Intech Brasil tem foco na produção de ração animal, mas não descarta criar produtos para humanos
Os insetos são utilizados na produção de farinha para nutrição animal
O Tenébrio Molitor, também conhecido como bicho-da-farinha, é um besouro inofensivo que na fase adulta chega a, no máximo, 2,5cm. Sua fêmea é capaz de botar de 500 a 1.000 ovos em cada desova e por isso esse é o principal inseto utilizado pela Intech Brasil.
A startup atua no segmento de nutrição animal e é pioneira no país no setor de produção de farinha de insetos para a alimentação de animais de estimação e criação.
Sua grande aposta como diferencial está nas vantagens da utilização de insetos para a produção de ração animal. A quantidade de insetos produzida por metro quadrado é significativamente maior se comparada à criação de aves ou suínos, por exemplo.
“A criação de insetos é totalmente sustentável. Além de precisar de menos espaço, não há a utilização direta de água na criação e os insetos emitem uma quantidade muito menor de gases potencializadores do efeito estufa”, explica o biotecnologista e cofundador da startup, Maurício Medeiros.
A qualidade do produto é garantida por seus criadores. Os insetos são ricos em proteínas e lipídios e têm sabor neutro, sem apresentar rejeição por parte dos animais.
“No caso do mercado de aves e peixes ornamentais a aceitabilidade é enorme pelo fato de na natureza já consumirem insetos”, argumenta.
Alimentação humana
Alguns países, como Tailândia e China por exemplo, já são conhecidos pela utilização de insetos na alimentação humana.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), até 2050, o planeta será habitado por mais de 9 bilhões de pessoas e o futuro da alimentação é uma preocupação real.
“Vender produtos à base de insetos para humanos é uma possibilidade que a gente não descarta. A previsão é que a quantidade de humanos e pets cresça muito nos próximos anos. Então ele precisará se preocupar com a alimentação do bicho de estimação e a sua alimentação”, explica Medeiros.
Para se consolidar no mercado, a Intech Brasil terá que superar alguns desafios. Além da resistência cultural em relação à utilização de insetos na alimentação, a ausência de legislação sobre o tema pode ser uma barreira para a startup. Mas os sócios acreditam que essa regulamentação ocorra nos próximos anos.
Integrada ao Centro de Incubação de Atividades Empreendedoras (CIAEM), a Intech Brasil ainda não comercializa seus produtos, mas já está em fase de criação e reprodução de insetos e pretende entrar no mercado em 2018.
“A criação de insetos no mundo já existe há muito tempo, mas a criação em grande escala ainda é algo inovador”, conclui.
por Pedro Matos - do SIMI
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