O ano que se inicia é um momento importante para o país. Estaremos dando os primeiros passos de uma nova década e o que fizermos agora terá reflexos lá na frente. Portanto, já é hora de refletirmos sobre o Brasil que queremos a médio e longo prazo. O tempo é de plantio, aproveitando o bom momento em que vivemos, para que a colheita seja farta décadas à frente. E os horizontes são os mais promissores para o Brasil. Segundo a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura) até 2050 o mundo terá 9,1 bilhões de habitantes. Hoje somos 6,8 bilhões. O crescimento demográfico e a elevação do poder aquisitivo nos países mais populosos representarão oportunidades de mercado. Até 2050, será necessário aumentar em 70% a produção de alimentos e em 47%, a de energia. Por todo o potencial que dispõe, o Brasil poderá elevar substancialmente sua participação no comércio internaciona como um grande fornecedor de comida e energia.
E com todas as possibilidades pelas quais sempre esperamos pela frente, o que tem sido feito pelo governo para preparar o país para o futuro? Pouco, muito pouco. Isso é o que podemos concluir ao analisar o Relatório de Competitividade Global, divulgado em setembro, pelo World Economic Forum. O relatório aponta que, entre 133 países avaliados, o Brasil é o 56º em competitividade. Em 2007, ocupava 72º lugar. No entanto, a melhora no ranking não foi o resultado de políticas públicas de estímulo à produção, mas à capacidade de inovação do setor privado. Só para citar alguns pontos do relatório: entre os 133 países avaliados, o Brasil ficou na última colocação no quesito impacto dos impostos e tem a 2ª pior regulação estatal. Só quatro países desperdiçam mais dinheiro público que o Brasil. Temos o 10º pior desempenho em matemática e o sistema de educação, apesar de ter subido da 117ª para a 103ª posição, ainda está bem distante dos líderes.
A revista britânica The Economist do último dia 14 de novembro trouxe a reportagem de capa intitulada “Brasil decola”. A revista diz que o Brasil irá se tornar a 5ª maior economia do mundo até 2014 e que atravessa o seu melhor momento. E conclui que o presidente Lula tem sorte, já que está colhendo os frutos de um boom de commodities e trabalhando a partir da sólida plataforma construída por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. E o PSDB tem uma parcela muito expressiva de contribuição. As duas gestões do governo Fernando Henrique Cardoso foram estruturantes: o Plano Real foi o marco zero para a estabilização da economia e para a recuperação do poder de compras das famílias. São ainda heranças dos governos tucanos a rede de proteção social, formada pelos programas de complementação de renda como o Bolsa Alimentação, o Bolsa Escola e o Vale Gás; o Pronaf, de estímulo à agricultura familiar, mantido pelo atual governo; e a inauguração de um modelo mais transparente e moderno de administração pública com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que entrou em vigor em maio de 2000.
Nos últimos seis anos, enquanto o PIB cresceu 27%, a máquina pública inflou 80%. E para fechar as contas do governo, o cidadão é esfolado pela cobrança de impostos. Esse descompasso gerado pelos gastos excessivos compromete o futuro do país e retira da sociedade recursos que, ao invés de serem investidos em setores essenciais – saúde, educação, infraestrutura e segurança - são destinados apenas ao funcionamento da máquina e nada mais. Isso explica o desempenho do Brasil no Relatório de Competitividade Global. Não existe nenhuma ação social mais eficiente do que a boa aplicação dos recursos públicos, em especial na saúde, na educação, em treinamento, na segurança pública. E nada substitui o emprego. No entanto, para que as oportunidades de trabalho surjam, é preciso que o país cresça acima de 5% ao ano até 2020. O futuro será melhor se fizermos escolhas baseadas nos projetos que serão propostos para o Brasil. E comecemos o novo ano cheios de esperanças e preparados para contribuir com os desafios que o país terá pela frente. E já encerrando, aproveito para desejar a todas as famílias brasileiras que 2010 seja repleto de alegrias.
Duarte Nogueira é deputado federal pelo PSDB-SP
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