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Variações climáticas são apontadas como principal empecilho para pousos e decolagens. Outro problema é o risco para a população do entorno, devido à proximidade de imóveis |
A tragédia que deixou um saldo de oito mortos após a queda de um avião
bimotor em Juiz de Fora, há três dias, reacendeu a questão da segurança
do Aeroporto da Serrinha, onde as variações climáticas são apontadas
como o principal empecilho para pousos e decolagens. Outro problema é o
risco para a população do entorno, devido à proximidade dos imóveis
residenciais com a cabeceira da pista.
Dados da Sinart, empresa que opera o aeroporto de Juiz de Fora,
revelam que, em 2011, 231 voos, dos 1.547 realizados, foram cancelados
no Serrinha devido a questões de manutenção, mas, principalmente, em
função de problemas meteorológicos. De janeiro a junho deste ano, o mau
tempo levou ao cancelamento de 76 viagens de avião entre as 939
realizadas.
Além disso, inspeção realizada pela Assessoria de Controle da
Aeronáutica há menos de dois meses no Serrinha identificou problemas no
aeroporto, apesar do recente investimento de R$ 260 mil em
infraestrutura e aquisição de equipamento de Raio X. A assessoria, órgão
ligado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo, registrou 8% de não
conformidades no aeródromo. Entre as pendências estão a necessidade de
confecção de manual de gestão de segurança operacional, que é relativo
ao funcionamento da rádio controle, e a implantação de sistema de
controle de qualidade, ambas questões técnicas relacionadas à melhoria
da segurança.
O percentual de inadequações foi considerado baixo pela
Aeronáutica, que deu prazo de um ano para o aeroporto sanar as
pendências. Embora Cipriano Magno de Oliveira, gerente da Sinart, empresa que
opera o aeroporto, afirme não haver déficit de equipamentos, ele admite
que a aquisição de outros modelos, como o que reduz o teto de 600 pés,
mínimo para permitir a aproximação hoje, para 300 pés, viria a
contribuir com os equipamentos já disponíveis, considerados por ele
suficientes para a atual operação do aeroporto.
Durante a tentativa de
pouso do bimotor da indústria Vilma Alimentos, Cipriano afirma que, além
do localizador, do rádio farol não direcional e do GPS, instrumentos
que ficam ligados 24 horas, o operador ainda acionou o balizamento de
pista e o farol rotativo ao perceber que o avião estava em procedimento
de descida, mesmo diante das condições de tempo insatisfatórias. "Além
desses equipamentos, dispomos do Papi que, após a aproximação por
instrumento, auxilia na aproximação visual", explica Cipriano. O presidente do Aeroclube de Juiz de Fora, Douglas Fedóceo, afirma
que, para o pouso de precisão no aeródromo, ainda falta um dos
equipamentos que compõem o sistema ILS (Instrument Landing System).
A ocupação urbana crescente na região também contribui para o risco
de acidentes. Atualmente o Serrinha está abraçado por habitações
distintas, como residências, pousadas, e condomínios, mas o ideal seria
que houvesse uma faixa de segurança ao redor dos aeródromos, como
apontam especialistas. As cabeceiras da pista do Serrinha estão muito
próximas de edificações urbanas dos bairros Aeroporto, Novo Horizonte,
Marilândia e Santos Dumont.
de Daniela Arbex, Renata Brum e Fernanda Sanglard/ * Eduardo Valente - da Tribuna de Minas
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