Pular para o conteúdo principal

MINISTÉRIO VAI AVALIAR A INCLUSÃO NO SUS DE TÉCNICAS QUE CORRIJAM A SÍNDROME DE IRLEN

As comissões de Seguridade Social; e de Educação, da Câmara dos Deputados, debateram o diagnóstico e tratamento da síndrome de Irlen, transtorno visual relacionado com alterações na percepção luminosa pelo cérebro

O Ministério da Saúde vai estudar a incorporação, no Sistema Único de Saúde (SUS), de metodologias que corrijam a síndrome de Irlen. Trata-se de um transtorno visual relacionado com alterações na percepção luminosa pelo cérebro.

A pessoa afetada tem dificuldade extrema na leitura: no cérebro dela, as letras se embaralham, vibram, é criado um espaçamento entre as palavras. Consequentemente, padecem de cansaço visual, dor nos olhos e de cabeça e não conseguem ler, sendo muitas vezes analfabetas.

O assunto foi discutido no último dia 13, em audiência conjunta das comissões de Seguridade Social e Família; e de Educação. Deputados presentes se comprometeram a dar continuidade ao assunto, principalmente os que sugeriram o debate, Geovânia de Sá (PSDB-SC), Marcus Pestana (PSDB-MG) e Pedro Cunha Lima (PSDB-PB).

Filtros
Em sua forma mais simplificada, o tratamento consistiria no uso de uma folha colorida de acetato, chamada overlay, sobre o texto a ser lido. A folha, que custa em média R$ 40, funciona como um filtro e a pessoa com a síndrome lê normalmente.

Uma solução mais prática seria a incorporação desses filtros em óculos, mais aí o custo de uma lente gira em torno de R$ 500.

Custo barateado
O tratamento foi fortemente defendido por oftalmologistas que estudam o assunto na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Fundação Hospital de Olhos.

O presidente da fundação, Ricardo Guimarães, explicou que, em uma abordagem de saúde pública, o overlay é suficiente na maioria dos casos e pode ser barateado se utilizado em larga escala.

“Em uma escala maior, você tem produção nacional, começa a ter laboratórios locais, aí o custo baixa”, disse, lembrando que hoje esse material costuma ser importado.

A oftalmologista Márcia Guimarães destacou que o efeito da intervenção por filtro é imediato. “A criança muda, se torna mais tranquila, interessada e caprichosa”, observou.

Evidência científica
Desde que haja evidência científica de que o tratamento funciona, o Ministério da Saúde poderá adotá-lo independentemente dos custos. “O custo em si não interessa, mas a efetividade. Se trouxer benefício à população, com certeza será incorporado às novas tecnologias do SUS”, informou o diretor de Atenção Especializada do Ministério, Fernando Machado.

Na audiência, ele anunciou a criação em breve de um grupo técnico formado por especialistas, entre eles neurologistas e oftalmologistas, para analisar o caso e emitir parecer.

Conselho federal
Também o Conselho Federal de Medicina (CFM) vai examinar o assunto, como órgão que referenda procedimentos médicos. Em 2014, o conselho já havia emitido um parecer contrário às lentes, por não haver então aprovação científica para elas.

Mas esse posicionamento pode ser revisto, segundo o conselheiro José Fernando Vinagre. “Vamos precisar abrir essa discussão junto ao CFM, para que as pessoas desta mesa, responsáveis por tudo o que está sendo trazido, discutam o assunto. Isso vai trazer benefícios extremos à população brasileira, que é negligenciada”, disse.

Diagnóstico
Estima-se que entre 4% e 15% das crianças em idade escolar apresentam algum distúrbio de aprendizagem relacionado à visão. A síndrome de Irlen especificamente ainda é de difícil de diagnóstico, por envolver questões neurológicas e não apenas de acuidade visual. Muitas vezes, não é o oftalmologista que vai identificar o distúrbio, mas um psicólogo, um pedagogo ou mesmo um professor.

A Fundação Hospital de Olhos capacitou mais de cinco mil pessoas para trabalhar nessa identificação em todo o País. As consequências de um não tratamento, segundo a psicóloga da UFMG Ângela Pinheiro são evasão escolar, baixa autoestima e transtornos psíquicos.

Petição
A reunião contou com a presença de pais de crianças com a síndrome de Irlen. Eles entregaram aos parlamentares uma petição pedindo o debate do assunto e avanços no tratamento.

Representante de grupo que pede apoio ao tratamento da síndrome, Kaline Donato entrega aos tucanos petição pública com mais de 5 mil assinaturas.
O deputado Pedro Cunha Lima disse esperar desdobramentos da discussão. “Aqui a gente não está falando de custo, é investimento”, declarou.

