Procurar emprego em Pouso Alegre, no Sul de Minas, é uma atividade cada vez mais rara. Em postes, bancas de jornal, anúncios e centros especializadas em recrutamento quem está atrás da mão-de-obra são as empresas, cada dia mais numerosas. Esse retrato animador do mercado de trabalho foi precisado na quinta-feira passada, 14, pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional do município. A pasta cruzou dados dos últimos cinco anos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), órgão ligado ao Ministério do Trabalho, com o Censo 2010 do IBGE e concluiu: Pouso Alegre gerou mais que o dobro de empregos que a média nacional e estadual no período.
Foram 10.783 postos de trabalho gerados, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2012, para uma população de 130.615 habitantes, segundo dados do Censo de 2010. A média de um emprego para cada 12,1 habitantes é mais que o dobro do registrado pelo país (1/27,1) e em Minas (1/25,7). “O que chama a atenção nessa análise é que estamos falando de um período em que o país e o estado bateram recordes históricos de geração de emprego e, ainda assim, o município apresenta índices bastante superiores. É um caso especialíssimo e reflete esse momento econômico único que a cidade atravessa”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico Raphael Prado.
Aplicando-se a metodologia às outras duas cidades-pólo da região, fica ainda mais claro o alto desempenho do município. A cidade de Varginha gerou quase três vezes menos emprego. A proporção lá foi de um emprego para cada 30 habitantes (1/30). Poços de Caldas, pólo turístico e com um azeitado setor comercial e industrial, registrou ótimo desempenho, mas ainda assim aquém de Pouso Alegre, com uma nova vaga de emprego para cada 15 habitantes (1/15).
O que explicaria essa explosão de empregos? Para o prefeito Agnaldo Perugini não se resume à atração de empresas – apenas de médio e grande porte, foram 21 nos últimos dois anos. Ele lembra que os investimentos só chegam onde há possibilidade de retorno financeiro. “Você não semeia solo infértil. Só plantamos se temos a certeza de que a colheita será farta. Não é diferente com Pouso Alegre. Temos mão-de-obra de boa qualidade, porque temos educação de boa qualidade; temos um povo que trabalha duro e gosta de empreender. E nós, como poder público, nos sentimos na obrigação de apoiar esse dinamismo. Fizemos o trabalho para atrair os investidores, preparamos nossa mão-de-obra e o resultado não poderia ser diferente”, avalia.
Em números
A política de atração de investimentos da Prefeitura é apontada como uma das grandes inovações da gestão Perugini, que inicia seu segundo mandato. Desde que ela foi implantada, em 2010, os investidores passaram a ver a cidade como uma verdadeira Meca. A peregrinação renderá até o final de 2013 cerca de R$ 1,384 bilhão em investimentos no parque industrial da cidade.
Indústria de embalagem, farmacêuticas, grandes redes hoteleiras, confecções, rede hoteleira, montadoras, centros de distribuição de produtos, centros logísticos e um shopping Center. A diversidade dos ramos de atuação industrial e comercial não deixa dúvidas do vigor econômico do município. O trabalho que começou em 2010 pôs em curso uma revolução que começaria a se revelar no ano seguinte, quando a indústria assumiu o posto de maior geradora de empregos. Em 2011, o setor registrou um crescimento de 79% na geração de vagas.
Mas apesar de portentosos, os números continuam sendo superados mês a mês. Em janeiro deste ano, o setor registrou um avanço de 22% na comparação com o mesmo período de 2012. Iniciou 2013 gerando 335 vagas contra274 no último ano.
Para o prefeito Agnaldo Perugini uma administração disposta a atrair investidores precisa ser ágil e dedicada, não há, segundo ele, espaço para comodismo. “Pouso Alegre sempre foi uma cidade com potencial de crescimento, com destaque na região. Mas o município crescia de forma isolada. Faltava inserir a cidade na rota do desenvolvimento nacional. Foi o que fizemos”. Perugini avalia que parte do sucesso da administração nos setor econômico se deve a valores republicanos. “Nós estreitamos o relacionamento com o governo estadual, independente de sermos de partidos contrários, e temos uma relação extremamente próxima com o governo federal. Hoje, em Brasília sabem que Pouso Alegre existe”, considera.
Os cinco maiores investimentos (2010 a 2013)
Empresa
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Ramo de atividade
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Investimento
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Faturamento
(no 1º ano)
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Empregos
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XCMG
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Máquinas pesadas para Construção Civil
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R$ 334 milhões
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R$ 600 milhões
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1.000
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CD Unilever
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Alimentação e Higiene
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R$ 170 milhões
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R$ 3 bilhões
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1.000
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Rexam
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Embalagens de alumínio
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R$ 157 milhões
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R$ 180 milhões
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150
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SerraSul Shopping
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Comércio
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R$ 150 milhões
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R$ 90 milhões
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1.500
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Isofilme
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TNT
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R$ 108 milhões
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R$ 147,6 milhões
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60
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