quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

BASE E OPOSIÇÃO DISPUTAM COMANDO DA AMM

Toninho Andrada diz que sua candidatura tem o apoio dos prefeitos
Quatro meses depois de terem encarado o pleito municipal de 2012, os prefeitos de Barbacena, Toninho Andrada (PSDB), e de Pará de Minas, Antônio Júlio (PMDB), devem participar de outra eleição. Trata-se da disputa pela presidência da Associação Mineira de Municípios (AMM), que evidencia mais um embate entre a base aliada do governo estadual e os opositores. 

Em março deste ano, os prefeitos das cidades mineiras vão eleger o próximo presidente da AMM para o biênio 2013/2015. Dois nomes surgem para substituir o atual gestor da associação, Ângelo Roncalli, ex-prefeito de São Gonçalo do Pará.

Atendendo a "pedidos de vários prefeitos" da região do Campos das Vertentes, inclusive de partidos de oposição, Toninho Andrada confirma que será candidato à presidência da entidade. Além das tratativas com gestores municipais, Toninho também já teve contato com lideranças estaduais. "Conversei com o governador (Antonio) Anastasia, o senador Aécio Neves, 30 deputados estaduais e 20 federais. Fiz uma ampla consulta, e todos foram receptivos ao meu nome", ressalta.

Quando indagado sobre a relação entre sua candidatura e a possibilidade de Aécio Neves ser candidato a presidente em 2014, Andrada responde "que não existe a intenção de criar uma disputa partidária para favorecer o senador caso ele seja candidato à Presidência". 

"O meu foco será no fortalecimento do municipalismo; 2014 está muito longe", argumenta o ex-líder do governo de Aécio na Assembleia Legislativa.

O secretário de Governo do Estado, Danilo de Castro (PSDB), confirma que o governador vê com "bons olhos" a candidatura de Andrada. "O Toninho tem total apoio para se tornar o próximo presidente da AMM".

Também movido pelo "desejo de muitos", o prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio, garante ter recebido um documento com 114 assinaturas de prefeitos e correligionários pedindo sua candidatura. "Tem um movimento de prefeitos da região que está pedindo minha candidatura. Estou bastante inclinado a participar da eleição", explica.

Segundo Antônio Júlio, a oposição não está satisfeita com a maneira como a AMM tem sido administrada. "Os últimos presidentes não tiveram uma posição crítica em relação aos problemas das cidades. Ela (a AMM) só tem servido para bajular o governo. É de interesse de Aécio que nenhuma liderança surja no Estado para concorrer com ele. Dessa forma, ele e o governo do Estado tratam a AMM como se fosse deles", analisa Júlio, marcando um discurso de oposição.

Aliança com governo em vista
Ter um correligionário como presidente da AMM pode fortalecer Aécio Neves (PSDB) para a eleição presidencial de 2014. Os prefeitos são considerados cabos eleitorais fundamentais. 

Desde 2002, ano em que Aécio venceu a eleição para o governo, todos os presidentes da AMM foram seus aliados. Se um candidato do PSDB vencer novamente neste ano, a entidade terá o quinto gestor consecutivo pertencente à base do senador.

No período, foram dois presidentes do PSDB, um do PMDB e um do PR. De 2002 até 2004, quem comandou a associação foi Adriene Barbosa (PMDB), então prefeita de Três Pontas. Na época, a legenda era da base tucana. De 2005 a 2008, quem esteve no posto foi Celso Cota (PSDB), prefeito de Mariana. E o atual gestor, Ângelo Roncalli (PR), foi precedido por José Milton (PSDB), então prefeito de Conselheiro Lafaiete.

O secretário de Governo, Danilo de Castro (PSDB), diz que o partido "não tem interesse eleitoreiro no cargo". "O pensamento é o de fortalecimento das cidades", explica. (GR)

Terceiro nome deve desistir
Além de Toninho Andrada (PSDB) e Antônio Júlio (PMDB), o prefeito de Campo Belo, Túlio Miguel (PSDB), também demonstra vontade de concorrer ao cargo de presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM). No entanto, o fato de Miguel ser do mesmo partido que Toninho Andrada deve inviabilizar sua candidatura.

Assim como os outros candidatos, Túlio Miguel alega que tem "recebido amplo apoio de pessoas da sua região". "Os prefeitos do Sul e do Sudoeste de Minas estão contando comigo para ser o presidente da AMM. Todos têm as mesmas demandas, independentemente do partido", observa.

Sua bandeira de campanha tem como foco a defesa da criação de um novo Pacto Federativo, mas ele rechaça a ideia de fomentar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) para a Presidência da República em 2014. 

"As cidades têm sofrido muito com as dívidas e a falta de recursos próprios. Esse problema atinge todos os executivos. Pensar em eleição de 2014 não seria justo com eles", afirma.

O prefeito confirma ter procurado os caciques do partido em Minas, e, segundo ele, sua iniciativa foi "bem-vista" pelos tucanos.

A preferência do governo do Estado por Toninho Andrada não deve causar problemas internos no partido. Miguel admite retirar sua candidatura se a legenda achar melhor. 

"Minha posição é de conciliar, e não de criar disputas pelo cargo. Se o governador Anastasia e Aécio decidirem que Toninho Andrada é a melhor opção, eu não vou me candidatar. Não tem problema", argumenta Miguel.
por Guilherme Reis - de O Tempo

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