O prefeito eleito de Barbacena, nas Vertentes, Toninho Andrada (PSDB) falou em entrevista, sobre os seus planos e objetivos para a cidade. Confira:
Como o senhor analisa os resultados eleitorais em Barbacena?
Toninho Andrada –Na democracia com voto secreto a
eleição reflete a livre manifestação do povo, que é soberana e decisiva,
e em Barbacena não foi diferente. A população fez sua escolha, entre
continuar ou mudar, e optou por alterar todo o quadro dando a vitória à
oposição. Foram duas campanhas bem distintas. A nossa foi muito
propositiva, apontando os erros administrativos atuais e apresentando
programasalternativos bem definidos e uma clara mensagem de resgate do
papel da administração pública e do potencial da cidade.
Eu e meu vice, o
professor Mário de Melo, percorremos a cidade com uma mensagem de
otimismo, de confiança no futuro, mesmo diante de tantos problemas. A
campanha governista, sem resultados práticos para levar à população,
tentou apropriar-se de programas federais e apelou para ataques com
boatos e até se esforçando para amedrontar setores menos esclarecidos da
população, utilizando-se do peso da máquina governamental.
Não
funcionou porque a população está desejosa de um governo municipal que
rompa este estilo provinciano de política e oferte à cidade políticas
públicas ousadas que possam nortear o nosso desenvolvimento. A política
só tem sentido como instrumento de realização social, e a cidade está
cansada das ações políticas que não levam isto em conta.
Qual a marca que o senhor pretende imprimir ao seu futuro governo?
Toninho Andrada -A de um governo de resultados
práticos para a população, em todos os setores. A nossa meta é dotar o
cidadão comum da percepção de que o governo funciona e de que ele traz
soluções para os problemas que o atormentam. Agiremos com muito
planejamento e muito diálogo, abrindo canais para participação da
sociedade, das comunidades, das instituições e do cidadão. Faremos um
governo para a cidade, acima de questões menores da política. Nossa meta
é o trabalho de recuperação do tempo perdido, e para isso buscaremos
apoio e sustentação onde for necessário.
O senhor foi eleito com 48,97% dos votos válidos, mas no
cômputo geral os votos nulos tiveram 15,01% e os que não compareceram
para votar foram 16,59%. O que extrair destes números?
Toninho Andrada – Atingi quase 50% dos votos válidos, um índice muito alto que revela o acerto da nossa estratégia propositiva na campanha. Asanálises
de resultados eleitorais não devem ser feitas isoladamente, mas sempre
dentro de contextos atuaise de referências anteriores. Nas eleições
municipais de 2008 em Barbacena a abstenção foi de 13,60%, contra 16,59%
que deixaram de votar em 2012. A variação foi pequena e não diz muita
coisa. O índice de abstenção em Barbacena foi inferior à média nacional
de 17,46%, e praticamente igual à média mineira de 16,36%.Os votos nulos
aumentaram em relação a 2008, passando de 7,05% para 15,01%, num
crescimento de 7,96%. Talvez o julgamento do mensalão pelo Supremo
Tribunal Federal e a campanha local pelo voto nulo possam ter
contribuído, mas podemos verificar que a variação ocorrida em Barbacena
seguiu uma tendência nacional. De 2008 para 2012, os votos brancos em
Barbacena passaram de 3,81% para 4,30%, uma variação inferior a 0,5% e
menor que os votos brancos da capital que foi de 5,79%. De qualquer
forma, são índices que precisam ser analisados.
Como a classe política pode agir para melhorar estes índices?
Toninho Andrada -Na medida em que os governantes e
mesmo a classe política dirigente não apresentam resultados
governamentais razoáveis para as demandas da população, haverá sempre
uma reação pelo descrédito do sistema político como elemento que deveria
proporcionar melhorias para a sociedade. Entendo que a melhor maneira
de enfrentar o problema é o trabalho eficiente que estimule o cidadão a
acreditar que sua participação sempre valerá à pena, e que apesar das
dificuldades o sistema pode funcionar bem.
Com a ampliação para 15 cadeiras, a Câmara Municipal terá 53,3% de renovação em seus quadros. Isso é positivo?
