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A CONTRIBUIÇÃO DO IF PARA A PROTEÇÃO DA SERRA DE TRÊS PONTAS, EM MINAS GERAIS

130 anos de história possibilitam ao Instituto Florestal, por meio de seu corpo técnico experiente e qualificado, possa conservar a natureza e subsidiar a pesquisa além das fronteiras geográficas de São Paulo

O que o Instituto Florestal (IF) do Estado de São Paulo, músicos do Clube da Esquina e o primeiro afrodescendente beatificado no Brasil têm em comum? Todos já fazem parte da rica história da cidade mineira de Três Pontas, cantada por Milton Nascimento. Quem conta essa história é o pesquisador científico aposentado do IF, Francisco Corrêa Serio, que coordenou a publicação “Proteção da Serra de Três Pontas”, da Prefeitura Municipal de Três Pontas.

Natural de Três Pontas, “Chico Serio” foi o primeiro engenheiro florestal da cidade. Juntamente com sua esposa Regina Maria Lopes, assessora executiva do Instituto Florestal, órgão ligado a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo, compôs os autores com membros da comunidade local para realizar estudos para contextualizar os componentes ambientais, históricos e culturais da região e definir os parâmetros mais significativos para a proteção da área.

A publicação começou a ser desenvolvida em 2009. À época, Chico evidenciou necessidade da participação de especialistas em mapeamento de vegetação. Para isso, foi solicitada ajuda às pesquisadoras Isabel Fernandes de Aguiar Mattos e Marina Mitsue Kanashiro, também do IF.

“O livro fornece ampla informação territorial ambiental. Para atingir toda a comunidade, disponibiliza dados e métodos para subsidiar o desenvolvimento de pesquisa acadêmica do município (as primeiras Faculdades em Três Pontas foram instaladas recentemente) e propõe alternativas eficazes para proteção e gestão da área pelo poder público”, relata Serio.

O pesquisador conta que a primeira fase do projeto de proteção da Serra de Três Pontas já está concluída. Em 2014, a Lei Municipal Nº 3.506 criou a Área de Proteção Ambiental da Serra de Três Pontas, segundo resultados preliminares e propostas dos autores. Os próximos passos visam à criação do Parque Municipal da Serra de Três Pontas (que aumentará o nível de proteção). A terceira fase prevê a ampliação desse Parque, onde com a proposição de áreas do entorno que, possuem condições de altitude e formação geológica para a reconstituição dos campos rupestres.

A importância da Serra
A Serra de Três Pontas é um marco geológico, geográfico, histórico e cultural, localizado inteiramente no município. Encontra-se no domínio da Mata Atlântica. Aparentemente isolada, é considerada um prolongamento da Serra da Bocaina, localizada na região do Município de Lavras (MG) a aproximadamente 38 km de distância. Ambas são ligadas aos contrafortes da Serra da Mantiqueira.

Sua importância hídrica que o nível regional. A Serra de Três Pontas abriga 34 nascentes, que abastecem os rios Marimbondo, Verde e Rio do Cervo, todos tributários do Rio Grande, um dos formadores da bacia do Rio Paraná.

A Serra constitui ainda um banco genético tropical onde sobrevivem diversas espécies, muitas ameaçadas de extinção. Há ocorrência de Velosiáceas, que são os vegetais que mais caracterizam a formação botânica “Campos Rupestres”. Elas ocorrem especialmente nos lugares mais secos da serra ou em morros altos. O estado de Minas Gerais é o centro vegetativo mundial, desta pequena e interessante família, chamada por Martius de “lírios dos montes”. Essas plantas cobrem-se, na época própria, de flores vistosas, azuis ou arroxeadas, vermelhas, amarelas ou brancas, que tornam o campo um verdadeiro e deslumbrante jardim. As velósias e os campos rupestres onde elas ocorrem constituem relictos (que já foram abundantes) de um curioso e antigo momento da história do planeta: a separação do continente Pangeia (separação entre Brasil e África), que começou mais ou menos abruptamente há 160 milhões de anos.

“As velósias são muito resistentes às pragas, talvez por causa da resina oleosa que produzem, contendo substâncias para formulação de novos antibióticos de uso humano, podendo apresentar propriedade medicinais viricidas. Não obstante, as existentes na Serra de Três Pontas são desconhecidas da ciência, podendo inclusive apresentar espécies novas” informa Serio.

Os estudos realizados apontaram que as áreas ocupadas por elas na Serra de Três Pontas totalizam apenas 33 hectares, o que justifica a criação de uma unidade de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.

Cultura e fé
Chico Serio conta que Três Pontas é a capital da fé. Foi lá que o Beato Padre Victor, primeiro afrodescendente beatificado no país, realizou toda a sua obra social. A cidade também revelou talentos da música como Milton Nascimento e Wagner Tiso, que viriam a formar o Clube da Esquina, um dos movimentos musicais mais emblemáticos da música popular brasileira. “As raízes musicais da cidade a caracterizam também como capital da música. Agora queremos consolidá-la como capital da ecologia”, conclui o pesquisador.
da assessoria do Instituto Florestal

Clique aqui para ler a publicação.

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