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PROFESSORES APONTARAM ÁREAS PREDISPOSTAS A RISCO GEOLÓGICO ELEVADO

Em artigo científico publicado em julho de 2019, pesquisadores mostram que as regiões com maior predisposição de risco geológico em Belo Horizonte são Nordeste, Norte e Leste

Sucessivos alertas de risco geológico foram emitidos pela Defesa Civil de Minas Gerais após as fortes chuvas que atingiram Belo Horizonte nas últimas semanas. A medida é adotada quando há riscos relacionados à vulnerabilidade de uma área por causa de fenômenos de natureza geológica, tais como deslizamentos ou escorregamentos de solo, assoreamentos e inundações.

Em 2019, já atentos a este problema que ocorre com relativa frequência na capital mineira, os professores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) Ricardo José Gontijo Azevedo, Malena Silva Nunes e o então aluno do curso técnico em Meio Ambiente e bolsista, João Pedro Martins da Cruz, que compõem o Grupo de Pesquisa Ensino de Geografia, realizaram um cruzamento entre as áreas predispostas a risco geológico elevado no município e o zoneamento determinado pela legislação municipal.

O interesse em investigar o tema partiu de experiências anteriores do grupo de pesquisa, atualmente coordenado pelo professor Ricardo Gontijo, que trabalhou com questões relacionadas à temática do Planejamento Urbano e sentiu-se motivado a criar um projeto sobre vulnerabilidade socioambiental em Belo Horizonte.

O resultado do estudo intitulado “Planejamento urbano e áreas predispostas a risco geológico em Belo Horizonte: Limitações da lei de parcelamento, ocupação e uso do solo”, foi publicado em julho de 2019 na revista científica Caminhos de Geografia, do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O trabalho também foi apresentado na 12ª Semana de Ciência e Tecnologia no CEFET-MG, em 2016.

A investigação mostrou que as regionais que se destacaram com a presença de área predisposta a risco geológico elevado são Nordeste, Norte e Leste, com 34,91%, 32,02% e 30,19%, respectivamente. Todas apresentaram mais de 15% de sua área em locais cujas características litológicas, morfológicas e hidrológicas condicionam a ocorrência de eventos geológicos capazes de causar perdas significativas.

“As áreas de ocorrência de inundações em Belo Horizonte são, historicamente, as mesmas. As áreas mais rebaixadas, coincidentes com antigos leitos de rios (hoje canalizados) são as que sofrem, ano após ano, com alagamentos, inundações e enchentes. Além disso, as encostas com declividade mais acentuada também são regularmente atingidas por deslizamentos que se agravam no período chuvoso”, comentaram os pesquisadores Malena Silva e Ricardo Gontijo.

A pesquisa também mostrou que as áreas predispostas a risco geológico elevado em Belo Horizonte equivalem a 85,11 km², correspondendo a 25,7% do território. Ou seja, pouco mais de 1/4 do município apresenta características físicas que propiciam a ocorrência de eventos geológicos de intensidade elevada capazes de causar danos à população. Para chegar a estes resultados, os pesquisadores, utilizando o software ArcMap, fizeram uma sobreposição das bases cartográficas de áreas predispostas a risco geológico elevado e do zoneamento municipal.

Sugestões – A partir dos dados obtidos investigação, os pesquisadores trazem algumas orientações que podem colaborar para amenizar a ocorrência de risco geológico em Belo Horizonte. A ampliação das áreas permeáveis no município e a criação de mecanismos que melhorem a captação das águas das chuvas são algumas das medidas urgentes a serem tomadas. Desta forma, seria evitado que um volume excessivo de água escoe superficialmente sobrecarregando os sistemas de drenagem.

Do ponto de vista da urbanização, uma medida importante seria incentivar projetos de habitação popular; evitando que áreas de vulnerabilidade ambiental sejam ocupadas.

O grupo de pesquisa também ressalta a importância de que programas públicos, como o Programa Estrutural em Áreas de Risco (PEAR), desenvolvido pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (URBEL), sejam ampliados e praticados em todo o município, especialmente nas áreas em que há risco geológico elevado em zonas permissivas à ocupação.

“Os locais considerados como zonas permissivas devem se tornar prioritários ao serem discutidas alterações nas legislações que influenciam no uso e na ocupação do solo no município”, destacam os pesquisadores.

da assessoria do CEFET-MG

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