quarta-feira, 18 de novembro de 2015

EM MEIO A CRISE FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA, REITOR DA UFJF RENUNCIA AO CARGO


A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) tem vivido momentos turbulentos devido a um modelo administrativo malsucedido, agravado com os cortes de repasses do Governo Federal para a área da educação. No dia 3 de junho deste ano, os estudantes da instituição desocuparam a Reitoria da instituição. 

Na ação, promovida pelo movimento "Ocupa UFJF", os discentes ocuparam o prédio no dia 18 de maio e desde o dia seguinte, 19 de maio, decidiram não mais sair do local. 

No mesmo dia 18, no horário de almoço antes da reunião que definiu a ocupação, já havia ocorrido um ato de estudantes no campus que consistiu de bloquear o trânsito em apoio às lutas dos professores. Os estudantes do Instituto de Ciências Humanas (ICH) e da faculdade de Serviço Social também em protesto, não compareceram à aula, realizando uma “greve de alunos” contra cortes no orçamento, que prejudicou as bolsas, o apoio estudantil, os projetos de pesquisa e extensão e a própria infraestrutura do campus.

Durante as duas semanas em que permaneceram na Reitoria, membros do "Ocupa UFJF" realizaram diversas atividades, em que discutiram questões sobre a segurança no campus, transporte, moradia estudantil, orçamento participativo, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Campus Avançado de Governador Valadares e Plano Diretor do Campus Juiz de Fora.

Nas primeiras reuniões, os alunos questionaram a ausência do reitor Júlio Chebli nas discussões e na universidade. Em seguida, o grupo se organizou em comissões e criou um jornal independente, em que os ocupantes levavam ao conhecimento do público a evolução das discussões e das negociações com a administração da UFJF.

Anteriormente, no dia 11 de maio, o Diretório Acadêmico (DA) do Instituto de Artes e Design (IAD) foi invadido por seguranças da universidade, que acionaram a Polícia Militar (PMMG) para apreender objetos e dinheiro. Os objetos consistiam em arma de brinquedo (de um curta-metragem), pó branco (parafina para model de escultura), dinheiro (cadastramento de armários e ressarcimento de roubo de equipamento de um estudante), facão (para fazer móveis de bambu), chaves (para abrir e fechar fechaduras), material de uso normal de estudantes destes tipos de graduação.

No último dia 10, deste mês, estudantes cravaram cruzes no jardim próximo a Reitoria da UFJF durante manifestação, mostrando a inconformidade dos alunos diante do corte de bolsas de apoio. Foram cerca de 450 cruzes e lápides. Das 5.940 solicitações de apoio estudantil,  4.921 seguiram para análise e cerca de 70% foram negadas. 

Em nota divulgada no último dia 6 deste mês, a administração superior da UFJF garantiu o pagamento da primeira parcela das bolsas de estudantes que foram contemplados pelo Edital 2015 do Programa de Intercâmbio Internacional de Graduação. 

A instituição garantiu, na nota, que vai dar prioridade ao pagamento nos próximos dias e que aguarda repasse financeiro do Ministério da Educação.

Por meio de uma carta aberta, um grupo de 58 alunos expressou a indignação alegando falta de posicionamento de transparência da instituição frente ao programa. A situação é tão grave que alguns alunos precisaram abrir mão dos estudos por falta de dinheiro. Além disso,  os gastos da UFJF não são liberados desde a gestão de Henrique Duque, antecessor de Júlio Chebli. 

No documento, consta que o benefício está atrasado há três semanas, o que compromete os custos de passagens, bem como a resolução de encargos financeiros frente a moeda estrangeira. Algumas viagens estão agendadas para a primeira semana de agosto.


Na manhã desta segunda-feira, 16, a crise administrativa e orçamentária que assola a Universidade Federal de Juiz de Fora ganhou mais um capítulo. O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Júlio Maria Chebli a carta de renúncia ao membros do Conselho Superior (Consu) e à comunidade acadêmica.

Na carta de renúncia, Júlio Maria Chebli alegou que sua saída teria sido motivada por problemas de saúde, os quais, segundo ele, estaria afetando o desempenho do seu trabalho à frente da Reitoria. 

Chebli ficou no cargo por apenas 14 meses. De acordo com dirigentes de instituições federais de ensino, Júlio Chebli já havia manifestado desde o início do ano interesse em deixar o cargo, mas ninguém esperava que o fato fosse se concretizar. Chebli deixou o cargo com um enorme desgaste. 

Júlio Chebli foi eleito com 59,1% dos votos válidos em junho de 2014. Ele era diretor da Faculdade de Medicina e venceu a disputa tendo como vice-reitor o professor da Faculdade de Direito, Marcos Chein.

O vice-reitor no exercício da Reitoria, Marcos Chein, apresentou em reunião do Conselho Superior (Consu), na tarde desta terça-feira, 17, a carta de renúncia de Júlio Chebli, procedimento necessário para a formalização do pedido. 

A previsão é de que a resolução do Consu seja entregue ao Ministério da Educação (MEC) na manhã desta quarta-feira, 18, para posterior publicação no Diário Oficial da União (DOU). 

Após a data de divulgação no DOU a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) tem prazo de 60 dias para apresentação de lista tríplice de candidatos ao cargo de reitor ao MEC.

Segundo Chein, todos os pró-reitores no cargo a partir do dia 16 de novembro foram mantidos e comprometeram-se em continuar. 

Ele informou que a pró-reitoria de Planejamento está vaga desde 13 de novembro, em função da exoneração, a pedido, do pró-reitor Alexandre Zanini e que o atual pró-reitor de Obras, Sustentabilidade e Sistemas de Informação, Rubens Oliveira, irá acumular a pasta na condição de pro tempore até a nomeação de um novo titular.

Questionado sobre recursos para este final de exercício, Marcos Chein informou que não haverá impacto, já que tudo está pactuado. 

Lembrou inclusive que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2016 já foi definido, tanto recursos de capital quanto de custeio para o campus de Juiz de Fora e para o de Governador Valadares, que, pela primeira vez desde sua criação, terá um orçamento próprio. “O momento é de tranquilizar a comunidade e manter os compromissos.”

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