Pular para o conteúdo principal

MÓVEIS DE CANA DA ÍNDIA GERAM RENDA PARA FAMILIARES DE PRESOS





Vendas garantidas de toda a produção de mesas, cadeiras, aparadores e outros objetos feitos de Cana da Índia até o final deste ano empolgam os detentos artesãos do Presídio de Boa Esperança, situado no Sul de Minas. Os utensílios artesanais são criados e tomam forma, de segunda a sexta-feira, em um espaço cedido, situado ao lado da unidade prisional. A divulgação e venda das peças contam com o apoio dos familiares e é mais um estímulo para os presidiários. 

Sete presos integram o projeto O Domínio da Arte, criado após um curso de artesanato em fibras naturais rígidas, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), no qual além de fabricar os móveis ensinam o ofício a outros detentos. A venda das peças ajuda no orçamento das famílias dos presos artesãos e outra parte vai para compra de itens necessários na confecção das peças como sisal, parafusos, pregos, madeira, verniz e cola. A matéria-prima é coletada em duas propriedades da região, por presos que saem sob escolta de agentes da unidade prisional. 

O diretor geral do presídio, Bruno Tiso Pereira, considera a ressocialização o principal objetivo do projeto. “Os presos têm demonstrado conscientização sobre a importância do trabalho para  a reintegração social. Esta atividade, em especial, além  de contribuir na remissão de pena,  alivia a mente e dá confiança em um futuro  melhor para a vida do preso e de  seus  familiares”, ressalta o diretor. 

Passo a passo
Os presos dominam todo o processo artesanal de fabricação e ainda compartilham suas  experiências pessoais e profissionais. O detento Antônio Messias, 32 anos, conta ter   trabalhado em reforma de móveis e que isto ajuda na criação das  peças. “Estou muito  feliz de trabalhar aqui, me sinto útil e ajudo nas despesas de casa.” Antônio explicou todas    as etapas da produção. Primeiro é preciso fazer as  medidas, em seguida queimar as peças  escolhidas, “embuxar” (colocar madeira dentro da Cana da Índia), montar a estrutura,  “bater”  o sisal nas extremidades, passar cola e envernizar.

 O espaço localizado ao lado do Presídio de Boa Esperança, onde é realizado todo este  processo, pertence ao Serviço de Obras Sociais da Prefeitura de Boa Esperança,  em um terreno  de aproximadamente 400m², onde outros presos também cultivam uma horta.

A capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em fibras naturais  rígidas foi  realizada de 25 a 29 de março deste ano. 

Benefício geral 
Atualmente cerca de 12.500 presos das unidades administradas pela Subsecretaria de Administração  Prisional (Suapi) exercem as mais diversas atividades produtivas, que vão desde a  construção civil  e  a limpeza urbana até a fabricação de circuitos elétricos, material esportivo e  equipamentos eletrônicos,  passando por  artesanato, padaria, frigorífico, produção de roupas e sacolas  ecológicas.

Para trabalhar nos presídios, penitenciárias ou centros de remanejamento do sistema prisional   o detento precisa passar pela indicação das Comissões Técnicas de Classificação (CTCs) das  unidades prisionais. Elas são formadas por advogados, médicos, psicólogos, assistentes sociais  e agentes penitenciários, que avaliam a situação de cada preso, para avaliar se têm perfil para  as vagas disponíveis, analisando, por exemplo, questões de segurança e de saúde.

Pelo trabalho, os detentos recebem remição de pena, ou seja, a cada três dias de trabalho têm  menos um na sentença. Além disso, muitos são remunerados diretamente, recebendo, na  maior parte das vezes, ¾ do salário mínimo, conforme determina a legislação vigente, ou pela  venda daquilo que produzem, como é o caso dos que fazem artesanato. 

Nos casos em que o preso é renumerado, o valor do pagamento é dividido em três  partes:  50% pago ao preso no mês seguinte à realização do trabalho, 25% destinado a pecúlio,  que é  levantado quando o detento se desliga do sistema  prisional, e outros 25% utilizados  para  ressarcimento ao Estado. 

O trabalho autônomo reforça o vínculo do preso com a família. São os familiares que levam o  material a ser trabalhado e que vendem o produto fabricado, gerando renda. O trabalho no  sistema prisional tem se mostrado benéfico a todas as partes: ao Estado, que cumpre sua  função de humanização e ressocialização dos indivíduos que estão presos, aos próprios  detentos, que têm a oportunidade de se profissionalizarem enquanto cumprem pena, e aos  parceiros, que contam com mão-de-obra mais barata e com alta produtividade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

VIGILÂNCIA SANITÁRIA INTENSIFICA FISCALIZAÇÕES PARA PREVENIR O COMÉRCIO DE BEBIDAS IRREGULARES

A Vigilância Sanitária de Varginha está realizando uma ação intensiva de fiscalização em distribuidoras e mercados da cidade para prevenir a comercialização de bebidas adulteradas e irregulares. Até o momento, foram apreendidas bebidas com prazo de validade vencido e sem procedência, mas nenhum caso de bebida falsificada ou adulterada foi identificado no município. Cinco equipes da VISA estão vistoriando 40 estabelecimentos, com foco em bebidas destiladas como cachaças, vodcas, whiskies e gins. A ação faz parte do trabalho preventivo da Secretaria Municipal de Saúde para proteger o consumidor e garantir produtos seguros. Dica importante: Antes de comprar, verifique o lacre e o rótulo, desconfie de preços muito baixos e, em caso de dúvida, entre em contato com o fabricante pelo SAC informado na embalagem. 📞 Denuncie bebidas suspeitas! Vigilância Sanitária de Varginha Telefone: (35) 3690-2204 Site: visavarginha.com.br/index.php/denuncias/

BOLSONARO CONDENADO

Nesta quinta-feira (11), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, condenar os oito réus do Núcleo 1 da ação penal 2668, a trama golpista. A AP 2668 tem como réus os oito integrantes do Núcleo 1 da tentativa de golpe, ou “Núcleo Crucial”, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR): o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF; o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (réu-colaborador); o ex-presidente da República Jair Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. A acusação envolveu os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de E...

DECOLONIZAR A FILOSOFIA

Sinopse: "Política de Descontinuidade: Ética e Subversão" é uma obra provocativa que mergulha nas complexidades éticas e políticas da sociedade contemporânea. Escrito com clareza e profundidade, o livro lança luz sobre as dinâmicas de poder que moldam nossas interações diárias, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento e à marginalização dos corpos designados como dissidentes. Com o Prefácio de Adilson Moreira, a obra Políticas de descontinuidade: ética e subversão tem como propósito compreender a dinâmica das estruturas discriminatórias e seu apreço péla retroalimentação do poder. Deste modo, propor, por meio de uma ética da diferença, da solidariedade e antidiscriminatória, a corrosão desses sistemas de precarização e aniquilamento. O autor, Thiago Teixeira, explora como conceitos como racismo e ciseterobrutalidade reforçam uma hierarquia injusta entre os indivíduos, perpetuando fronteiras entre vida e morte e reforçando normas sociais que marginalizam e oprimem. ...