sexta-feira, 1 de março de 2019

PRISCILA AMONI INAUGURA TRABALHO GIGANTE NA CIDADE DE BELO HORIZONTE


No dia 25 de fevereiro, quando o rompimento da barragem de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), completou 1 mês, a muralista belorizontina inaugurou uma pintura enorme em um paredão embaixo da linha férrea da Vale. 

O trabalho foi feito para o edital da prefeitura, o Projeto Gentileza 2018/19 e conta com 25 metros de comprimento e 7 metros de altura. Foram gastos 15 dias de pintura.



A artista tinha um projeto pronto, quando chegou em visita técnica ao muro e viu o trem da Vale carregado de minério passando na mesma hora. 

O crime ambiental tinha ocorrido há poucos dias, ela então decidiu mudar todo seu projeto e falar dessa temática tão grave que afeta todos os mineiros. O trabalho mostra duas mulheres caminhando dentro de um rio de lama, protegidas por folhas gigantes. De dentro do lamaçal, nasce um botão de uma flor de lótus, que dá origem ao título da pintura: “Lótus – Renascer da Lama”.

Lótus é a flor conhecida por nascer da lama, e ter uma beleza exuberante. Sua sementes são longevas, podendo brotar após 13 séculos. Sua simbologia é uma de suas virtudes mais apreciadas: é associada à pureza espiritual e ao renascimento. Uma das flores mais belas, nasce em meio à lama, inspirando um caminho de purificação e de transcendência em relação a tudo que é considerado impuro no mundo.

“No budismo, Buda é simbolizado em estátuas sobre uma flor de lótus, remetendo justamente a essa ideia da transcendência do mundo comum (representado pela lama, pelo lodo), ou seja, a iluminação perante a confusão mental (dualidade da mente).

"Flor de lótus" também é o nome de uma postura de meditação onde o praticante se senta com as pernas cruzadas e as plantas dos pés voltadas para cima. “ (fonte: A Lótus Sagrada)

Declarou a artista em suas redes sociais: “uma reza por todos que têm seus afectos contaminados nesse Estado nosso... invadiram nossa memória, nossas infâncias nas represas, nos rios, cachoeiras... alguns irmãos se foram, rezaremos por eles também. rezaremos por nós que ficamos, em meio a essa lama toda, e nos lembraremos sempre: assim como respirar está para existir conspirar está para resistir. renascemos!”


Sobre Priscila Amoni 
Conhecida na cidade e na cena da street art do Brasil por sua pintura em grandes escalas, Priscila Amoni mostra em seu trabalho a sua relação com o poder feminino e das plantas, o estudo de sua força e seu sentido de cura, sempre privilegiando a perspectiva do conhecimento popular, principalmente as de cultura oral.

Começa a pintar telas em 2008, mas é em 2013 quando seu trabalho ganha um novo sentido, ocupando os espaços públicos e ganhando os grandes formatos. Idealizadora e curadora do CURA- Circuito Urbano de Artes, um dos maiores festivais de arte urbana do Brasil. 

Em sua primeira edição, pintou o mais alto mural da América Latina feito por uma mulher de 2017, com 49 metros de altura. A artista tem murais em cidades do Brasil e do mundo, como Paris, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. 

Em 2017 pintou a fachada de um castelo, em Marcoux, na França. Em 2018 pintou a fachada de dois prédios: um em Juiz de Fora e um em Paris. Viveu em Lisboa durante 3 anos, onde, além do seu mestrado, participou em três exposições coletivas, uma delas na Galeria Arte Periférica, localizada no Centro Cultural de Belém. Na França fez uma residência artística de um mês no Chateau de Goutelas em 2017. 

No Brasil também participou de exposições coletivas, como "Vermelho é a cor da esperança", no Espaço 104, Belo Horizonte e “Panaceia”, na Casa Camelo. Seus trabalhos são comumente utilizados para projetos gráficos, como  por exemplo a capa dos discos “Camaleão Borboleta”, da banda Graveola e o Lixo Polifônico,  “Enero”, do Confeitaria, e “Mana”, de Luiz Gabriel Lopes. 

Em trabalhos comerciais seu trabalho também começa a aparecer em estabelecimentos consagrados da cidade, como a fachada do Bistrô Birosca, o paredão interno do restaurante Magnolia, a frente do Espaço Cultural Lona.

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