Toninho Andrada –É a vontade popular e tem que ser
respeitada. A vontade de mudança no Executivo pode ter também
influenciado o resultado nas eleições legislativas. O conjunto das ações
dos poderes locais não foi bem avaliado pela população nas eleições;
este foi o recado das urnas. Mas é importante destacar que pela primeira
vez em sua história, a renovação no Legislativo Municipal levará três
mulheres ao seu plenário: Gracia Araújo, Marilene Franco e Vânia de
Castro.
Os partidos que apoiaram sua candidatura elegeram 9
vereadores que serão a maioria daquela Casa. O que o senhor espera da
relação com o Poder Legislativo?
Toninho Andrada – Ao articular as coligações
legislativas e o leque de apoios partidários sempre tive em mente
assegurar um resultado satisfatório na composição da futura Câmara
Municipal. O apoio de 120 candidatos a vereador foi importantíssimo para
a vitória eleitoral, mas a nossa estratégia visou também o futuro
governo. Fizemos composições e coligações bem equilibradas que
garantiram 9 cadeiras e a maioria no plenário.Tenho bom relacionamento
com vários vereadores eleitos pela futura oposição. Estarei sempre
aberto ao diálogo institucional e pretendo ter uma relação de parceria
com o Legislativo Municipal.
Como se dará a transição para a sua futura gestão?
Toninho Andrada –No plano institucional faremos os
devidos contatos com a gestão municipal para que possamos organizar
grupos de trabalho que farão os levantamentos necessários para o
conhecimento mais amplo possível da realidade administrativa atual. No
plano político, pretendo ouvir e consultar diversos setores da sociedade
antes de decidir acerca do perfil da futura equipe de governo. Os nomes
a serem indicados deverão estar aptos a implantar as políticas públicas
que a cidade precisa nas respectivas áreas de atuação.
O senhor pretende alterar o atual formato da administração municipal?
Toninho Andrada -O atual modelo é muito semelhante
ao que organizei na minha gestão anterior de 1993/96, quando implementei
ampla reforma administrativa, com a criação de autarquias, secretarias e
órgãos municipais. Pouca coisa mudou na estrutura de governo da cidade
de lá até hoje, mas o mundo mudou muito e os modelos de gestão também.
Otimizar a gestão dando contornos mais ágeis e eficientes à máquina
pública é fundamental para que ela consiga praticar políticas sociais,
obras e serviços que deem resultados significativos para a população. E
para recuperar a capacidade gerencial e realizadora do governo
municipal serão necessárias alterações na sua estrutura e na sua
concepção, que estão presas a modelos do passado.
Em toda a região, o senhor foi praticamente o único candidato tucano eleito para administrar uma cidade de porte médio.
Toninho Andrada –Tenho excelentes relações políticas
com o governador Antônio Anastasia e o Senador Aécio Neves, líderes do
PSDB estadual, e contamos ainda com as presenças dos deputados Bonifácio
Andrada, integrante do diretório nacional, e Lafayette Andrada como
líder do partido no Legislativo Mineiro. O fato de ser o único tucano a
administrar uma cidade de porte médio na região poderá dar mais
visibilidade à cidade, mas não altera o quadro político, mesmo porque
muitos dos que venceram nestas cidades ou assumirão o governo no segundo
turno são da base de apoio ao governo de Minas.
Quando o senhor deverá anunciar sua equipe de governo?
Toninho Andrada – Possivelmente na segunda quinzena
de dezembro. Primeiro cuidarei da transição, dos levantamentos de dados,
das medidas de adequação e enxugamento da máquina e somente depois
pensarei em nomes.
E quem fará a interlocução política do futuro governo até a sua posse?
Toninho Andrada – Quando for iniciada a transição
administrativa criarei grupos de trabalho que agirão tecnicamente, com o
único objetivo de levantamento de dados. A condução política de todo o
processo será feita por mim, diretamente. Estarei em permanente contato
com os companheiros de jornada política e com os diversos setores e
instituições da nossa sociedade, consultando e ouvindo a todos.
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