estruturada e um público engajado, a Universidade Federal de Lavras (UFLA), sediou na semana passada, um dos maiores eventos de ciências agrárias do país. 

Com cerca de 800 participantes, com duas conferências, mais de 40 palestras e de 400 trabalhos científicos em exposição, além de um showroom tecnológico, constituído de estandes, tendas e áreas descobertas para a exposição de máquinas e implementos agrícola, com mais de 20 empresas expositoras, durante cinco dias a universidade se viu com um intenso movimento por ocasião do 32ª edição do Congresso Nacional de Milho e Sorgo (CNMS).

O evento, promovido pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), foi realizado pela UFLA e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sendo a terceira edição realizada no Estado e a primeira na região Sul de Minas Gerais. 

No primeiro dia de evento, ocorrido no último dia 11, após a troca de experiências durante o I Workshop de Micotoxinas, no Salão de Convenções da UFLA, os congressistas se reuniram para a cerimônia solene de abertura no ginásio poliesportivo. 


O presidente do 32º CNMS, professor do Departamento de Agricultura (DAG) da UFLA, Renzo Garcia Von Pinho [foto], saudou os participantes e reforçou a necessidade de se repensar o sistema de produção das culturas do milho e sorgo de forma integrada. 

“Precisamos acompanhar a mudança no cenário brasileiro. Na maioria das regiões, o produtor deixou de produzir apenas milho e passou a trabalhar com um sistema mais complexo, incluindo várias culturas. Por isso, nessa edição do Congresso Nacional de Milho e Sorgo, o nosso objetivo é discutir soluções conjuntas para integrar com o sistema de produção de outras culturas. Não há dúvidas de que o conhecimento transmitido e a troca de experiências neste evento serão fundamentais para vencermos esses desafios”, ressaltou. 

Renzo reforçou também o empenho de toda a equipe envolvida no projeto durante quase dois anos para garantir o sucesso do evento. 

“É uma grande responsabilidade realizar um dos eventos mais importantes do Brasil na área de ciências agrárias, com mais de 60 anos de tradição. E isso foi feito por muitas mãos, com um empenho de muitas pessoas. Muito obrigado a todos!”


O presidente da ABMS e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Décio Karam [foto], falou sobre o histórico do evento, cuja primeira edição foi realizada em 1950, e sobre a evolução da agricultura nacional desde então. 

“Mesmo antes da criação da ABMS, pesquisadores, extensionistas e profissionais ligados à produção agrícola se reuniam para apresentarem seus resultados e debaterem a cultura do milho na Reunião Brasileira de Milho. Nos últimos 40 anos, a produção da cultura do milho e sorgo aumentou 407%: na última safra, foram colhidas 93 milhões de toneladas. A produtividade média atingiu 5560 kg, quantidade 240% superior àquela alcançada em 1976. E a pesquisa científica brasileira tem contribuído de forma substancial para o aumento dessa produção”, ressaltou.

História da UFLA é marcada pelo pioneirismo
O 32º CNMS fez parte da programação oficial de aniversário da UFLA, que completou 110 anos no dia 5 de setembro. 

Pioneira em pesquisas na área de ciências agrárias, a tradicional Escola Agrícola de Lavras (EAL) inovou em discussões e compartilhamento de conhecimentos a respeito do milho logo após sua fundação, já em 1915, quando realizou a I Exposição Nacional do Milho. 

Em 1923, o então diretor Benjamin Hunnicutt publicou o primeiro livro sobre a cultura do milho no Brasil com o título “Milho: sua cultura e aproveitamento no Brasil”. A obra, que contava com 12 capítulos e 304 páginas, foi publicada em editora formal: na Livraria Leite Ribeiro, do Rio de Janeiro.


Ao relembrar a tradição centenária da UFLA com a cultura do milho, tema principal do Congresso, o reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo [foto], reforçou a contribuição da Instituição para o avanço de toda a agricultura do País. 

