Foto 1. Pithecopus ayeaye registrada em 28/01/2020 no Morro do Ferro, Poços de Caldas. Fonte: Ederson Godoy
A professora e pesquisadora do IFSULDEMINAS, Campus Poços de Caldas, Mireile Reis dos Santos, e os alunos de iniciação científica, Daniel Silvares, Bárbara Marcondes, Ederson Godoy, José Eduardo Coutinho (Licenciatura em Ciências Biológicas) e Roosevelt Heldt Junior (Tecnologia e Gestão Ambiental), encontraram a perereca da folhagem ou perereca-macaco (Pithecopus ayeaye - LUTZ 1966), alvo do estudo de ecologia e conservação aprovado em 2019, financiado pela instituição britânica Rufford Foundation e IFSULDEMINAS, Campus Poços de Caldas.
O projeto intitulado “Ecologia e distribuição espacial da anurofauna do Morro do Ferro (Planalto de Poços de Caldas), com foco para Pithecopus ayeaye (ANURA, HYLIDAE)” contou com o suporte de laboratórios e equipamentos do Campus Poços de Caldas e o aporte financeiro de aproximadamente R$25.000,00 da Rufford Foundation, que foram gastos na compra de equipamentos e realização de trabalhos de campo.
Na primeira etapa (2019 – 2020), o projeto objetivou, principalmente, encontrar o sítio reprodutivo da espécie alvo, uma espécie de perereca com coloração verde vivo, tamanho reduzido e de ecologia desconhecida (Foto 1).
Esta espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção pela lista internacional de espécies ameaçadas, pois sua distribuição geográfica é relativamente restrita e seus locais de ocorrência sofrem impactos ambientais e estão se tornando cada vez mais reduzidos. Dessa forma, os trabalhos noturnos de campo para registro da anurofauna se iniciaram em setembro de 2019 e se estenderam até abril/maio de 2020.
Após percorrer uma área de aproximadamente 500.000 m2, em quase 40 dias de amostragem, a equipe do projeto, enfim, encontrou a espécie, já no final da estação reprodutiva, em janeiro de 2020. A discente Bárbara Marcondes, que esteve presente em quase todas as campanhas de campo, disse ter se sentido eufórica e muito emocionada ao registrar a espécie tão esperada.
Segundo ela, “a sensação foi única. Sabe quando uma criança ganha um presente? Seus olhos brilham e o coração se enche. Foi assim que me senti!”.
De acordo com Daniel Silvares e José Eduardo Coutinho, “achamos maravilhoso encontrar a espécie, pois já estávamos há algum tempo fazendo o levantamento e registrando várias espécies. Mas, quando encontramos a Pithecopus ayeaye, tivemos a sensação de dever cumprido”. Para o aluno e fotógrafo da equipe, Ederson Godoy, “embora eu tenha a sensação de dever cumprido, fico preocupado por registrar a espécie em condição não ideal e ansioso para novos registros fotográficos da Pithecopus ayeaye”.
As buscas ativas ocorreram em trechos de riachos e ecossistemas próximos (poças temporárias, áreas abertas, bromélias e ocos de árvores). Apenas quatro adultos da espécie Pithecopus ayeaye foram registrados, sendo três machos e uma fêmea, além de girinos em algumas poças temporárias.
A área onde a espécie foi encontrada constitui um fragmento remanescente de Campos Naturais de Altitude, uma feição específica e nativa de Mata Atlântica, e representou apenas 3% da área total amostrada ao longo da campanha 2019-2020.
O discente Roosevelt, hoje já Gestor Ambiental graduado pelo Campus Poços de Caldas, acredita que “possam existir outros locais no Planalto de Poços de Caldas com potencial para a ocorrência da espécie, mesmo estas áreas estando sob desrespeito de normas de proteção ambiental”.
A equipe também registrou, durante os trabalhos de campo, a presença de gado pastando livremente e maquinário para cortes de eucaliptos nos arredores dos sítios reprodutivos da espécie.
“É muito triste percebermos que uma espécie tão vulnerável e tão linda esteja confinada em uma área tão reduzida e sob ameaças tão iminentes. Ficamos sem saber como agir para a sua proteção, já que a área é de domínio privado”, afirma Mireile Reis dos Santos.
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