Geovania de Sá, por sua vez, se disse angustiada pelas famílias que não têm acesso à informação sobre a síndrome. “Sei das dificuldades, mas não podemos fechar os olhos. Que a gente possa dar continuidade e alinhavar essas políticas públicas”, afirmou.

reportagem Noéli Nobre
edição Newton Araújo
da Agência Câmara Notícias

Comentários

CURTIDO E AMPLAMENTE COMPARTILHADO!!! ☺ Mais uma vez, venho elogia-lo, Sebastião! Um monte de pacientes, (crianças, adolescentes e adultos) com certeza terão uma qualidade de vida imensamente maior, com a aprovação desta medida e criação de políticas públicas para atender tais pessoas!!!
Anônimo disse…
Muito bom tem mais eh q divulgar msm. Pouca gente conhece essa sindrome e so qm tem caso na familia sabe a luta q eh. Isso fora as enormes despesas com viagem e estadia, visto q o protocolo de consultas e exames leva 2-3 dias pra ser feito, e so tem um hospital de referencia no brasil inteiro q faz o teste, por ser tudo ainda mto novo sobre esse assunto... qm tm mais de um caso na familia passa mais aperto financeiro ainda. Ainda bm q o tratamento da resultado (ta cheio de video na internet mostrando maes q viram melhora nos filhos) , pena q o custo eh elevado pra maior parte dos pacientes e suas familias. Tomara q o sus libere
Ana Paula disse…
Parabens pela reportagem!! Temos que divulgar e compartilhar, para que todos tenham conhecimento. As crianças, adolescentes e adultos com síndrome de Irlen, terão um qualidade vida melhor com acesso do tratamento coberto pelo SUS. As pessoas devem conhecer essa síndrome e estudos empíricos, bem como os tratamentos que tem ajudado a vida de várias pessoas em sua maioria crianças.

Postagens mais visitadas deste blog

VIGILÂNCIA SANITÁRIA INTENSIFICA FISCALIZAÇÕES PARA PREVENIR O COMÉRCIO DE BEBIDAS IRREGULARES

A Vigilância Sanitária de Varginha está realizando uma ação intensiva de fiscalização em distribuidoras e mercados da cidade para prevenir a comercialização de bebidas adulteradas e irregulares. Até o momento, foram apreendidas bebidas com prazo de validade vencido e sem procedência, mas nenhum caso de bebida falsificada ou adulterada foi identificado no município. Cinco equipes da VISA estão vistoriando 40 estabelecimentos, com foco em bebidas destiladas como cachaças, vodcas, whiskies e gins. A ação faz parte do trabalho preventivo da Secretaria Municipal de Saúde para proteger o consumidor e garantir produtos seguros. Dica importante: Antes de comprar, verifique o lacre e o rótulo, desconfie de preços muito baixos e, em caso de dúvida, entre em contato com o fabricante pelo SAC informado na embalagem. 📞 Denuncie bebidas suspeitas! Vigilância Sanitária de Varginha Telefone: (35) 3690-2204 Site: visavarginha.com.br/index.php/denuncias/

BOLSONARO CONDENADO

Nesta quinta-feira (11), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, condenar os oito réus do Núcleo 1 da ação penal 2668, a trama golpista. A AP 2668 tem como réus os oito integrantes do Núcleo 1 da tentativa de golpe, ou “Núcleo Crucial”, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR): o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF; o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (réu-colaborador); o ex-presidente da República Jair Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. A acusação envolveu os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de E...

DECOLONIZAR A FILOSOFIA

Sinopse: "Política de Descontinuidade: Ética e Subversão" é uma obra provocativa que mergulha nas complexidades éticas e políticas da sociedade contemporânea. Escrito com clareza e profundidade, o livro lança luz sobre as dinâmicas de poder que moldam nossas interações diárias, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento e à marginalização dos corpos designados como dissidentes. Com o Prefácio de Adilson Moreira, a obra Políticas de descontinuidade: ética e subversão tem como propósito compreender a dinâmica das estruturas discriminatórias e seu apreço péla retroalimentação do poder. Deste modo, propor, por meio de uma ética da diferença, da solidariedade e antidiscriminatória, a corrosão desses sistemas de precarização e aniquilamento. O autor, Thiago Teixeira, explora como conceitos como racismo e ciseterobrutalidade reforçam uma hierarquia injusta entre os indivíduos, perpetuando fronteiras entre vida e morte e reforçando normas sociais que marginalizam e oprimem. ...