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OBRAS NA UFLA TEM 'RODÍZIO' DE PRIORIDADES

Em 2013, universidade anunciou pacote de obras no valor de R$65 milhões contando com recursos do MEC. No ano seguinte teria início a crise no governo federal
Obra parada no campus da UFLA

Passando pelas avenidas da Universidade Federal de Lavras (UFLA) nota-se também grandes obras sendo edificadas. Mas a dura realidade de uma crise que afeta os projetos da instituição é desconhecida da maioria das pessoas que circulam pelo campus.

Construções importantes para a estruturação de cursos de graduação seguem em ritmo lento e estão com a previsões de entrega atrasadas. Este foi o tema da reportagem do Blog O Corvo-Veloz publicada na última quinta-feira, 13.

A matéria abordou a situação do curso de medicina que já está na quarta turma e ainda não tem estrutura própria.

Hoje você vai conhecer os exemplos de outras obras paralisadas e atrasadas e ver que não é só a crise que afeta os cronogramas, mas também questões que envolvem planejamento elaborado confiando em um momento que o País vivia "boom" de investimentos no setor da educação pública e a aposta na continuidade deste período de auge.

Desde a criação Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), em 2003, a UFLA deu salto na expansão de cursos de graduação em diversas áreas, bem como conseguiu uma evolução significativa na infraestrutura de seu campi.

De 2013 para cá, a universidade apresentou e aprovou junto ao Ministério da Educação (MEC) um novo pacote de obras, algumas bastante ousadas. 

A partir de 2014, o governo federal passou a mergulhar em uma crise institucional, política e econômica que gradativamente foi influenciando na economia do país, no potencial de investimentos e consequentemente na execução orçamentária.

A universidades federais começara, a sofrer então um período gradativo de sofrimento, que tomou maior intensidade a partir do ano de 2014.

Já em 2015, o Ministério da Educação perdeu R$ 10,5 bilhões, o que representava 10% do orçamento. Cortes em programas, pagamentos atrasados e trocas de ministros marcaram aquele ano da pasta.

Pacotes de obras
No dia 28 de fevereiro de 2013, a Universidade Federal de Lavras recebeu três secretários de Estado, dois secretários-adjuntos, deputados estaduais e federais, prefeitos da região e representantes de instituições públicas e privadas, para o seminário “Gestão do Desenvolvimento Local e Possibilidades de Parcerias entre a UFLA e as Prefeituras Municipais, para Captação de Recursos Públicos”.

O evento foi marcado pela assinatura de obras estruturantes no valor de 65 milhões de reais, todas para início imediato, entre elas o Parque Científico e Tecnológico de Lavras (Lavrastec).

Centro de eventos projetado
Um salão com capacidade para mais de 3.000 mil pessoas, pavilhão de aulas com 10 salas, tudo em uma área total de 8.600m2. Com um projeto ousado, a UFLA lançou no dia do seminário o projeto do Centro de Eventos. Orçado em R$13.537.794,68 e contando com recursos do MEC, a obra tinha conclusão prevista para dezembro de 2014.

Previsão inicial
Está previsão logo teve que ser revista. Com obras iniciadas em 17 de junho de 2013, o prazo de término passou a ser 8 de abril de 2014.

Segundo prazo de entrega previsto - clique na imagem para ampliar
Hoje, a realidade está bem distante desta previsão. Passados já mais de 1 ano e cinco meses deste segundo prazo previsto para conclusão, a construção do Centro de Eventos da Universidade Federal de Lavras, localizado na avenida Sul do campus, caminha a passos lentos.

Situação da obra do Centro de Eventos no dia 29 de outubro do ano passado
A cobertura, contando com oito módulos de 28 toneladas, 55 metros de cumprimento, 3,5 metros de altura e 10,3 metros de altura, só foi içada no dia 29 de outubro de 2015. Nesta data, conforme publicação no site oficial da universidade, a obra passou a ter previsão de entrega para abril deste ano. Outra previsão não confirmada.

Situação da obra do Centro de Eventos em imagens registradas na última sexta-feira
Uma espécie de 'rodízio' de recursos e obras está sendo feita para tocar os empreendimentos no campus. Em uma das empreiteiras que possui várias obras no campus, por exemplo, a medida que a empresa recebe os pagamentos ela realiza um 'revezamento' da atuação dos trabalhadores nas obras.

Também existem obras na Universidade Federal de Lavras com apenas dois trabalhadores e algumas contando até com somente um funcionário para vigiar o local. E a situação tende a se agravar ainda mais. Nos próximos dias, uma empreiteira estuda dispensar cerca de 40 trabalhadores.

Obra no Departamento de Veterinária já está com mais de 2 meses de atraso na entrega
De outro lado do campus universitário, outras obras seguem em ritmo lento. É o caso da reforma do Setor de Fisiologia e Farmacologia do Departamento de Medicina Veterinária (DMV). Também contando com recursos do MEC e orçada em R$775.683,24, teve início em 18 de fevereiro deste ano, com prazo de término para 18 de julho de 2016.


Já a construção do Pavilhão de Aulas dos departamentos de Veterinária e Zootecnia (DZO), orçada em R$2.821.987,92, iniciada em 9 de fevereiro de 2015 era para ser entrega no dia 8 de agosto deste ano.

Obras paradas no campus da UFLA
Além das construções com entrega em atraso, no campus da UFLA existem obras que estão totalmente paralisadas, algumas em virtude da falência das empreiteiras que ganharam o processo licitatório.

Bloco III do Alojamento Estudantil totalmente paralisado

Um das polêmicas obras totalmente paralisadas é a do Bloco III, do alojamento estudantil (Brejão), uma vez que a empreiteira decretou falência, os recursos da obra foram bloqueados e a universidade luta na justiça para resolver a pendência e realizar um novo processo licitatório.

Em um momento em que a instituição vive o aumento no número de estudantes em situação de vulnerabilidade social, em virtude da política de cotas implementada pelo governo federal, a procura por moradia aumenta a cada novo semestre.

Outro lado
A reportagem do Blog O Corvo-Veloz entrou em contato a assessoria de comunicação da universidade para saber o posicionamento da instituição diante das obras paralisadas, atrasadas e seus impactos na estrutura de seus cursos e reflexos na comunidade acadêmica, mas a UFLA não se manifestou.

Leia também: Já em sua quarta turma, curso de medicina da UFLA segue sem infraestrutura própria

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