“Foi aqui a gênesis da agricultura no cerrado, internacionalmente reconhecida. Até o início da década de 1970, o cerrado era considerado uma terra improdutiva. Mas a partir de um extenso trabalho do pesquisador Alfredo Scheid Lopes, em seus estudos de mestrado e doutorado, descobriu-se a possibilidade de correção do solo para agricultura por meio da incorporação de nutrientes, transformando terras inférteis em terras altamente produtivos. Foi um marco na história da agricultura brasileira”, ressaltou o reitor.

Entre os resultados dessa pesquisa, o então pesquisador e professor da UFLA Alfredo Scheid Lopes – hoje professor emérito – e o professor Pedro Sanches elaboraram um documento, em 1974, que trata sobre a criação de um Centro de Pesquisa para o Cerrado, projeto que posteriormente foi incorporado à Embrapa. 

O raro documento foi encontrado por Alfredo e rediagramado pela UFLA para presentear a Embrapa, na oportunidade da abertura do Congresso.  

Impactos das micotoxinas na saúde humana

Micotoxinas em milho: problema de saúde pública, afirma Rodrigo Veras

“É necessário reduzir o problema que não é apenas relacionado ao âmbito agronômico. É uma questão de saúde pública”. 

A afirmação, de autoria do pesquisador Rodrigo Veras da Costa, da área de Fitopatologia da Embrapa Milho e Sorgo, traduz a gravidade da contaminação do milho pelas micotoxinas, substâncias químicas tóxicas produzidas por determinados tipos de fungos.

Ele participou do I Workshop de Micotoxinas, atividade de abertura do 32ª edição do Congresso Nacional de Milho e Sorgo.

No milho, esses fungos podem proliferar desde a fase em que o cereal está no campo, de acordo com as condições de temperatura, umidade e presença de oxigênio. Esse atraso na colheita, bastante praticado pelos agricultores – com o objetivo de atingir a umidade ideal na lavoura, economizando tempo e dinheiro em etapas seguintes, como levar o cereal ao secador – aumenta ainda mais a ocorrência das micotoxinas.

“A permanência do milho no campo, por quaisquer questões operacionais, acarreta em um maior surgimento de fungos. As fumonisinas e as zearalenonas, micotoxinas provenientes de fungos da fase de pré-colheita, podem provocar o surgimento de determinados tipos de câncer”, enfatiza o pesquisador. Além do grave problema de saúde pública, a presença das micotoxinas provocam perdas diretas na produção e na produtividade das culturas, além de reduzir o valor comercial ou impedir a exportação dos produtos afetados.

No milho, Rodrigo Veras explica que os fatores que causam a contaminação estão relacionados a baixos níveis de resistência de determinadas cultivares, clima e outras condições diversas, além da incidência de insetos. “O milho Bt, nesse sentido, tem importância fundamental quando reduz os danos causados por insetos. Consequentemente, a ausência de danos nas espigas evitam a proliferação de fungos nas espigas e o desenvolvimento ainda maior do problema”, explica. 

Soja precoce e milho segunda safra compõem único sistema
Engenheiro agrônomo André Aguirre Ramos: "ninguém testa mais tecnologia que o agricultor"

Um panorama sobre a produção de milho no Brasil nos últimos 40 anos – desde o monocultivo do cereal aos sistemas integrados de produção – foi apresentado pelo engenheiro agrônomo André Aguirre Ramos, consultor da Aguirre & Ramos Consultoria, durante o XXXII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado em Lavras.

“O início do plantio direto, em 1975, e a importância do milho como agregador de rentabilidade ao sistema, é retrato do empreendedorismo do produtor brasileiro. Ninguém testa mais tecnologia que o agricultor”, disse.

Durante o final da década de 1970, com o início do sistema de plantio direto, limitações como o surgimento de novas pragas e doenças e problemas físicos do solo constituíam o cenário vivido por agricultores na adoção da chamada “safrinha” que, em 2012, ultrapassou a safra de verão em área plantada. 

