quinta-feira, 5 de novembro de 2009

NA ERA DA IMAGEM, POLÍTICOS PROCURAM MELHORAR APARÊNCIA


Nem sempre o bonito consegue transmitir uma imagem mais forte

Cinderela, que era a moça mais bonita do reino, acreditava que só seria bem vista aos olhos do príncipe se fosse ao baile com roupa e sapatos bonitos, cabelo arrumado, maquiagem bem feita. Para ela, isto era tão real, que pegou retalhos no lixo e costurou um vestido, que foi rasgado pelas irmãs más. A fada madrinha, então, com um encanto, resolveu o "problema" da moça e Cinderela chegou à festa como uma princesa. A trajetória da protagonista desta história mostra um anseio natural de qualquer ser humano de querer ser reconhecido como especial. Isso não acontece apenas nos contos de fada. Hoje, na política, a fada madrinha costuma se apresentar como "produtor de imagem", um profissional do ramo da estética que dá ao candidato a imagem que o povo quer e não o que ele é de verdade.

Quem nunca reparou no bigode e no cabelo eternamente negros do ex-presidente José Sarney? Collor ressurgiu também de cabelos tingidos. Roberto Jefferson, famoso pelo mensalão, fez até cirurgia para emagrecer. Maluf, José Dirceu e José Múcio fizeram implantes de cabelo. José Serra e FHC já camuflaram as olheiras. Marta Suplicy claramente abusou do botox. E o Lula? Dá para comparar a imagem do metalúrgico descabelado com o político bem arrumado de hoje? O cientista político Paulo Roberto Figueira, da Universidade federal de Juiz de Fora (UFJF), considera "beleza" um critério muito subjetivo e acredita que importante é a imagem que o político passa. "Eles agora precisam se preocupar com a postura diante dos meios eletrônicos, ter o 'timing' televisivo', informar algo a mais com a sua postura corporal", diz.

Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, há pelo menos dois representantes dessa nova geração: Fred Costa (PHS) e Iran Barbosa (PMDB). Fred assumiu seu primeiro mandato com 27 anos - hoje está no segundo e será candidato a deputado estadual em 2010. "Senti mais preconceito por ser jovem e por não ter 'herança', nenhum familiar na política do que pela aparência, que nem considero tão boa assim", conta. Fred não se considera vaidoso, diz que não consegue praticar exercícios - "há dois anos não jogo uma partida de futebol" - e nem cuidar bem da alimentação, por causa da agenda atribulada. "Mas beleza nunca ganhou eleição, não estamos aqui para sermos modelos, mas para proporcionarmos bem-estar à população", afirma. O cientista Paulo Figueiras concorda e diz que, "se esse fosse um critério decisivo, teríamos um desfile".
Letícia Baeta, O Tempo

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