sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SUPERLOTAÇÃO NO PRESÍDIO DE VARGINHA ATRAPALHA POLÍCIA DE CUMPRIR 500 MANDATOS DE PRISÃO

Com poucas vagas, as prisões estão sendo selecionadas quanto à gravidade do delito

A superlotação do presídio em Varginha está impedindo a Polícia Civil de cumprir cerca de 500 mandados de prisão em aberto e requerer a expedição de aproximadamente outros 500. Segundo o delegado regional Wagner Martins Guimarães a falta de vagas faz com que criminosos fiquem a solta. “É uma superlotação inaceitável. O presídio torna-se uma bomba relógio prestes a explodir: 250 presos, onde deveria haver 80 é um pavio aceso em uma banana de dinamite. É uma questão de tempo para termos problemas mais graves”. Wagner disse ainda que se está selecionando quem vai preso. “Isso é lamentável”. De acordo com ele, não é a pessoa que está sendo escolhida, mas é a gravidade do delito que é levada em consideração. “A gente está priorizando prender homicidas, pessoas com porte ilegal de armas, que a usam em roubos, em crimes violentos. Aqueles que trazem perigo imediato a integridade pública”. O delegado explica que o pequeno ladrão que também atrapalha, mas dificilmente faria mal ao ser humano, pode se deixar em segundo plano.

Segundo Guimarães, os delitos em menor potencial ofensivo, de acordo com a lei 9.099, se resolvem com penas alternativas e limitações nos finais de semanas. “Raramente a pessoa chega a ir para a prisão, mas a conversão ainda é possível”. Ele ressalta que a possibilidade da conversão é um dos fatores que intimida o cidadão e faça com que ele cumpra a pena alternativa. “Se a falta de vagas tornarem a conversão difícil, o cidadão infrator, infelizmente, se encoraja”. Nas últimas duas semanas foi realizada uma diligência para Carmo do Paranaíba, próximo ao Triângulo Mineiro. Detentos foram transferidos porque na cidade não há lugar. De acordo com o delegado Guimarães, transportar presos todos os dias para outros municípios é inviável, uma vez que não há efetivo e viatura disponível. Ele reforça que as cadeias e presídios do Sul de Minas estão todos lotados. “Graças a Deus a polícia da região tem agido com extrema eficiência”.


Todos os dias o delegado regional recebe o relatório dos plantonistas, onde eles descriminam cada denúncia e informação vindas através do disque denúncia 197, ou outros telefones. Ele faz a triagem dos dados. Todas aquelas que envolvem crimes, notícias e que possam trazer repercussão ou perigo para a sociedade são imediatamente investigadas. “A população, às vezes, nem tem noção do quanto ela ajuda a gente. Às vezes o cidadão nem sabe que aquela pessoa foi presa dois, três meses depois da denúncia anônima dele”. Se não houver iniciativa tanto Varginha, quanto o Sul de Minas, vai sofrer com a migração de criminosos que perderão espaço nas capitais. “Ou a gente cria vagas agora, aumenta efetivo e número de viatura, ou os índices de criminalidade vão voltar a subir. Com tudo fora do controle, aí as autoridades decidem construir o presídio”. O melhor combate, na opinião do delegado Wagner, é a prevenção com repreensão qualificada. “É preciso desencorajar, mostrar que se acontecer delito vai ter prisão, processo, flagrante, vai para a cadeia”. Com um novo presídio, a população varginhense só tem a ganhar a começar com a retirada de criminosos das ruas. “Os elementos que vão encher essas vagas estão andando hoje ao lado do cidadão nas ruas”, recorda Wagner. Segundo ele para construir um novo presídio o quesito primordial é que seja afastado do centro da cidade, o que não traz transtornos imediatos. Além disso, a nova unidade vai gerar muitos empregos diretos, com salários menores em torno de R$ 1,4 mil, e indiretos, como fornecimento de alimentação.
Gazeta de Varginha

 

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