“Isto é batalha vencida!”. É a opinião da diretora-geral do Centro Socioeducativo de Uberlândia (Ceseu), Bárbara Accioly Carvalho, em relação a qualquer suposto preconceito contra mulheres que ocupam cargos na direção-geral de instituições predominantemente masculinas. Bárbara Carvalho cuida da unidade do Triângulo Mineiro, na qual 132 jovens cumprem medidas socioeducativas e trabalham 236 pessoas.
No quadro de funcionários estão agentes de segurança socioeducativa, professores, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos, oficineiros de atividades artísticas, dentistas, enfermeiros, pessoal da cozinha, faxina e outros.

Para ela o respeito é uma constante nos relacionamentos, tanto com aqueles que desempenham funções na unidade, quanto com os jovens internados. “Já passei por situações em que um adolescente faltou com a educação e foi chamado atenção, na mesma hora, por outros jovens.”
Distante mais de 700 quilômetros de Uberlândia, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, trabalha na direção-geral da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, Ândrea Valéria Andries Pinto. A unidade tem quase 700 detentos. “Nunca senti preconceito por parte de nenhum preso, no entanto já percebi em funcionários, mas é algo do passado”, relata a diretora, que está no cargo há oito anos.
Para o subsecretário de Administração Prisional, Antônio de Padova Marchi Júnior, a presença de mulheres na direção-geral de unidades prisionais segue o mesmo caminho visto em diversas áreas da sociedade. “A procura por vagas em concursos da Seds também demonstra o interesse das mulheres pelo trabalho no Sistema Prisional”, reforça o subsecretário.
Orgulho
Encontrar por acaso com ex-detentos em uma avenida, praça ou até mesmo dentro de um supermercado é fato comum na vida das mulheres diretoras de unidades da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Não em uma situação de risco, como um assalto, mas em um encontro amigável, no qual a pessoa conta como está sua vida.


Situação semelhante passou a diretora-geral do Complexo Penitenciário Estevão Pinto, Natália Nascimento Rodrigues. A unidade, situada no bairro Horto, em Belo Horizonte e tem mais de 400 presas. Natália comprou um sapato em uma loja, com uma vendedora que havia cumprido pena na Estevão Pinto. “Também já estive com ex-detentas em cerimônias de colação de grau. Elas formaram-se em Direito e Fisioterapia e fui convidada para assistir. Fatos como este deixam toda a equipe da Estevão Pinto bem feliz.”
Em Uberlândia, a diretora Bárbara Carvalho, costuma receber ligações de jovens que estiveram no Centro Socioeducativo para cumprir medidas. “Eles e os pais fazem questão de falar sobre as mudanças positivas ocorridas após a internação. Isto é resultado de um trabalho de equipe e traz grande motivação”, revela Bárbara.
O subsecretário de Atendimento às Medidas Socioeducativas, Antônio Armando dos Anjos, explica que mesmo em unidades masculinas a presença de mulheres em outros cargos também é predominante. “Estas profissionais fazem um trabalho precioso, merecedor de muita valorização”, reforça o subsecretário.
Dedicação

A disposição para resolver problemas é uma unanimidade entre as diretoras. Seus celulares ficam ligados 24 horas, até nas férias. “Sinto falta quando não me telefonam, mas fico tranquila, pois a equipe é preparada e competente”, fala com orgulho a diretor-geral Ândrea Pinto.
Bárbara, Natália e Elizabeth também fazem questão de ressaltar a competência de suas equipes. Elas valorizam e agradecem o empenho de todos os servidores de suas unidades.
Das 148 unidades da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), 15 têm mulheres como diretoras-gerais. Na Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), há 26 mulheres no cargo de diretora-geral, nas 33 unidades socioeducativas.
Para a diretora Natália Rodrigues, com 29 anos de trabalho no Sistema Prisional, as mulheres têm totais condições de assumir qualquer cargo em unidades prisionais. Quanto a um homem assumir a direção do Complexo Penitenciário Estevão Pinto, Natália é categórica: “é possível, mas é preciso ter a capacidade de compreender o universo feminino.”
texto - assessoria SEDS
arte - Patrícia Mendonça
Nenhum comentário:
Postar um comentário