quarta-feira, 7 de julho de 2010

TECNOLOGIA DESENVOLVIDA NA UFJF DETECTA TUMORES NA MAMA

Técnica desenvolvida por mastologista de Juiz de Fora se mostra eficaz na localização de nódulos na mama e na segurança da retirada do tecido lesionado. Material não apresenta riscos, como o iodo, garante médico

Um polímero sintético extraído de silício, desenvolvido pelo mastologista Geraldo Vitral, de Juiz de Fora, na Zona da Mata, tornou mais segura e eficaz a retirada de minúsculos tumores na mama, suspeitos de serem malignos. A substância, que integra um kit composto por polímero, agulha e seringa, será comercializada este ano por empresas de Manaus (AM) e São Paulo (SP). Elas adquiriram a patente do produto, batizado de BLD Marker (sigla em inglês que significa marcador da lesão mamária). “O polímero proporciona maior precisão cirúrgica que o contraste iodado radiológico”, conta Vitral.

O iodo, usado atualmente, é inserido na região do tecido da lesão suspeita por meio da técnica Roll (sigla em inglês para localização radioguiada de lesões ocultas), desenvolvido pelo Instituto Europeu de Oncologia, em 1996. O procedimento permite a marcação de lesões mamárias não detectáveis por palpação durante o procedimento cirúrgico, com o uso de ultrassonografias ou mamografias. No entanto, por utilizar o contraste iodado, a técnica apresenta dois problemas: risco de reações alérgicas, além de grande e rápida dispersão tecidual desse meio de contraste. “Ela não funciona adequadamente”, salienta o mastologista.

Já o polímero sintético polidimetilsiloxano (PDMS), que usará o mesmo método para ser injetado na mama, não apresenta qualquer restrição à sua aplicação em nenhum tipo de paciente. A substância permanece em contato com o corpo do paciente por um curto espaço de tempo — cerca de três horas. Ela não é absorvida pelo organismo e é retirada juntamente com a lesão.

O repasse da tecnologia do PDMS para a iniciativa privada foi feito pelo Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt/UFJF). A Universidade Federal de Juiz de Fora receberá royalties sobre a comercialização do produto. O BLD Marker aguarda o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde março. A pesquisa de Vitral foi apresentada em congressos e publicada, em 2008, na Revista Brasileira de Mastologia. Além de receber prêmios internacionais, o estudo foi o único brasileiro selecionado para o 11° Congresso de Câncer de Mama de Milão, na Itália, no ano passado.
por Ricardo Beghini, do Correio Brasiliense

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