Pular para o conteúdo principal

CIDADÃOS SUL-MINEIROS AFIRMAM QUE PAGAM IMPOSTOS ALÉM DA CONTA

Cerca de 90% da população sul-mineira concorda que paga impostos demais, aponta pesquisa da UNIFAL-MG

*Por Giovanna Rayra de La Cruz Machado

Quase 90% da população sul-mineira concordava com a afirmação de que paga impostos demais. A parcela da população que tem essa opinião se mostrou grande nos principais municípios da região Sul de Minas Gerais. O levantamento feito apontou que o percentual de cidadãos que pensavam assim era alto: mais de 87% em Alfenas, mais de 89% em Poços de Caldas e mais de 90% em Varginha.

Gráfico 1. Percentual de concordância por município(Fonte: Pesquisa Identidade Sul-Mineira, UNIFAL-MG, 2022)

A questão tributária é assunto central dentro do rol de reclamações por parte dos brasileiros, e a discussão tem aumentado com o debate sobre a nova reforma tributária. Apesar de haver diferenças entre os rendimentos dos cidadãos, as diferentes classes socioeconômicas demonstram concordar no que diz respeito à taxação. Quando comparadas entre si, independentemente de ganho mensal, o percentual de afirmação por parte dos cidadãos de que paga impostos demais varia pouco: está em 64% para os de menor renda e 66% para os de maior renda.

Gráfico 2. Percentual de concordância por faixa de renda
(Fonte: Pesquisa Identidade Sul-Mineira, UNIFAL-MG, 2022)

Segundo pesquisas, a parcela mais pobre da população é a que mais paga impostos no Brasil, por meio dos impostos indiretos. As classes baixas representam cerca de 84% da população e são: C (renda mensal domiciliar entre R$ 2,9 mil e R$ 7,1 mil), D e E (renda mensal domiciliar entre R$0,00 e R$ 2,9 mil). (Confira em: https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/classes-d-e-e-continuarao-a-ser-mais-da-metade-da-populacao-ate-2024-projeta-consultoria/)

Este problema afeta grandemente a realidade das pessoas: se um trabalhador que recebe um salário mínimo comprar o mesmo produto que um milionário, ambos serão taxados de maneira igual. A parte mais abastada é taxada de maneira desproporcional ao seu ganho, já que o que é uma boa quantia de dinheiro para uma pessoa de renda menor não é o mesmo para uma pessoa com melhores condições financeiras. Dessa forma, acontece uma manutenção indireta da dinâmica de desigualdade social e econômica no país. Outro ponto de crítica é a complexidade do sistema tributário, já que existem mais de 80 tributos diferentes. Não há maneira fácil de se inteirar sobre o assunto, já que a burocracia, por sua vez, é um agravante para a incompreensão das obrigações tributárias por parte dos contribuintes. Contudo, é evidente que existe alta carga de impostos com a qual o cidadão brasileiro precisa arcar. Do consumo nacional do país, 33% do que se gasta são referentes a impostos.

O tema da tributação brasileira ganhou mais espaço nas discussões principalmente após o período pandêmico da COVID-19, durante o qual aconteceu um considerável aumento da desigualdade social.

Ao verificar a opinião da maior parte da população sul-mineira e do município de Alfenas, que é preponderantemente negativa quanto à carga de impostos paga, nota-se a necessidade de rever o modo de operação da tributação brasileira. Torna-se premente considerar as demandas da população no sentido da reforma tributária, de modo a buscar assegurar qualidade de vida a todas as classes sociais.

Os dados analisados são da Pesquisa Identidade Sul-mineira, realizada pela UNIFAL-MG, que entrevistou 1320 moradores em 20 municípios do Sul de Minas entre os dias 14 de maio e 11 de junho de 2022. O Sul de Minas é entendido como um conjunto de 162 municípios que fazem parte das regiões intermediárias de Pouso Alegre e Varginha.

Acesse a pesquisa completa em: Identidade Sul-Mineira: Diagnóstico cultural, social, político e econômico do Sul de Minas Gerais”

Sobre a autora
Giovanna Rayra De La Cruz Machado é acadêmica do curso de Ciências Sociais (Bacharelado) da UNIFAL-MG e integrante do projeto de extensão “A imaginação sociológica e o Sul de Minas”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BOLSONARO CONDENADO

Nesta quinta-feira (11), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, condenar os oito réus do Núcleo 1 da ação penal 2668, a trama golpista. A AP 2668 tem como réus os oito integrantes do Núcleo 1 da tentativa de golpe, ou “Núcleo Crucial”, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR): o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF; o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (réu-colaborador); o ex-presidente da República Jair Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. A acusação envolveu os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de E...

NOTA À IMPRENSA

A Cemig informa que os desligamentos de curta duração (piques de energia) percebidos em Ribeirão Vermelho e em alguns bairros de Lavras na noite desta terça-feira (22), foram decorrentes de manobras operativas para remanejamento temporário de cargas entre circuitos, devido a uma intervenção emergencial na rede de energia que abastece parte da cidade. Os piques de energia também aconteceram após a conclusão dos serviços, durante as manobras para retornar o sistema elétrico à sua configuração original. A companhia esclarece que, embora os piques de energia causem incômodo, foram imprescindíveis para evitar uma interrupção do fornecimento de energia de maior duração, que traria mais prejuízos à população. A Cemig destaca que estão previstos investimentos na modernização da subestação de energia instalada na cidade de Lavras. As obras, que serão iniciadas na próxima semana, trarão ganhos significativos à melhoria do sistema elétrico na região.

GRANA NO CAIXA

Entre julho e setembro deste ano de 2023, os municípios receberam um valor menor de Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Essa redução foi por conta da redução do ICMS dos combustíveis feita na gestão do ex-presidente Bolsonaro. Para compensar essas perdas que atingiram negativamente as receitas dos municípios brasileiros, o Governo Lula está repassando R$ 4 bilhões para os municípios brasileiros. Com isso, o município de Lavras acaba de receber mais de 1,9 milhões de reais para cobrir essas perdas e manter os recursos da prefeitura sem prejuízo.