Os olhos de Gabriela Carvalho, 26 anos, marejam de orgulho quando ela se lembra das conquistas pessoais. Filha de um porteiro e de uma manicure, estudou a vida inteira no ensino público até cursar uma faculdade de jornalismo particular, concluída graças ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Em relação aos pais, teve oportunidade de estudar mais, de conquistar acesso mais amplo a informações e transformou-se na formadora de opinião da família. Ela integra a nova classe média brasileira, composta por famílias com renda mensal domiciliar total entre R$ 1.064 e R$ 4.561. Em 2014, o grupo que envolve a jornalista e outros 29,4 milhões de jovens entre 18 e 34 anos da classe C será maior que o total de eleitores das classes A e B juntas.
Esse dados fazem parte de uma pesquisa realizada pelo Data Popular e que será apresentada, em 8 de agosto, na capital federal, no seminário Políticas Públicas para uma nova classe média, idealizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). O governo tem uma preocupação social com essa fatia da população, principalmente para não haver retrocesso econômico na vida delas. Isso, claro, poderia trazer um prejuízo eleitoral enorme.
É de praxe que a classe média seja o fiel da balança nas eleições de vários países. No Brasil, porém, isso é diferente. A classe C tem a maioria absoluta. Em 2010, essa fatia correspondia a 52% dos eleitores. Em 2014, a porcentagem será ainda maior: 57%. Isso significa que os 71,25 milhões de brasileiros da classe C podem decidir sozinhos o próximo presidente do país e toda a configuração do Congresso. Partidos e candidatos em potencial para as eleições de 2014 estão de olho grande nos jovens eleitores – não só da nova classe média –, mas como de outros níveis sociais. Os brasileiros com idades entre 18 e 24 anos, por exemplo, não se interessam tanto em política por questões partidárias.
por Igor Silveira e Leandro Cavalcanti, do Estado de Minas
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