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PRODUÇÃO DE 'BERRIES' AVANÇA E EXPORTAÇÕES DE FRUTAS TRADICIONAIS CRESCEM EM MINAS

Cultivo de frutos que antes eram importados se expande no estado, enquanto vendas externas dos principais produtos da fruticultura mineira ganham mercado com apoio do Governo

O produtor Francisco de Assis Vilas Boas abandonou a plantação de batatas e, agora, se dedica à produção de berries
Frutas que até pouco tempo só ocupavam as prateleiras de produtos importados caíram no gosto dos brasileiros. 

De olho nesse mercado, produtores mineiros têm apostado e obtido sucesso no cultivo de frutas do grupo das berries, populares nos Estados Unidos.

O strawberry (morango) é um velho conhecido no Brasil, e sua produção em Minas Gerais está em escala ascendente. 

Agora, entraram em cena a raspberry (framboesa), o blueberry (mirtilo) e a blackberry (amora-preta). Enquanto esse mercado desponta no estado, as exportações mineiras de frutas consideradas tradicionais, como limão, abacate e abacaxi crescem.

O produtor Ricardo Chermont em sua loja 
Há dez anos, Ricardo Savi Sacarponi Chermont trocou a vida agitada na capital paulista, onde trabalhava no mercado financeiro, pelo campo. 

“Fui morar em Atibaia, no interior de São Paulo, e comecei a procurar uma terra boa para plantar eucalipto, até que cheguei a Minas e comprei um sítio de 30 alqueires”, conta. Hoje, ele cultiva morango, blueberry e blackberry no município de Cambuí, no Sul de Minas.

Com o sucesso da iniciativa, Ricardo criou uma marca própria e abriu uma loja em Atibaia. “Tenho quatro câmaras frias com capacidade para estocar até 50 toneladas de frutas, que vendo congeladas. Meu próximo plano é abrir uma franquia da loja”, comemora.

O cultivo de berries é feito em pequena escala nas propriedades, mas o alto valor agregado dessas frutas tem atraído cada vez mais produtores. De acordo o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Emerson Dias Gonçalves, o quilo de blackberry chega a ser vendido por R$ 15 no mercado, e o de raspberry por até R$ 25.

O produtor Francisco de Assis Vilas Boas abandonou a plantação de batatas na cidade de Maria da Fé, no no Sul de Minas, para produzir as duas berries. “A mudança valeu a pena. Hoje, eu e meu sócio colhemos, por ano, duas toneladas de raspberry e cerca de três toneladas de blackberry. Vendemos tudo congelado. Agora, estamos pensando em produzir geleia e suco dessas frutas”, diz.

Futuro promissor
Histórias de sucesso como as de Ricardo e de Francisco entusiasmam os novos produtores de berries. Em 2013, o turismólogo Daniel Batagin Humada iniciou o cultivo de strawberry, blueberry e blackberry em Marmelópolis, no Sul do estado. A produção ainda é incipiente, mas ele acredita em um futuro promissor.

Strawberry cultivado por Daniel Batagin Humada, produtor de berries desde 2013 
“Plantei cem mudas de blueberry e agora vou plantar mais cem. A primeira colheita só deve acontecer daqui a três anos. Vale a pena esperar, porque o preço de um quilo sai a R$ 70. Enquanto isso, vivemos da lavoura de strawberry orgânico, que tem um preço melhor e retorno mais rápido” (Ouça aqui o depoimento de Daniel Batagin).

Diversificação
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) incentiva a diversificação da fruticultura no estado. Segundo o coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, o cultivo de berries tende a crescer em Minas.

“Temos condições para produzir frutas tropicais, subtropicais e temperadas e situações especiais durante o ano todo. Hoje, já é possível produzir strawberry até em localidades com altas temperaturas, como Montes Claros”, assinala.

De Minas para o mundo
Enquanto novas culturas avançam no estado, as exportações de frutas cujo cultivo já é tradicional em Minas estão em ritmo acelerado. 

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) e do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as vendas mineiras de frutas e seus derivados para o mercado externo aumentaram 30,3% entre janeiro e maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2016, totalizando US$ 2,8 milhões. Holanda (31%) e Espanha (15%) foram os maiores compradores. 

O limão liderou as vendas externas, sendo responsável por 54,9% do total, somando US$ 1,5 milhão. Em seguida, vieram abacate, abacaxi e manga.

O Norte de Minas lidera a produção mineira de limão, graças aos produtores do Projeto de Irrigação do Jaíba. No maior projeto de agricultura irrigada da América Latina, o volume de limão exportado chega a 4 mil toneladas por ano, segundo o presidente da Associação dos Produtores de Limão do Jaíba, Randolfo Diniz Rabelo.

Os principais compradores são de países da Europa e do Oriente Médio, que pagam pelo produto valores que chegam ao dobro do preço praticado no mercado interno. “Temos capacidade para exportar até oito contêineres por semana”, destaca Rabelo.

Mercado interno
Minas lidera o cultivo de morangos no país. A colheita anual é de 88 mil toneladas. O Território Sul concentra 81,5% da produção. O estado também responde por 11,5% da produção nacional de bananas, totalizando 812 mil toneladas por ano, atrás apenas da Bahia e de São Paulo. O Território Norte é o maior produtor.


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arte: Governo de Minas

Já a lavoura mineira de citros é a terceira maior do país, tanto no cultivo de laranja (893 mil toneladas) quanto de limão (127,8 mil toneladas). O estado produz 236 milhões de abacaxis por ano e é o segundo maior produtor nacional, com uma participação de 15,2%. O Triângulo responde por 94% do que é colhido em Minas.

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