2020 é ano de eleições municipais. Os eleitores de Lavras, no Sul de Minas, irão às urnas escolher os 17 vereadores, prefeito e vice-prefeito. Embora já haja algumas movimentações nos bastidores da política local, o cenário para 2020 é de total incerteza.
Em um momento onde o País ainda segue com uma grave crise econômica, com Estados e municípios atolados em dívidas e seus gestores fazendo malabarismos para manter a governabilidade, qualquer previsão é precipitada.
Nos últimos meses economistas e agências tem revisado constantemente a meta do Produto Interno Brasileiro (PIB), além de constantes medidas de contingenciamento de recursos encabeçadas pelo Palácio do Planalto, o que mantém um cenário econômico pessimista e desafiador, gerando um efeito cascata nas administrações Brasil afora.
É certo que, persistindo essa situação nacional por muito tempo, concorrer ao cargo de chefe do Executivo municipal deverá ser uma iniciativa pela qual muitos pretendentes deverão pensar bastante antes de colocar seu bloco na rua. Soma-se, a isso, um desgaste generalizado da classe política no Brasil e o financiamento de campanha cada dia mais apertado.
Nos últimos anos, é sabido que o município de Lavras perdeu enorme protagonismo político e força a nível regional e estadual. Após anos de jejum em suas forças políticas, a cidade viu novamente um filho da terra ser eleito deputado estadual, consequentemente reeleito e posteriormente uma filha da terra ser eleita deputada federal. Mas, nas eleições do ano passado, tudo isso se dissipou, com a cidade ficando sem representante na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
Somando-se a está situação, o município também vem perdendo seu protagonismo econômico, com a indústria metalúrgica em fase gradativa de extinção, tendo perdido empresas como a Metalúrgica Mardel, TRW Automotive e, consequentemente, nos últimos tempos, uma diminuição da capacidade industrial da Magneti Marelli-Cofap, símbolo de uma época pujante de industrialização da cidade. O setor de serviços, tradicional na cidade, também vem patinando, empurrando cada dia mais o lavrense para a informalidade e o desemprego. Além disso, vê-se o desmantelamento de órgãos públicos estaduais e federais importantes para a cidade. Lavras passando a ser a "cidade do já teve!"
Enquanto isso, a atual administração, encabeçada pelo prefeito José Cherem, irmão de ex-prefeito e de ex-deputado estadual, que saiu do anonimato para alcançar uma votação recorde nas urnas de 2016, segue patinando em meio a crise econômica e padecendo, parece, também de uma crise existencial.
Sem ter conseguido firmar uma marca de gestão, a administração não consegue dialogar com a sociedade, se divulgar e aos olhos da população local, permanece anestesiada e sem rumo. O próprio prefeito dá a entender que nem conhece direito quem são seus adversários ou inimigos. Também, do jeito que a coisa anda na gestão, nem precisa muito de inimigo.
Gozando, ainda, de uma base no Legislativo, o prefeito consegue passar adiante seus projetos burocráticos, em meio a uma oposição que exibe momentos entre uma postura combatente e ocasiões em que exibe pouca força diante da estrutura governamental.
E parece ser no Legislativo que o clima político começou a esquentar. Nos últimos tempos, a Câmara Municipal tem aparecido bastante no noticiário local e regional, sempre em situações negativas ou vexatórias. Dali, pode-se iniciar, talvez, o esfacelamento da atual estrutura política de poder no município. Em meio a revoadas de denúncias entre colegas, um parlamentar com bastante experiência de mandatos já teria dito a pessoas próximas que cogita não mais concorrer ao pleito de 2020.
Já têm sido consenso nos bastidores que o Legislativo local está num processo gradativo de desgaste perante a opinião pública e o eleitorado e isso, certamente, irá respingar nos planos de muitos parlamentares. Muito graças ao engajamento nas redes sociais.
Embora tenham sido fundamentais nas eleições de 2018, as redes sociais até 2020 já terem passado por profundas transformações, algumas delas já estão ocorrendo ou sendo planejadas, o que, pode pegar desprevenido quem muito aposta neste nicho para levar adiante suas estratégias.
É possível que o cenário de nomes informalmente levantados para o Executivo municipal. até agora, pode ser abalado por um nome realmente novo, ou não. Certo é que, ao contrário dos eternos embates e denúncias que marcam as campanhas municipais, o lavrense certamente irá buscar quem levante novamente a combalida autoestima de uma cidade que já foi, já teve, momentos promissores.
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