terça-feira, 14 de abril de 2020

PROFESSORES DA UFLA DESENVOLVEM DISPOSITIVO CAPAZ DE AUTOMATIZAR EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MANUAL


A Universidade Federal de Lavras (UFLA) permanece trabalhando em ações que possam contribuir, de forma significativa, com o enfrentamento da pandemia da Covid-19. 

Buscando meios de auxiliar os profissionais de saúde que atuam com pacientes contaminados e que necessitam do auxílio do respirador, professores dos departamentos de Engenharia (DEG) e de Automação (DAT), e de Ciências da Saúde (DSA), desenvolveram em laboratório, a partir de projeto multidisciplinar, um dispositivo que atua como respirador mecânico automatizado e promove a ventilação artificial, podendo ser utilizado nos postos avançados de saúde – Hospitais de Campanha – onde geralmente não há toda a infraestrutura necessária.

A professora do curso de Engenharia Mecânica e coordenadora do projeto, Joelma Rezende Durão Pereira, explica que o protótipo é um dispositivo projetado no software TopSolid, cuja licença foi fornecida pela empresa Missler do Brasil, em parceria com a Automatron, que cedeu o atuador e as válvulas. 

“O processo mais rápido seria usinar, mas estamos aplicando nova tecnologia. A partir da concepção o dispositivo foi produzido em impressora 3D sob o conceito de manufatura enxuta, ou seja, para montar não é necessário nenhum tipo de ferramenta, apenas encaixe no padrão lego”, disse.

O Ambu se enquadra em um equipamento de suporte ventilatório transitório até o acoplamento de um ventilador (respirador mecânico). Esse tipo de instrumento ainda é muito utilizado e depende da compressão manual realizada pelos profissionais de saúde, mas se for utilizado por um tempo prolongado, o equipamento perde a qualidade da ventilação e pode levar a uma fadiga muscular de quem o opera. 

“Uma vantagem do dispositivo desenvolvido é a padronização da frequência ventilatória e o mesmo volume de oxigênio que é ofertado ao paciente. Outro aspecto importante é a disponibilidade do profissional da saúde, que poderá atender a outras demandas. Este tipo de equipamento não tem a intenção de substituir um respirador, mas ofertar um suporte ventilatório automatizado transitório, que em casos extremos, em transporte de pacientes ou situações de campanha, pode ser de grande valia” informa professor do DSA Ernesto Lippi.

O processo de desenvolvimento do mecanismo de acionamento do equipamento de suporte ventilatório passou por estudo de viabilidade técnica e econômica e, depois de concluído, chegou-se a solução proposta, que versou pela simplicidade e baixo custo.

Os pulsos do respirador mecânico serão controlados por um temporizador, que estabelece ritmo de 14 a 20 vezes por minuto, dependendo da necessidade do paciente. Os médicos poderão acompanhar o bom funcionamento do equipamento através do sinalizador de cores. 

“A luz verde indica que o sistema está funcionando em perfeitas condições e que o paciente está recebendo de forma correta a oxigenação; amarelo mostra que o equipamento está energizado, mas parado por decisão do profissional de saúde, que estará operando, e o vermelho será acionado caso o sistema indique alguma falha. Esse tipo de sinalização vai auxiliar de forma visual e ampla o acompanhamento do paciente por médicos e enfermeiros”, explicou o professor de Engenharia de Controle e Automação Fábio Domingues.

De acordo com o professor Sandro Pereira da Silva, do Departamento de Engenharia, o projeto está em fase final de validação, com um custo total que gira em torno de R$2.000,00 por equipamento, ainda podendo ser reduzido quando produzido em larga escala. 

“Assim que concluirmos e passarmos pelo Comitê de Ética, será possível propor parcerias com a Prefeitura Municipal, com empresas que queiram produzir o sistema em maior quantidade e demais instituições que se interessem, como por exemplo, os hospitais de Lavras e região”.

A equipe envolvida no projeto é composta pelos pesquisadores: Joelma Rezende Durão Pereira (coordenadora do projeto); pelos professores do DEG Henrique Leandro Silveira, Sandro Pereira da Silva e Fábio Domingues; pelo professor do DSA Ernesto Lippi e pelo técnico de controle e automação Alexandre Luiz da Silva.

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