Já comunicada pelo Senado sobre seu afastamento, a presidenta Dilma Rousseff (PT) classificou, no final da manhã desta quinta-feira, 12, o processo de impeachment como uma “grande injustiça”, em pronunciamento à imprensa, no Palácio do Planalto.
Após ser recebida dentro do Palácio do Planalto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por lideranças dos movimentos sindical e sociais, a presidenta fez um breve discurso ao lado de ministros e parlamentares para mais de 15 mil pessoas, num palco improvisado ao nível da rua, a poucos metros da multidão.
Em lugar de descer a rampa, saiu pela porta lateral que utilizou diariamente durante seus dois mandatos e, dispensando o tradicional parlatório, foi ao microfone.
Ao falar do impedimento, Dilma relacionou este acontecimento com outros passagens de sua vida, como quando teve de lutar contra o câncer e a ditadura, para dizer que a vida sempre reservou grandes desafios para ela e que continuará lutando “com todos os meios legais”.
“O destino sempre me reservou muitos desafios, muitos e grandes desafios. Alguns pareciam intransponíveis, mas eu consegui vencê-los”, afirmou a presidenta.
“O que mais dói, neste momento, é a injustiça (…) é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política. Mas não esmoreço”, disse. “Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independentemente de posições partidárias, faço um chamado: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar”.
Dilma afirmou que foi vítima de uma “intensa e incessante” sabotagem desde o início de seu segundo mandato, com o objetivo de criar um ambiente propício para o golpe, e classificou o impeachment como uma farsa jurídica. Ela disse ainda que não cometeu qualquer crime de responsabilidade.
“Esta farsa jurídica deve-se ao fato de que eu, como presidenta, nunca aceitei e nem aceitarei chantagem de qualquer natureza”.
Ela admitiu ter cometido erros e disse que, no entanto, que eles não são motivos para a abertura do processo.
“Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Estou sendo julgada injustamente por ter feito tudo o que a lei me autorizava a fazer.Os atos que pratiquei foram legais, corretos, atos necessários, atos de governo. Atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam”.
Antes de deixar o Paácio, Dilma disse que o fato de o próximo governo não ter sido eleito é um potencial risco para fazer com que a crise aumente no País, e acrescentou que o golpe não é contra seu mandato, e sim contra as conquistas sociais dos 13 anos de seu governo e do ex-presidente Lula.
Nos braços do povo
Dilma deixou o Palácio do Planalto pela porta da frente para se encontrar manifestantes contrários ao seu afastamento. A presidenta agradeceu o “calor, a energia e o carinho” da multidão. “Eu tenho a honra de ter sido, no meu governo, fiadora da democracia”, afirmou.
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