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SIMÃO PEDRO É REFERÊNCIA DE POUSO ALEGRE NO CONTEXTO MINEIRO

* 11 - 06 - 1939
+ 02 - 05 - 2009

Quando cheguei em Pouso Alegre, em 1984, Simão Pedro Toledo era o prefeito da cidade e estava, naquele dia 11 de junho, complentando 45 anos. Enquanto a minha mudança era descarregada, ali, na Rua Otto Piffer, no bairro Santa Dorotéia, fui dar um passeio a pé pelo bairro para "reconhecer o terreno". Paulistana de raiz e moradia, estava encantada com a tranquilidade de Pouso Alegre e acreditei - piamente - que teria dias de paz para fazer o que mais gosto: ler e escrever. Na primeira esquina uma rodinha - em frente à casa do Coronel Toledo - armava uma festa que aconteceria, naquele dia, para o prefeito. Todos muito animados falavam de Simão Pedro com admiração e sinceridade na homenagem que prestariam.

Do outro lado da rua, outra rodinha - esta em frente ao Instituto de Cardiologia, hoje Hospital Renascentista - discutia o mesmo Simão Pedro sob outra ótica e alguém dizia que era preciso fundar um jornal de oposição para reivindicar mais melhorias para a cidade. Naquela época, Pouso Alegre só tinha a Semana Religiosa de jornal e a Rádio Clube AM. Fiquei curiosíssima com a figura que, em apenas alguns passos, despertava elogios e críticas apaixonadas. Resolvi deixar a "paulistanice" de lado e comportar-me como o protótipo da vizinha interiorana: olhar por trás da janela e observar quem entraria na casa do Coronel Toledo e dar uma boa espiada no tal prefeito.

Era um entra e sai de gente, mas nem sombra daquele que eu, na minha fértil imaginação, pensava ser Simão Pedro. Vi, sim, uma bela loira - ao lado de um homem de paletó xadrez que passava despercebido - olhar para a minha janela, sorrir e acenar com um cumprimento. Pensei com minhas venezianas: "nem desconfio quem é o prefeito, mas, se fosse ele, tomava essa senhora desse cara. Ela é simpática e daria uma bela primeira dama". É ... e ela era a primeira dama. Era Eunice, a guerreira incansável e companheira inseparável do homem aparentemente comum ao lado dela - soube depois para minha surpresa - o prefeito que provocava as tais rodinhas paradoxais. Tempos depois, na direção do jornal Sul das Geraes - fundado no mesmo ano de 1984, em setembro - tive a oportunidade de conhecer Simão Pedro Toledo. E ficava inconformada com o que via: o homem cuja postura clássica eram os braçõs cruzados no peito ou com as mãos para trás quando andava - como um menino de escola - tímido, de falar pouco e mansamente, era saudado por todos nas ruas de Pouso Alegre. Amigos e "inimigos". Correligonários e adversários. Passei a me divertir secretamente ao ver aqueles que o criticavam com tanta veemência virarem pessoas tão bem educadas na frente dele. E os que o aprovavam, é óbvio, derretiam diante do homem cordial que lhes perguntava da senhora sua mãe, dos seus filhos ou do "Teacher", aquele cachorrinho sapeca que tinha pulado no seu colo durante sua útima visita, anos atrás. É ... o homem tinha charme político, pensei.

Durante a quase uma década que trabalhei diretamente com Simão Pedro Toledo pude constatar que aquilo que chamava de "charme político", era, na verdade, interesse genuíno nas pessoas. Simão se preocupa de verdade com a senhora sua mãe, fica de olho nos seus filhos e, se preciso, escuta, ajuda, dá conselhos. Simão não pergunta do "Teacher" só para mostrar que tem boa memória. Nada! Ele adora cachorros. E os "inimigos"? Ora, os "inimigos"! Simão Pedro não os têm. Tem, sim, adversários políticos mas inimigos, nunca. Ele nunca fecha a porta. Vi - ah, isso eu vi! - muitos desses "inimigos" chegarem em sua casa - como que numa última instância - e serem recebidos como grandes e velhos amigos. Porta e coração abertos. Marca que ele levou para a Assembléia Legislativa e lhe permitiu, numa história disputa, eleger-se para o cargo que hoje ocupa de Conselheiro de Tribunal de Contas de Minas Gerais.

Foi uma década de aprendizado diário com Simão. Conheci o homem por trás do palanque. Uma vasta biblioteca de livros com frases sublinhadas, que ele leu mesmo, faz dele uma pessoa extremamente culta e antenada, mas sem afetação. Capaz de conversar tanto na linguagem simples do Expedito Paraná, da Dita Conga, da comadre Maria do Carmo, como na mais empolada conversa de certos políticos locais - e se fazer entender por todos eles. Um pragmático que adora a família e faz poesias para a esposa. Um devoto de Nossa Senhora do Carmo que não perde uma missa de domingo e vibra com um jogo do Flamengo ou uma roda de violão - se for regada a Malzibier então, uh! É com ele mesmo. Tive a oportudidade rara de ver amadurecer o homem público que ele é hoje. Um dos sete "homens de ouro" do Estado é a síntese de Pouso Alegre no cenário político mineiro. Em qualquer cantinho das Minas Gerais, nas rodas políticas, quando se fala em Pouso Alegre, logo alguém fala em Simão Pedro. Com respeito e admiração. Na "maioridade" dos meus 18 anos de envolvimento jornalístico e politico com Pouso Alegre, conhecendo todos seus cantos, sua gente, seus anseios, posso dizer sem susto que Simão Pedro é o homem público que tem a cara de Pouso Alegre. E Pouso Alegre tem a cara do Simão.

* Rosy Pantaleão é paulistana, jornalista, foi secretária e assessora de imprensa de Simão Pedro Toledo; diretora da TV Libertas e de vários jornais em Pouso Alegre. Atualmente é diretora da TV Uai. E apaixonada por Pouso Alegre. Este artigo foi escrito originalmente para o Jornal Domingo, em 11 de junho de 2002.

---Dedicado a este ilustre cidadão mineiro, homem honrado, prefeito da industrialização, deputado estadual, conselheiro do TCMG, Simão Pedro Toledo, dedicamos todo o nosso espaço de hoje, a esta grande personalidade. 1 ano sem Simão Pedro Toledo

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