“Nessa época, o termo ‘safrinha’ era associado a baixas produtividades. As sementes eram provenientes de sobras da safra de verão e os produtores tinham pouca ou nenhuma informação sobre manejo e novas tecnologias”, relata.

“Associado ao alto risco de plantio – época de geada e seca – era necessário complementar renda com a segunda safra. Dessa forma, o plantio de uma cultivar de soja precoce no verão era decisivo para semear o milho safrinha o mais cedo possível, em busca de maior potencial produtivo, aproveitando uma curta janela de chuvas. Nesse ponto, aconteceu o que chamamos de ‘boom’ do agronegócio brasileiro”, lembra o consultor. 

Hoje, o produtor de sucesso deve entender a implantação de duas ou mais culturas e não de uma única isolada, além de conhecer os processos de integração, como a Lavoura-Pecuária e a Lavoura-Pecuária-Floresta. 

O número de pessoas adultas desnutridas no mundo é de 500 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).  No total, 44% dos países vivem, ao mesmo tempo, sérios níveis de subnutrição e sobrepeso, incluindo obesidade – ambos são evidências de uma nutrição pobre.  As deficiências mais comuns são de ferro, zinco, iodo, selênio e vitamina A, destacando-se, sobretudo, nas crianças de países em desenvolvimento. O Brasil está entre os 51 países mais suscetíveis à prevalência da desnutrição, figurando ao lado da Etiópia e Indonésia.

Biofortificação: Enriquecimento de milho e sorgo no combate da má nutrição
Luiz Roberto Guimarães Guilherme explicou o sucesso de uma das tecnologias para se aumentar o teor de nutrientes dos alimentos desde o cultivo das plantas

No combate mundial da má nutrição, uma das principais estratégias em desenvolvimento no mundo são os cultivos de alimentos enriquecidos de micronutrientes. 

É a chamada ‘era da agricultura funcional’. Os desafios da criação desses superalimentos foi  um dos destaques do XXXII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado na Universidade Federal de Lavras. Na ocasião, o palestrante e professor do Departamento de Ciência do Solo (DCS) da UFLA Luiz Roberto Guimarães Guilherme explicou o sucesso de uma das tecnologias para se aumentar o teor de nutrientes dos alimentos desde o cultivo das plantas. 

“Com a biofortificação, técnicas de adubação do solo junto ao melhoramento genético aumentam o valor nutricional dos produtos, o que pode resolver o problema da subnutrição sobretudo da população de baixa renda”, afirma.

Não é por menos que os esforços dos acadêmicos, centros de pesquisas e empresas agropecuárias já chegou no enriquecimento de milho e sorgo. 

Entre 15% e 30% da população mundial consomem milho, principalmente do tipo geneticamente modificado. Seu uso em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo, cerca de 70%, no mundo. "Na cadeia animal, os benefícios do cereal ainda chegam ao ser humano que se alimentou do animal cuja dieta é baseada no milho", informou.

Já o sorgo é o quinto cereal mais consumido do mundo, superado apenas por trigo, arroz e milho. É cultivado em áreas e situações ambientais muito quentes ou secas. Mais de 35% da produção mundial é utilizada para consumo humano,  na forma de farinhas e amigo na produção de pães, bolo, biscoitos, "snacks" e enriquecendo preparações.  A maior parte da produção do sorgo também vai para animal, na forma de ração e forragem. 

No mundo, programas de biofortificação de milho e sorgo cultivam cereais com maiores teores de vitamina A, ferro e zinco, por exemplo. 

"Após dez anos de pesquisas, a Rede Brasileira de Biofortificação e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram um milho fortificado com quantidade de pró-vitamina A (carotenoides) cerca de quatro vezes superior à encontrada em cultivares comuns do cereal", contou.  A pró-vitamina A se transforma em vitamina A a partir de reações químicas no organismo. Entre suas funções estão a manutenção de uma boa visão, uma pele saudável e um bom funcionamento do sistema imunológico.

com assessorias da UFLA e Embrapa Milho e Sorgo

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